GERSON NOGUEIRA

Ribamar: A curiosa saga do anti-artilheiro

Ribamar foi contratado pelo Remo no início da temporada, sob desconfianças generalizadas. Ao longo da carreira, ficou conhecido pela baixa quantidade de gols marcados.

Foto: Samara Miranda/ascom Remo
Foto: Samara Miranda/ascom Remo

Ribamar foi contratado pelo Remo no início da temporada, sob desconfianças generalizadas. Ao longo da carreira, ficou conhecido pela baixa quantidade de gols marcados. Na hora de sua dispensa, não se pode dizer que decepcionou fãs ou detratores com a camisa do Leão: confirmou todas as expectativas, marcando somente dois gols em 10 meses de contrato. Ninguém pode dizer que foi enganado.

Quando a contratação foi anunciada, comentei no Cartaz Esportivo da Rádio Clube que era uma aposta de risco, pois Ribamar havia mostrado por A + B que tinha um problema sério com a própria ideia de fazer gols.

Outras torcidas já tinham experimentado a irritação que o Fenômeno Azul foi obrigado a passar com as atuações de Ribamar. Desde que surgiu no Botafogo, especializou-se no papel de perdedor de gols. Repetiu isso no Vasco, no Atlético-PR, Ponte Preta, Chapecoense e Náutico.

Nunca teve uma temporada rica em gols. A melhor de todas foi a de 2015, ainda no Glorioso, quando fez 6 gols em 15 jogos. Depois disso, bateu sempre no teto de 4 gols/ano. No Remo, caiu um pouco: balançou a rede três vezes (2 na Copa Verde e uma na Série C) em 36 jogos.

Conseguiu a façanha de passar em branco no Parazão, mesmo diante de defesas pavorosas, que normalmente fazem a alegria dos centroavantes. Ribamar tem 27 anos, é um jogador esforçado, não desiste em campo, mas padece de uma vocação para o erro nas finalizações.

Para os azulinos, ficarão marcantes as atuações em dois Re-Pa deste ano, quando perdeu uma carrada de gols, e também contra o Bota-PB na Série C. Era só ele, o goleiro e o gol, mas o chute sempre insistia em sair torto. Coisas da vida.  

O adeus do gênio corintiano das boas ideias

Washington Olivetto era um dos raros publicitários brasileiros que sempre tinha algo a dizer, além das questões técnicas de sua profissão. Escreveu livros interessantíssimos, que leio sempre com renovado prazer. Desfilava inteligência e objetividade no que fazia. Um gênio.

A explicação para o fato de não fazer campanhas políticas é hilária: Olivetto disse que preferia trabalhar com “produtos que o consumidor possa devolver se não gostar”. Ele também não fazia trabalhos para empresas estatais. Tinha 73 anos, morava em Londres, mas morreu no Rio.

Até ao fazer sua única declaração de voto por um candidato a presidente, ele foi diferente. Para manifestar apoio a Luiz Inácio, em 2022, postou nas redes sociais a foto de um prato de lula com chuchu e escreveu que era urgente para o Brasil e o mundo “tirar gente como Bolsonaro do poder”.

Comecei a prestar atenção em Olivetto lá nos anos com as propagandas espetaculares que fazia sobre produtos sem glamour e de uso rotineiro, como sandálias, sutiãs e palha de aço. Cansou de ganhar prêmios internacionais, como os 50 Leões de Ouro em Cannes.

Era um dos cinco brasileiros mais influentes do mundo, segundo o jornal Financial Times. E estava ainda entre as 100 cabeças mais criativas do mundo dos negócios, por escolha da revista especializada Fast Company.

Foi a mente criativa por trás da Democracia Corinthiana, um movimento que também foi um gesto de tremenda ousadia em plena ditadura militar, ao lado de Sócrates e Casagrande, ídolos e amigos seus. Resgatou astros da MPB e do pop para emoldurar peças brilhantes. Jorge Benjor fez até música, “W/Brasil”, para homenagear a agência criada pelo gênio criativo.

Olivetto era uma metralhadora de boas ideias, definiu bem Nizan Guanaes, que rivaliza com ele em termos de importância no universo publicitário. Perder um brasileiro desse porte e talento é sempre motivo de tristeza.

Paquetá, suspenso e contestado, segue como aposta

O meia Lucas Paquetá está suspenso e não joga pela Seleção Brasileira nesta terça-feira (15), contra o Peru, no estádio Mané Garrincha, em Brasília. Apesar disso, pediu para ficar com a delegação e foi atendido. Dorival Júnior deu uma explicação preocupante: manter juntos jogadores da base que ele pretende levar até a Copa de 2026.

Com um dos piores rendimentos da Seleção, alvejado por críticas pela falta de criatividade, Paquetá é um caso raro de sobrevivência no grupo de atletas convocados desde 2019. Aos 27 anos, ele é um dos mais experientes da Seleção, tendo uma Copa (a de 2022, no Qatar) no currículo.

Do atual grupo, chamado para a data-Fifa de outubro, o jogador do West Ham só fica abaixo de Marquinhos (92) e Danilo (62) quanto ao número de partidas pelo escrete. Paquetá tem 53.

Diante do Chile, Paquetá foi experimentado na função de segundo volante, num desenho tático idealizado por Dorival. O desempenho foi horroroso e a Seleção sofreu muito, principalmente no primeiro tempo. Gerson deve substituir Paquetá contra o Peru, amanhã.

Além do questionado futebol que apresenta na Seleção, Paquetá corre o risco de banimento do futebol. A Federação Inglesa marcou para março de 2025 o julgamento do meia, que foi denunciado por envolvimento com a máfia de apostas esportivas.  

Em termos de qualidade técnica, Paquetá é um típico exemplo da carência numa posição em que o Brasil sempre desfrutou de grande fartura. Foi-se o tempo em que os treinadores ficavam na dúvida entre Alex, Djalminha e Ricardinho, como Luís Felipe Scolari em 2002, por exemplo.

Dorival quebra a cabeça para montar uma meia cancha onde só tem Paquetá e Bruno Guimarães como opções. O cenário, de fato, é assustador.