FÉ PARTICULAR

Altares para Virgem Maria: Expressão da fé e devoção no Círio de Nazaré

Espaços montados com réplicas da imagem de Nossa Senhora se espalham pelas residências e ruas nesse período, mas alguns ficam o ano todo

Para além do período do Círio de Nazaré, alguns pontos da cidade guardam pequenos altares dedicados à Nossa Senhora de Nazaré. Normalmente, são iniciativas que partem da própria população e que mantém essa lembrança da devoção à Virgem de Nazaré durante o ano todo. Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.
Para além do período do Círio de Nazaré, alguns pontos da cidade guardam pequenos altares dedicados à Nossa Senhora de Nazaré. Normalmente, são iniciativas que partem da própria população e que mantém essa lembrança da devoção à Virgem de Nazaré durante o ano todo. Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.

Não é difícil perceber quando mais um Círio de Nossa Senhora de Nazaré se aproxima. Não apenas o clima na cidade se modifica, como também as casas e comércios se enfeitam com flores e réplicas da Berlinda que abriga a imagem peregrina durante a procissão. Mas em alguns pontos de Belém, a presença de réplicas da imagem e da Berlinda se fazem presente o ano todo. São manifestações de fé de devotos da Virgem de Nazaré.

No alto da estrutura montada no canteiro central da avenida Rômulo Maiorana, no bairro do Marco, a imagem de Nossa Senhora de Nazaré é o foco das atenções de muitos moradores do entorno, e até mesmo de visitantes que transitam pelo local. A presença constante da homenagem já faz parte do cenário há seis anos e começou com a iniciativa da família do metalúrgico Luiz Azevedo, 52 anos.

“Essa homenagem começou a partir de uma conversa da família próximo do Círio. Nós pensamos, ‘bora fazer uma silhueta da Santa para homenagear ela no Círio’ e a coisa foi tomando força, a comunidade abraçou e acabamos fazendo a Berlinda com a imagem”, recorda. “Isso foi há nove anos e a ideia no início era montar no período do Círio e depois recolher, mas as pessoas começaram a sentir falta da presença dela e ela já está fixa aí, o ano todo, há seis anos”.

Para quem convive diariamente com a homenagem, a presença da imagem remete à proteção esperada através da intercessão de Nossa Senhora. “É uma proteção. Todo dia que eu saio de casa para ir ao trabalho eu faço a minha oração, peço a benção dela e vou trabalhar tranquilo”.

FOTO: ANTONIO MELO – DIÁRIO DO PARÁ

Apesar da iniciativa ter partido da família de Luiz, a vizinhança abraçou a homenagem e atualmente todos se reúnem para ornamentar a Berlinda quando chega a época do Círio. O autônomo André de Oliveira tem um café ao lado da Berlinda instalada na avenida Rômulo Maiorana e conta que é comum ver pessoas que passam pelo local e fazem questão de parar para fazer uma oração. “As pessoas passam, fazem suas orações. Elas gostam muito quando a gente coloca as fitinhas do Círio e isso chama a atenção porque eu não tenho dúvidas que isso é abençoado”, considera. “É muito gratificante e eu fico muito feliz de trabalhar próximo dela. Quando veio a obra aqui na avenida, nós pedimos para que não retirassem ela e mantiveram. Ficou até mais bonito”.

Em outro ponto da cidade, na esquina da travessa Humaitá com a avenida Visconde de Inhaúma, no bairro da Pedreira, outra Berlinda com uma imagem de Nossa Senhora de Nazaré preenche o espaço. Instalada no alto de um poste, por vezes ela pode passar despercebida, mas entre os que frequentam a vizinhança, o trânsito pelo local quase sempre é acompanhado por um sinal da cruz em frente à singela homenagem.

Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.

Em outro bairro de Belém, na Cidade Velha, a presença da Imagem da Virgem de Nazaré muitas vezes é marcada nos tradicionais azulejos instalados nas fachadas das casas, permanecendo também por todo o ano. Um deles fica na casa do aposentado José Vasconcelos Paiva, 74 anos. Muito devoto de Nossa Senhora, ele atribui a conquista da própria casa a uma bênção concedida pela intercessão da padroeira dos paraenses.

“Eu fiz uma promessa para Nossa Senhora que se eu conseguisse comprar a minha casa, eu acompanharia o Círio todo ano com uma imagem de Nossa Senhora nas mãos e eu cumpro essa promessa até hoje, todos os anos”, recorda. “Eu sou devoto mesmo de Nossa Senhora, então, quando eu consegui a minha casa, eu coloquei o azulejo dela lá na frente e fiz um altarzinho pra ela que eu encontrei em uma demolição de uma casa aqui perto. Eu tenho a presença dela durante o ano todo, não só no Círio”.