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Trio alcança feito inédito para o futebol paraense na Copa do Brasil

Nildo Lima

Pela primeira vez em 35 anos de disputa da Copa do Brasil, iniciada em 1989, o Pará terá três clubes na terceira fase do torneio nacional, considerado o mais democrático do futebol brasileiro. O feito só está sendo possível em razão da classificação, histórica, do Águia de Marabá, conquistada de forma heroica na última quarta-feira, com a vitória, nos pênaltis, diante do todo-poderoso Goiás-GO, no estádio Zinho Oliveira. O Azulão se junta a Clube do Remo e Paysandu, tradicionais representantes locais na competição, que chegam à próxima etapa da Copa BR seguindo caminhos diferentes.

Para atingirem a terceira fase do torneio, o Clube do Remo eliminou em jogo único as equipes do Vitória-ES (1 a 0), fora de Belém, e o São Luiz-RS (2 a 1), na capital paraense. O Águia de Marabá, por sua vez, passou pelo Botafogo-PB (2 a 1) e Goiás-GO (0 a 0 e 7 a 6, nos pênaltis). O Paysandu, por ter sido campeão da Copa Verde do ano passado, tem o direito de entrar no torneio a partir da próxima etapa.

A Copa BR é sinônimo de rendimento financeiro e visibilidade de mídia para os clubes participantes, sobretudo quando as equipes conseguem algo que desperta a atenção do torcedor, como foi o caso do Azulão, que eliminou adversário bem mais tradicional e da primeira divisão nacional. No que diz respeito ao faturamento, nunca o clube marabaense havia arrastado tanto dinheiro para os seus cofres. Só pela participação no torneio recebeu R$750 mil, que se somaram aos R$ 900 mil embolsado por ter eliminado o Botafogo-PB. Agora, são mais R$ 2.1 milhões num total de R$ 3.750.000,00, mesmo valor garantido pelo Clube do Remo.

O Paysandu, por outro lado, tem garantido apenas a cota destinada aos clubes incluídos na terceira fase, ou seja, R$ 2.1 milhões. O que mostra que entrar no torneio nas condições dos bicolores pode ser seguro, mas nem sempre é algo vantajoso. O faturamento dos clubes paraenses com a presença na sequência do torneio vai além das cotas oferecidas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Na terceira fase, as partidas ocorrerão em sistema de jogos de ida e volta, com a renda ficando para o mandante da partida, que pode enfrentar adversário de ponta do futebol brasileiro, sinônimo de “casa cheia” e faturamento alto nas bilheterias.

SORTEIO DA TERCEIRA FASE
  • POTE 1: Flamengo-RJ, Palmeiras-SP, Athletico-PR, Atlético-MG, São Paulo-SP, Fluminense-RJ, Fortaleza-CE, Corinthians-SP, Internacional-RS, Santos-SP, Grêmio-RS, América-MG, Bahia-BA, Botafogo-RJ, Cruzeiro-MG e Coritiba-PR.
  • POTE 2: CRB-AL, CSA-AL, Náutico-PE, Remo-PA, Tombense-MG, Brasil-RS, Paysandu-PA, ABC-RN, Ituano-SP, Botafogo-SP, Volta Redonda-RJ, Ypiranga-RS, Nova Iguaçu-RJ, Maringá-PR, Águia-PA e Sport-PE.
Estádio vai ser inaugurado dia 9 de abril, antes, portanto, da terceira fase do torneio – Foto: Marco Santos/Ag.Pará

Mangueirão deve sediar os jogos

Os confrontos da terceira fase da Copa BR serão conhecidos por intermédio de sorteio, que acontecerá na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), no Rio de Janeiro, com data a ser anunciada pela entidade. De certo mesmo só se sabe, por enquanto, que a terceira fase terá seu início no dia 12 de abril, com os jogos de ida, e será encerrada no dia 26 de abril, quando serão conhecidos os 16 clubes que seguirão na disputa, faturando, cada um, a bolada de R$ 3.3 milhões.

Para a próxima fase, a CBF exige que os clubes mandem seus jogos em estádios com capacidade mínima de dez mil pessoas. Assim sendo, o Águia de Marabá terá de mudar de casa, deixando de lado o seu “alçapão”, o estádio Zinho Oliveira, que só comporta pouco mais de dois mil torcedores, conforme vistoria feita no local pelos órgãos de segurança. A direção do clube estuda onde o Azulão fará seu próximo compromisso, que, de repente, pode acontecer no Mangueirão, em Belém.

Por falar na principal praça esportiva do futebol paraense, o local também deve ser o reduto de Clube do Remo e Paysandu para os seus jogos no torneio. Para tanto, o estádio Edgar Proença precisa ser reaberto ao público, após a grande reforma de modernização e ampliação feita no local pelo governo do Estado. A data, confirmada pelo governo do estado é 9 de abril, portanto, o estádio já estará apto a receber as partidas. Azulinos e bicolores torcem para enfrentar equipes de ponta do futebol brasileiro, como Flamengo-RJ, Corinthians-SP, Palmeiras-SP, Grêmio-RS, entre outros, o que representa dinheiro certo nas bilheterias do estádio. Sobretudo, caso o Leão, que vive grande fase, e o Papão, que tenta entrar nos “trilhos”, estejam em “lua de mel” com seus torcedores.

Time azulino chegou à semifinal em 1991. Esse ano, já passou por Vitória-ES e São Luiz-RS – Foto: Wagner Santana/Diário do Pará

Remo teve a melhor participação do Pará no torneio

Desde que o torneio foi iniciado, em 1989, o Pará sempre esteve representado na Copa do Brasil. A primeira equipe local a participar da competição foi o Paysandu, no ano da primeira edição da disputa. Mas, a equipe com mais participação no torneio é o Clube do Remo, que soma 31 edições, mesmo número do Vasco-RJ, só perdendo para o Vitória-BA e Atlético-MG, com 33 presenças no torneio. A melhor campanha de um paraense na Copa BR também pertence ao Leão, que, em 1991, alcançou a 4ª colocação entre os 32 clubes. O Clube do Remo chegou às semifinais daquele ano, quando foi eliminado pelo Criciúma-SC, dirigido, na época, por Luiz Felipe Scolari.

O Clube do Remo, que estreava no torneio, em 1991, caiu diante do Tigre Catarinense por duas vezes na penúltima fase da Copa: 0 x 1, em Belém, e 2 a 0, na cidade de Criciúma. O Paysandu, que também esteve na disputa, foi eliminado na segunda fase pelo Coritiba (3 a 0), na cidade de Curitiba, e 0 a 0, em Belém. A presença de um clube do interior do Pará na terceira etapa do torneio, como vai acontecer com o Águia de Marabá, é algo inédito na história do clube, que disputa a sua quarta Copa.

Outros times interioranos do Estado também já estiveram presentes em edições anteriores da competição. Independente (5 vezes), Castanhal (3), São Raimundo (3), Bragantino (2), São Francisco (1) e Ananindeua (1) estiveram em ação no torneio ao longo dos 35 anos de disputa. A Tuna Luso, outro clube representante da capital, soma seis atuações no torneio. Até a Copa BR de 2022, por 12 vezes dois clubes locais avançaram à segunda fase no mesmo torneio, mas acabaram sendo eliminados sem alcançar a etapa seguinte, como está acontecendo este ano. Um fato curioso ocorreu em 2019. Clube do Remo, São Raimundo e Bragantino estiveram juntos no torneio e apenas o Bragantino passou à segunda fase, deixando Leão e Pantera para trás.