MISSÃO CUMPRIDA

A história por trás dos romeiros que concluíram a longa caminhada de fé em Maria

Romeiros de vários municípios do interior do estado já chegaram à capital paraense para o Círio de Nazaré.

José Ribamar, que há 11 anos percorre a distância entre o município entre Castanhal e Belém na cadeira de rodas. Com saída na quarta (09), às 2h40 da madrugada, ele chegou à igreja na quinta (10), às 11h. Fotos: Irlaine Nóbrega/Diário do Pará
José Ribamar, que há 11 anos percorre a distância entre o município entre Castanhal e Belém na cadeira de rodas. Com saída na quarta (09), às 2h40 da madrugada, ele chegou à igreja na quinta (10), às 11h. Fotos: Irlaine Nóbrega/Diário do Pará

Romeiros de vários municípios do interior do estado já chegaram à capital paraense para o Círio de Nazaré. Em peregrinação, os devotos agradeceram pelas graças alcançadas e pediram pela intercessão de Nazinha, na manhã desta quinta (10), ao longo da BR-316. Na Basílica de Nazaré, destino final das caminhadas, os fiéis agradeceram por mais um ano de devoção à Nossa Senhora.

Às 16h30 de quarta (09), Claudia Amorim, 42, saiu de Castanhal, com um grupo de peregrinos, rumo à Basílica Santuário de Nazaré, em um percurso de 73 quilômetros. Ao longo do trajeto, que corta quatro municípios da região metropolitana, a devota caminha em oração e reflete sobre as graças alcançadas por mais um ano. Com os pensamentos voltados à Nossa Senhora, ela ainda pede pela saúde da família, costume que carrega pelo terceiro ano. 

“É a terceira caminhada que venho pedir e agradecer pela saúde da minha família. Todo ano que faço isso aqui, me sinto uma pessoa melhor, me coloca em contato e conexão com Nossa Senhora de Nazaré e eu sempre agradeço pela intercessão dEla. Eu vou durante todo o caminho rezando o terço e sinto muita felicidade, muito amor e muito agraciada pela benção da mãezinha. A gente não sente mais nada, só Ela com a gente”, relata a personal trainer. 

É o quinto ano que os moradores do Condomínio Villa Firenze caminham em direção à casa de Nossa Senhora. Com chegada prevista para 11h, o grupo de 35 pessoas caminhou desde às 6h15 rezando e cantando em louvor a Maria. Foi o segundo ano, Fátima Costa, 69, caminhou da Rodovia Mário Covas, em Ananindeua, até a Basílica de Nazaré. Para ela, a peregrinação simboliza o maior ato de fé e amor por Maria mesmo em meio às dificuldades do trajeto.

“É uma satisfação muito grande porque são muitas graças alcançadas. Eu estou com uma contusão, mas estou aqui pela minha fé, que é muito grande por Nossa Senhora. Eu vou agradecendo porque eu já pedi por proteção, livramentos, graças durante o ano. Nesse momento, eu me sinto muito abençoada por ser filha de Maria”, afirma a aposentada. 

É a segunda vez de Marzi Borges, de 56 anos, como peregrina de Ananindeua. A caminhada do município vizinho é mais uma das formas de devoção da dona de casa, que também participa da motorromaria, no sábado de manhã (12). Por isso, com tantos agradecimentos, ela caminhou por mais de 18,5 quilômetros, o que considera um momento de conexão com a  Virgem de Nazaré. 

“Essa caminhada é uma conexão com Maria, é uma sensação maravilhosa. No caminho a gente vai conversando com as pessoas, contando sobre as nossas aflições e parece que aquele sentimento vai embora com a graça dEla. Esse ano eu vim agradecer por uma graça que ainda não chegou no objetivo final, mas está se encaminhando para isso, tá dando tudo certo. É um sentimento diferente de andar até a Basílica, temos a sensação de que a cada passo ficamos mais perto de Nossa Senhora”, conta a peregrina. 

CHEGADA

Na chegada à frente da Basílica de Nazaré, dezenas de devotos e peregrinos adentraram o templo religioso em agradecimento pela proteção durante a caminhada. Um deles foi José Ribamar, que há 11 anos percorre a distância entre o município entre Castanhal e Belém na cadeira de rodas. Com saída na quarta (09), às 2h40 da madrugada, ele chegou à igreja na quinta (10), às 11h. Mesmo em um trajeto exaustivo e sem descanso, o percurso foi repleto de oração, agradecimento e pedidos de força e determinação para chegar ao destino. 

“Faço esse percurso para ver se minha fé está em dia. No meio do trajeto pensei várias vezes em desistir porque eu estava com muita dor, mas a fé em Nossa Senhora me fortaleceu para continuar a caminhada. É um esforço muito grande porque além da distância têm os obstáculos da pista, o desrespeito dos motoristas, as pessoas que não ajudam. Mas quando estou chegando me emociono muito porque passo a noite toda caminhando sem descansar, tudo por Nossa Senhora”, disse o atleta, de 29 anos. 

Com partida do município de Santa Izabel, Rinaldo Saldanha, seguiu sozinho durante mais de 11 horas pela BR-316. Foi a primeira vez que peregrinou até o centro de Belém, uma resposta uma graça alcançada. Ainda esta semana, a mãe, de 90 anos, foi internada por complicações de saúde, o que preocupou os filhos e parentes. Com intercessão a Nossa Senhora, Rinaldo pediu que a mãe tivesse a saúde restaurada sem grandes complicações. O pedido foi atendido e, então, ele caminhou mais de 48 quilômetros em agradecimento.  

“Foi um desafio porque eu vim sozinho na estrada, sem companhia e sem auxílio. Mas vim cumprir minha promessa e valeu muito a pena. Fiz uma promessa para que a minha mãe recebesse alta do hospital, como ela tem noventa anos foi um susto para a família. Mas ontem (quarta) mesmo ela saiu, então eu tive que pagar essa promessa. Vim rezando em agradecimento pela cura da minha mãe e pedindo por força para que eu conseguisse chegar. Cheguei e cumpri minha missão com Nossa Senhora”, conclui o devoto, de 44 anos.