Vojvoda faz história no comando do incrível Fortaleza

Juan Pablo Vojvoda, técnico do Fortaleza. Foto: Matheus Amorim/FEC
Juan Pablo Vojvoda, técnico do Fortaleza. Foto: Matheus Amorim/FEC

RIO  (AG) – O orçamento incomparável não parece ser problema para o Fortaleza de Juan Pablo Vojvoda na luta pelo título brasileiro. A segunda colocação, com um jogo a menos que o líder Botafogo, está longe de ser um acaso, e, pelo contrário, é resultado de um processo que valoriza a continuidade do trabalho. O treinador argentino está em sua quarta temporada, sendo o segundo mais longevo da Série A, atrás de Abel Ferreira, do Palmeiras. Com sete vitórias e um empate nos últimos oito jogos, a equipe nordestina chama a atenção novamente para além do eixo Sul-Sudeste.

Até chegar ao bom momento atual, Vojvoda superou percalços, desde que chegou do Unión La Calera, do Chile. Em 2022, por exemplo, o Fortaleza foi o primeiro time na história dos pontos corridos a virar o turno na lanterna e, mesmo assim, não só se livrar da zona de rebaixamento, como também beliscar uma vaga na pré-Libertadores, com a oitava posição. A reviravolta deixou clara a confiança do presidente e CEO, Marcelo Paz, no comandante, que dificilmente permaneceria em outra situação no cenário nacional.

Mesmo com uma série de clubes interessados no mercado interno, o argentino sempre fez questão de honrar o compromisso com o Leão. Finalista da Sul-Americana em 2023, ele renovou, em fevereiro deste ano, seu contrato até 2025. Além dos resultados, uma das características dele é a versatilidade dos estilos de jogo, que costumam variar conforme as peças à disposição. Seja contra-atacando em velocidade ou trocando passes no meio-campo, a equipe se mantém organizada e convicta das próprias ideias.

– Vojvoda é realmente um técnico fantástico – afirma Conrado Santana, comentarista de futebol do Grupo Globo. – Eu diria sem medo de exagerar que o trabalho dele no Fortaleza é um dos melhores na história do futebol brasileiro, mesmo não tendo tantos títulos como os clubes de ponta, por conta do investimento.

Além da qualidade à beira do campo, Conrado destaca a capacidade do Fortaleza de mapear o mercado sul-americano, como mostra a presença de nove estrangeiros no elenco atual, como os argentinos Lucero e Pochettino, que lideram a equipe em gols (8) e assistências (5) no Brasileiro, respectivamente.

Apesar do vice-campeonato diante do rival Ceará no Estadual deste ano – o que furstrou a expectativa por um hexacampeonato inédito – a sensação de instabilidade nunca entrou de fato no ambiente do clube. A aposta a longo prazo se mostrou certeira mais uma vez com o título da Copa do Nordeste, em junho deste ano.

A importância da coletividade é um dos pilares que ditam o dia a dia do trabalho de Vojvoda. Longe dos holofotes, ele faz questão de manter os pés no chão. Afinal, a simplicidade o levou a ser o treinador com mais jogos na história do Fortaleza, quando bateu a marca de 233 confrontos, neste ano.

– Ele se preocupa muito com a vida particular do jogador, se está bem ou não. Com isso, acaba ganhando o grupo. Além do campo, o Fortaleza, hoje, é realmente uma família, além de não ter salários atrasados e ser muito bem ajustado financeiramente- ressalta Thaís Jorge, jornalista do GE no Ceará, lembrando que o tricolor não faz loucuras na busca por reforços.

Com 42 pontos e um aproveitamento de 66% até aqui – líder no quesito -, o Fortaleza ainda não perdeu no Castelão na competição nacional, com nove vitórias seguidas e três empates. Em busca do equilíbrio fora de casa, o time de Vojvoda visita, neste sábaqdo, às 18h30, o Bragantino para seguir na briga pelo topo da tabela na 23ª rodada.

Texto de: Lucas Ribeiro