Foto: Cíntia Magno
Foto: Cíntia Magno

Horas antes da missa que antecede a grande romaria que toma as ruas de Belém no segundo domingo de outubro, os promesseiros encontram no asfalto o descanso que prepara o corpo para o que está por vir. Para quem toma para si a difícil missão de puxar a corda da Berlinda que abriga a Imagem Peregrina, o Círio de Nossa Senhora de Nazaré inicia ainda na madrugada, ou até mesmo na tarde do dia anterior. 

Para cumprir a promessa iniciada há dez anos, o autônomo Carlos André, 43 anos, sai do município de Benevides logo após o almoço de sábado. Já no bairro de Nazaré, ele aproveitar para acompanhar a Trasladação e já se acomoda às proximidades do Ver-o-Peso para aguardar o momento de seguir o caminho inverso na corda. Com o céu ainda escuro da madrugada, a corda é esticada no chão, ao longo da Avenida Boulevard Castilhos França, no perímetro entre o Mercado e a avenida Presidente Vargas. É neste momento que centenas de promesseiros deitam ao seu lado, entre eles, Carlos. “Eu vim a primeira vez por causa da minha avó. Foi uma promessa que eu fiz pela saúde dela, que na época etava doente”, recorda. “Todo ano eu estou aqui de novo. Isso já tem 10 anos”.

Preparativos e Promessas

Nos momentos que antecedem o atrelamento da corda, cada devoto vivencia o momento à sua maneira. Muitos preferem dormir, com a cabeça apoiada na própria corda ou no colo de familiares e amigos. Outros balbuciam orações, uns conversam e há ainda quem apenas aguarde em silêncio, mantendo o olhar e o pensamento longe. 

Na madrugada deste domingo, o pensamento da auxiliar de serviços gerais, Paula Araújo, de 45 anos, estava ligado à bênção recebida pela intercessão de Nossa Senhora. Com uma réplica da casa conquistada, ela se preparava para vivenciar um Círio diferente de todos ous outros.

“É uma promessa que eu fiz. Se eu conseguisse minha casinha, eu vinha com ela caminhando”, contou, ao contar que já acompanha o Círio na corda há seis anos. “Sair na corda é emocionante para nós que temos e conseguimos nossos objetivos com a graça de Deus e da mãezinha. E esse ano é uma emoção muito grande porque eu estou com uma emoção maior ainda por ter conseguido minha casa. É um Círio especial”.

Novas Experiências e Relatos

A sensação indescritível de levar a corda da Virgem de Nazaré foi vivenciada pela primeira vez pela babá Aline Cristina e o mecânico Sandro Alves. Acompanhados por familiares, o casal experimentou o que, até então, só conheciam através de relatos de familiares. “O que nos disseram é que a gente tinha que vir muito cedo pra conseguir pegar um lugar na corda. Saímos 2h de Águas Brancas pra chegar aqui cedo e encontrar com a família. Veio gente da Terra Firme, do município de Marapanim, de Vista Alegre”, comentou Aline.