Tylon Maués
Em 2014, quando trabalhava no Clube do Remo, o técnico Walter Lima viu algumas necessidades dentro do elenco e foi à base para compor o grupo profissional. Quando buscou o principal destaque ofensivo do sub-17, soube que o garoto havia deixado o clube por causa das dificuldades financeiras e voltado para o interior para ajudar a família. Lima mandou buscar o jogador em Magalhães Barata, ele se firmou no time de cima, deixou o Leão Azul por vias judiciais e, ontem, depois de ganhar todos os títulos na América do Sul pelo Palmeiras-SP, Rony foi convocado pela primeira vez para a seleção brasileira.
“Na época, eu era coordenador da base e técnico do sub-20 e ele era do sub-17. E logo que eu cheguei ele foi liberado, e como eu estava chegando deixei a comissão a vontade para refazer o plantel. Acontece que no mesmo ano ganhamos a vaga da Copa São Paulo, que seria disputada no início do outro ano, em janeiro, então eu assumi como técnico do sub-20 e mandei buscá-lo em Magalhães Barata. No caso, ele já tinha parado e estava trabalhando em uma oficina de moto”, lembra Lima.
O acaso quase fez com que a principal cria do clube saísse de graça. Em 2015, depois de idas e vindas e promessas não cumpridas pelo Remo, o atleta conseguiu judicialmente seus direitos federativos. Foi o próprio Rony quem decidiu que não queria sair sem deixar nada para o clube, que no fim arrecadou pouco mais de R$ 300 mil com a negociação.
Lima lembra que o atacante não se deu muito por convencido para retornar. Quando finalmente aceitou, arrebentou em campo. “A princípio ele relutou, pois alegou ter parado, mas, por fim, decidiu voltar e o levei onde ele fez uma brilhante copa. Chegando a Belém foi para o profissional, que não vivia bom momento, e ele praticamente deu aquele título ao Remo nos últimos três jogos”, relembra.
COM ATRASO
O treinador santareno defende que a convocação é muito justa, mas que ela veio com atraso. “O Rony já deveria ter sido convocado. Ele tem características muito interessantes e vive uma fase muito boa. Ele tem o que o futebol agrega: força, explosão, velocidade e agregado a tudo isso humildade e força de vontade. Sem falar que fisicamente ele é muito forte. Dificilmente ele se machuca, está em todos os jogos”.