GERSON NOGUEIRA

Remo x Volta Redonda:Muita luta e pouca inspiração

Foto: Irene Almeida
Foto: Irene Almeida

O empate não foi o fim do mundo, mas frustrou os mais de 45 mil torcedores que lotaram o Mangueirão, ontem, mas o resultado tem uma explicação simples. Contra o mais forte adversário que enfrentou na Série C, faltou ao Remo o que sobrou na estreia contra o Botafogo: inspiração para buscar os caminhos que levam ao gol.

Um outro problema: na partida inaugural do quadrangular, o Remo foi agressivo desde o começo, sufocando e intimidando o adversário com ações pelos lados. Em função disso, transformou o 1º tempo num confronto de ataque contra defesa, criando diversas situações perigosas na área inimiga e estabelecendo vantagem no placar.

Contra o Volta Redonda, que se postou melhor no tempo inicial, o Remo teve a posse de bola, buscou atacar com os lados como normalmente faz, mas faltou contundência e intensidade. Por isso, mesmo chegando com perigo em vários momentos, só teve duas chances claras, ambas com Ytalo, uma delas de frente para o goleiro.

Há um outro aspecto que precisa ser considerado. Pavani e Jaderson, estratégicos para o funcionamento tático do Remo, tornaram-se figuras carimbadas e mapeadas pelos outros times. A movimentação de ambos na articulação inicial das jogadas foi bem marcada pelos volantes Bruno Barra, Robinho e Henrique Silva, do Voltaço.

Nos raros momentos em que conseguiu escapar, Raimar não conseguiu dar andamento às jogadas. Foi a pior atuação do ala neste quadrangular. Coincidentemente, foi o primeiro jogo sem a participação de Sávio, zagueiro interior esquerdo, que faz dupla com ele.

Pela direita, Diogo Batista quase não foi à linha de fundo na dobra com Pedro Vítor, outro que esteve em nível abaixo ontem. Diogo só marcou presença na cobrança de falta, que passou rente ao travessão.

Depois do intervalo, o Remo ocupou o campo de defesa do Volta Redonda. Apesar da insistência com bolas altas e infiltrações pelos lados, a bola não chegava para Ytalo, policiado pelos zagueiros Lucas Souza e Fabrício. Quando chegou, após escanteio, o gol saiu, mas foi anulado.

Rodrigo Alves, que substituiu Bruno Bispo e entrou muito bem, mandou uma bola no travessão do goleiro Jean Drosny em cobrança de falta. Foram os lances agudos do Remo, insatisfatórios para o tamanho do domínio de espaço e o controle da posse de bola.

Ao Leão faltaram ideias para romper o forte bloqueio defensivo do Volta Redonda nos 20 minutos finais. O visitante se fechava com nove jogadores atrás da linha de bola, mantendo apenas Bruno Santos adiantado.

Se não foi trágico para o Leão, mudou um pouco a perspectiva de acesso: com 5 pontos, terá que pontuar no Rio de Janeiro e voltar para decidir o acesso no Mangueirão contra o São Bernardo.

Papão quebra jejum e Fiel volta a acreditar

Com a virada de 2 a 1 sobre o Guarani, sábado à tarde, no estádio da Curuzu, o PSC quebrou o jejum de nove jogos sem vencer na Série B e deixou claro que o torcedor pode voltar a confiar no time. Pode-se considerar que a estreia de Márcio Fernandes foi plenamente exitosa.

O triunfo chegou a ficar ameaçado pelo desempenho confuso nos primeiros 45 minutos. Depois de um bom começo, com pressão sobre o Guarani e duas boas finalizações (Esli García e Kevyn) contra o gol de Wladimir, o Papão afrouxou as linhas e aceitou a evolução do adversário.

Com investidas de Caio Dantas e Marlon, o Bugre botou pressão sobre a zaga bicolor. Depois, achou o caminho do gol após cruzamento de Pacheco desviado pelo zagueiro Douglas Bacelar, que testou para as redes.

Ficou a impressão de falta sobre Nicolas no lance, mas o VAR considerou o lance normal. A partir daí, o Guarani ainda levou perigo e quase ampliou. O PSC insistia em cruzamentos inúteis, irritando a torcida, que focou principalmente em Edilson, Cazares e Nicolas.

Para reagir e exorcizar a má fase, Márcio Fernandes trocou Yony Gonzalez e Juan Cazares por Jean Dias e Borasi. Deu certo. Logo aos 2 minutos, em cruzamento rasante de Edilson, Jean tocou a bola para o fundo das redes após defesa parcial de Wladimir. Festa na Curuzu.

O time ganhou confiança e partiu para a virada, que veio aos 9’, em nova jogada de Edilson, que se redimiu do mau começo. Desta vez, o cruzamento foi pelo alto e acabou desviado por Kevyn.

A vitória estava encaminhada, mas a torcida ainda sofreu alguns sustos. Aos 16’, o bom Caio Dantas mandou uma bola na trave. Logo depois, o zagueiro Lucas Maia quase botou a bola para dentro em cortes esquisitos.

Quando soou o apito final, deu para escutar um imenso “ufa!” da plateia de 10 mil pessoas na Curuzu. No final, uma vitória sofrida, mas merecida.  

Quarentinha, a estrela eterna do Alvinegro

Ontem, Quarentinha, o maior artilheiro da história do Botafogo, faria 91 anos. Era um camisa 9 clássico, perfeito no jogo aéreo e implacável no aproveitamento de bolas pelo chão. Longilíneo, rápido como a flecha e dono de um canhão nos pés.

Marcou 313 gols com o manto sagrado do Glorioso. Foi um ídolo curiosamente conhecido pelo silêncio, até nas comemorações de gols. Ganhou a fama de artilheiro que não vibrava, o que não é verdade. Quarentinha era apenas discreto, elegante, diferente.

Uma glória do Botafogo e do futebol brasileiro. Honrou a Seleção Brasileira, com 17 gols em 17 gols, a segunda melhor média de um goleador no escrete canarinho. Chegou a vestir a camisa 10 do Brasil, em 1959, com Pelé usando a 9.

Waldir Cardoso Lebrêgo era paraense, começou a carreira no Paysandu e depois seguiu para o Botafogo, onde se consagrou nacionalmente. Partiu em 1996, com apenas 66 anos.

Viva Quarentinha!