Na manhã deste domingo, 19, ocorreu mais uma edição do Círio das Crianças. Uma missa campal foi celebrada pelo arcebispo de Belém, dom Júlio Akamine, na Praça Santuário, antes da procissão, que saiu por volta das 8h30 e percorreu um trajeto de 2,9 quilômetros pelas ruas do bairro de Nazaré. Apesar da previsão de 350 mil participantes, segundo a Diretoria da Festa, o percurso foi cumprido de forma tranquila.
Pelo caminho, o Diário ouviu histórias de fé de pais que colocaram seus filhos em intenção a Maria. “A minha filha nasceu com 36 semanas e, depois de um tempo, foi diagnosticada com paralisia cerebral. E só pelo fato de ela não precisar de cadeira de rodas e, a cada dia, melhorar mais com a fisioterapia, é um milagre de Nossa Senhora”, conta a pedagoga Inês Campos, 39, sobre a luta pela saúde da filha Cecília, de 4 anos. Elas estiveram na procissão ao lado de Daleon, pai da criança, e do irmão Vitor. “Quando a gente pensa que vai fraquejar em alguma situação da vida, Nossa Senhora nos ajuda a não desistir. Ela nos levanta”, acrescenta Inês.
O supervisor de vendas Fabrício Nascimento, 31, fez uma promessa a Nossa Senhora de Nazaré neste ano. A mulher dele, Denise, teve dificuldade para dar à luz e passou mais de oito horas em trabalho de parto. “Aquela dificuldade toda, desde as seis da manhã, quando foi 16h30, eu pedi a Nossa Senhora que a minha filha nascesse até às 17h. E aconteceu 16h45. Como agradecimento, eu fiz a promessa de trazer a minha filha no Círio já neste ano — e estamos aqui”, conta o pai, sobre o nascimento da pequena Clarisse, de 6 meses.
Vestida de anjinho, Marina, de 4 anos, já é veterana no Círio das Crianças. A mãe dela, Milena Costa, 29, diz que pretende passar adiante a tradição mariana herdada da família. “A minha mãe me trazia desse mesmo jeito. Eu venho mais para agradecer — pela minha família e pela nossa saúde”, diz.
Tradição e Promessas no Círio
Criado em 1990, o Círio das Crianças também reúne adultos que pagam promessas. A família de Naná Guimarães, 62, servidora pública, cumpre uma há 24 anos, desde que o irmão dela, Antônio, teve um aneurisma. “Ele se curou e a minha sobrinha Débora fez a promessa de distribuir hot dogs na procissão. A gente começou com 500 e hoje já são 2 mil hot dogs, além de 2 mil picolés e 5 mil geladinhos”, conta.
A família, porém, não pôde participar nos dois últimos anos, porque a filha de Antônio, Débora Soares, 40, descobriu um câncer entre o pulmão e o coração. “Os médicos disseram que só um milagre salvaria. E no último dia 6 ela recebeu alta médica, com a cura. Foram mais de 60 sessões de quimioterapia e um transplante. E neste ano, com a alta, nós voltamos à tradição”, completa Naná.
Emocionada, Débora agradeceu a Nossa Senhora. “É muita fé, muita emoção, muita gratidão. Gratidão a Deus, a Nossa Senhora de Nazaré, à minha família, aos meus amigos e à equipe médica, que sempre acreditou”.
Editado por Clayton Matos