A bola pode ser a mesma, mas o jogo financeiro entre as Séries A e B do Campeonato Brasileiro parece disputado em universos diferentes. Enquanto os clubes da elite contam com uma arrecadação média de R$ 130 a 150 milhões por temporada, os da Segundona dividem uma receita de R$ 170 milhões entre 20 participantes, ou seja, cerca de R$ 8,5 milhões para cada. Na ponta do lápis, a diferença ultrapassa 20 vezes. Um abismo que escancara o impacto da venda de direitos de TV e publicidade, que rendeu 30% menos do que o esperado em 2025.
Na Série A, a conta é generosa e estratégica. O modelo atual premia desempenho e audiência, fatores que pesam tanto quanto os gols. A Liga Forte União, por exemplo, distribui R$ 1,4 bilhão entre 11 clubes, com 45% do valor dividido igualmente e o restante conforme a performance. Já a Libra, que reúne nove times, reparte R$ 1,35 bilhão, com média de R$ 150 milhões por equipe. Quem lidera o campeonato e a audiência leva a maior fatia — um incentivo que amplia ainda mais a desigualdade entre os escalões do futebol nacional.
A Série B, por sua vez, vive um momento mais contido. Sem grandes torcidas tradicionais entre seus participantes, perdeu apelo comercial e, com ele, o interesse das emissoras. Pela primeira vez em 28 anos, a Globo deixou de transmitir a competição, reduzindo ainda mais o alcance da marca. O resultado é uma temporada de ajustes: clubes como o Vila Nova já anunciaram cortes e revisões de orçamento.
Para quem briga na parte de cima, como o Clube do Remo, a disparidade serve de alerta e motivação. O Leão Azul atravessa uma sequência de quatro vitórias seguidas, está a um ponto do G4 e sonha em retornar à elite, onde o cenário financeiro é outro, e cada ponto conquistado pode significar milhões. Até lá, segue a luta não só dentro das quatro linhas, mas também fora delas, onde o jogo do dinheiro continua a decidir quem tem o poder de sonhar mais alto.