Belém amanhece neste domingo (12) tomada pela emoção e pela fé de milhões de devotos que participam da maior procissão religiosa do mundo — o Círio de Nazaré, que chega à sua 233ª edição. A procissão, símbolo maior da devoção mariana no Pará, sai da Catedral Metropolitana em direção à Basílica Santuário de Nazaré, erguida no mesmo local onde a imagem da Virgem foi encontrada em 1700 pelo caboclo Plácido José de Souza.
O Círio de Nazaré continua a unir gerações em torno de um mesmo sentimento: a fé que move o Pará. Durante o segundo domingo de outubro, Belém se torna o altar da Amazônia, e, em cada canto da cidade, ecoa a frase que resume o espírito do povo paraense: “É Círio outra vez.”
O percurso de 3,6 quilômetros, entre o centro histórico e a Basílica, deve reunir mais de dois milhões de fiéis, superando o público de 2024. Durante cerca de seis horas de caminhada, a procissão atravessa pontos emblemáticos como o Ver-o-Peso, a Estação das Docas e a Praça da República, em um espetáculo de fé, tradição e emoção coletiva.
A celebração começa com missa campal às 6h, em frente à Catedral, presidida por Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo emérito de Belém. A saída da berlinda — decorada este ano pelo artista Vando Nascimento — está prevista para as 7h.
Origem e História do Círio de Nazaré
A história do Círio remonta ao achado da imagem de Nossa Senhora de Nazaré pelo caboclo Plácido, às margens de um igarapé, próximo a um taperebazeiro. Segundo a tradição, a imagem “voltava sozinha” ao local de origem cada vez que era levada para outro ponto, o que foi interpretado como sinal de que a santa desejava permanecer ali. No local foi erguida uma ermida, que deu origem à atual Basílica Santuário de Nazaré.
Desde a primeira procissão, em 1793, o Círio se consolidou como uma das maiores manifestações de fé do planeta, atraindo devotos de todo o Brasil e do exterior.
Símbolos, Tradições e Reconhecimento do Círio
Com o passar dos séculos, o Círio incorporou diversos elementos simbólicos. Entre eles, a Corda de 400 metros, dividida em estações e núcleos, a Berlinda e os 14 Carros de Promessas, que representam votos e agradecimentos.
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Em 2014, o Círio foi reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, reafirmando seu valor histórico, religioso e social.
Nos últimos anos, novas romarias ampliaram o calendário oficial — hoje com 14 procissões. Entre as mais recentes estão o Traslado dos Carros, oficializado em 2019, e a Romaria da Acessibilidade, criada em 2023. Em 2022, o evento ganhou o Carro da Saúde, em homenagem aos profissionais que atuaram na pandemia e ao padre Santo Antônio Maria Zaccaria, médico e religioso.
A Imagem Peregrina e o Impacto do Círio
A Nossa Senhora de Nazaré permanece o ano todo no Glória da Basílica. Já a Imagem Peregrina, confeccionada em 1969, é a que percorre as ruas nas romarias e visitas oficiais. Por lei estadual, ela possui status de Chefe de Estado, símbolo do respeito e da devoção do povo paraense.
Mais do que um ato de fé, o Círio representa a força cultural e econômica do Pará. Durante o período da festividade, Belém se transforma — ruas, praças e casas se enchem de flores, velas, fitas e cartazes, enquanto o comércio, o turismo e a hotelaria registram movimentação recorde.
“O Círio é o coração do povo paraense. É fé que se renova, é cultura viva que move toda a cidade”, afirmam os organizadores.
Organização e Patrocínio da Festa de Nazaré 2025
A Festa de Nazaré 2025 é uma realização conjunta da Arquidiocese de Belém, Basílica Santuário de Nazaré, Diretoria da Festa, Governo do Pará e Prefeitura de Belém.
O evento conta com patrocínio master do Ministério do Turismo, Banpará, Instituto Cultural Vale, Águas do Pará e Hydro. Entre os patrocinadores estão FIEPA, Sebrae, Equatorial Energia, Magazine Luiza, PagBank, Sudam, entre outros, além de 114 apoiadores que reforçam o caráter coletivo da celebração.
