Uma Seleção carente de futebol
A atuação fraca do meio-de-campo brasileiro atrapalhou o início promissor contra a Colômbia, com direito a um lindo gol de falta que a Seleção não fazia há tempos. A forte briga física no meio favoreceu o estilo mais duro dos colombianos. Bruno Guimarães, João Gomes e Paquetá não conseguiram levar vantagem e o time sofreu com isso.
Rodrygo é a cabeça pensante do time, a única, e por isso mesmo foi marcado implacavelmente pelos defensores e não conseguiu executar a transição. Vinícius Jr., vigiado por até dois colombianos, pouco produziu, mas a falta sofrida por Bruno Guimarães abriu o caminho para o gol.
Escolhido para a cobrança, Raphinha bateu no capricho, aos 12 minutos, acertando o ângulo esquerdo de Vargas e botando o Brasil em vantagem. Apesar da vantagem, o time não conseguiu acertar a saída para o ataque, esbarrando sempre no forte bloqueio colombiano.
A luta acirrada pela bola no meio e nos lados não favorecia a Seleção, que errou passes além da conta, principalmente com Paquetá na tentativa de acionar os atacantes. Pelos lados, as limitações de Wendell e Danilo não permitiam ao time avançar e utilizar melhor Vini Jr. e Raphinha.
Mesmo com baixa intensidade ofensiva, a Colômbia chegava a ameaçar. Como no lance do cruzamento de James Rodríguez para o cabeceio e o gol de Sánchez. O VAR entrou em cena para errar feio. A linha foi traçada em relação ao atacante que não fez o gol. O autor do cabeceio estava centímetros atrás, em posição legal.
O 1º tempo era confuso, mas o Brasil vencia. Até que deixaram Córdoba manobrar à frente de três marcadores e ele acionou o lateral Muñoz, livre na direita, para chutar e empatar. Um pouco antes, Vini Jr. reclamou pênalti que o árbitro não viu, nem o VAR revisou.
Na etapa final, Dorival Júnior decidiu tirar Rodrygo, justamente o maior talento do time nas ações construtivas. É verdade que o camisa 10 não havia dado um chute a gol, mas era um escape interessante pelos lados. Sem ele, Vini Jr. ficou ainda mais isolado e sem apoio.
A necessidade de vencer para garantir a primeira colocação no grupo D tornou-se um fator de pressão sobre um time já atormentado por atuações pouco convincentes. A impotência para criar jogadas era confundida com acomodação. No fundo, prevaleceu mesmo a carência de bom futebol.
O Brasil era caótico em meio à ajustada marcação dos colombianos. Falhas nos passes à entrada da área e desacerto no posicionamento se encarregaram de deixar a Seleção exposta a riscos, como aos 36 minutos, quando Luis Díaz cruzou para Borré, que bateu por cima.
Dorival botou um volante a mais, mas a mexida foi inútil porque a Seleção marcava mal. A insistência com toques laterais no campo de defesa atraía ainda mais o time colombiano, sempre mais organizado.
No finalzinho, Endrick e Douglas Luiz entraram, fazendo com que a formação se tornasse ainda mais amalucada, com Raphinha deslocado para a lateral esquerda. Essa descaracterização do esquema inicial deixou o time sem forças para pressionar. Atuação ruim, que deixa preocupações, principalmente porque o próximo adversário é o Uruguai.
Chiliques de Dorival revelam frustração com jogo ruim
Após o jogo, Dorival Júnior saiu em direção ao árbitro reclamando de um suposto pênalti no lance final da partida. Pode até ter ocorrido alguma infração, mas o Brasil saiu devendo muito. Na sétima apresentação sob o comando do novo treinador, a Seleção não mostra nem lampejos de competitividade e poderio ofensivo.
As reclamações lembraram um pouco aqueles chiliques típicos de Zagallo, a quem Dorival vem homenageando com o uso do mesmo agasalho que o Velho Lobo usava nos anos 90. Normalmente sereno, o técnico questionou muito a arbitragem, mas as queixas não escondem a baixa produção.
Somente Marquinhos admitiu que a atuação foi fraca e frustrante, reconhecendo que a Colômbia tem um bom time – invicto há 27 jogos. A verdade é que o Brasil não chegou à Copa América como favorito, está abaixo de times como Uruguai, Colômbia e Argentina.
A campanha evidencia isso: uma vitória e dois empates. Em outros tempos, o Brasil normalmente atropelava. Com grandes jogadores, as coisas eram mais fáceis. Desta vez, os bons são raros – e o mais importante deles, Vinícius Jr., levou o amarelo e não joga contra a Celeste Olímpica.
A redescoberta de Pavani no esquema 3-4-3
Os últimos jogos do Remo têm reabilitado Giovane Pavani, que antes da chegada de Rodrigo Santana chegou a ser hostilizado pela torcida em função das fracas atuações. A confiança do técnico e a adoção do novo sistema de jogo (3-4-3) fizeram bem ao meio-campista.
Versátil, capaz de executar todas as funções do setor central do time, Pavani rapidamente se adaptou ao esquema e passou a ter destaque como encarregado da condução de bola rumo ao ataque.
Saiu-se satisfatoriamente nessa missão contra São Bernardo, Ypiranga e Ferroviário. Revezando na função com Paulinho Curuá, aproveita para se aproximar do ataque quando dispõe de espaço livre.
As iniciativas têm dado certo, incluindo as tentativas de finalização, como no gol diante do Ferroviário, quando surgiu entre os zagueiros para desviar de cabeça para o fundo das redes.
Com esforço e regularidade, o volante/meia está mostrando utilidade num time refém das limitações do elenco. Para Rodrigo Santana, a redescoberta de Pavani é a melhor notícia possível para ajustar o meio-campo. Para os próximos confrontos, o papel executado por Pavani será fundamental na briga pela classificação.