Depois da tempestade, vem a bonança. Três dias depois de ser vexatoriamente desclassificado da Copa Verde, perdendo nos pênaltis, em casa, para o São Raimundo-RR, o Clube do Remo venceu por 3 a 0 a Tuna Luso no primeiro clássico do Campeonato Paraense. Venceu e convenceu. O resultado não apaga o que foi a eliminação precoce na Copa Verde, mas confirma que o time pode, sim, jogar bem e convencer ainda neste início de temporada. Taticamente, o Leão Azul beirou a perfeição contra a Lusa. Deixou o adversário jogar, ter a bola, mas em momento algum chegou a ser pressionado. Tanto que o goleiro Marcelo Rangel não fez nenhuma grande defesa na partida. E, para vencer, foi cirúrgico. O time azulino teve apenas quatro chances de gol, aproveitando três delas.
A defesa continua sendo um dos pilares da equipe da temporada, levando apenas dois gols em seis rodadas do Parazão. Mas o ataque também tem dado sinais de que pode ser um dos grandes trunfos para a Série B do Campeonato Brasileiro, principal objetivo do ano. Contra a Tuna, três gols de três jogadores diferentes, Felipe Vizeu, Adaílton e Maxwell. Estes dois últimos se juntam ao bicolor Nicolas e a Ju Alagoano, do Capitão Poço, cada um com três gols e na vice-artilharia da competição. Eles estão atrás apenas de Peu, do São Francisco, que já balançou as redes quatro vezes.
Adaílton começa a virar xodó da torcida
Menos badalado de todos os jogadores que foram contratados para o setor ofensivo, Adaílton já tem quatro gols na temporada, um deles na Copa Verde e três na competição estadual. Tornou-se também praticamente o cobrador oficial de penalidades – foi assim que ele fez dois gols. Quando chegou no início de 2025, o jogador estava acima do peso, fora de forma, e vindo de anos jogando no futebol japonês, com uma dinâmica totalmente diferente a do brasileiro. Agora, ele já se diz muito mais adaptado e melhor fisicamente. Com as atuações que vem tendo, já começa a ter o nome pedido pela torcida para virar titular. Esta situação, ele prefere deixar para Rodrigo Santana escolher.
“Desde quando eu cheguei, sempre me dediquei nos treinamentos, acho que por estar em uma cultura diferente, num país diferente há muito tempo. Sempre tentei me dedicar ao máximo para poder estar me acostumando com o clima, com tudo. E acho que hoje eu estou me sentindo muito melhor, a cada jogo que eu tenho entrado, tenho me sentido melhor, melhorado, evoluído. Temos muitos jogadores qualificados aqui na frente, então acho que independentemente de quem está jogando, estamos fazendo um bom trabalho, nos dedicando, fazendo gols, dando assistência”, disse o atacante do Remo.
“Eu estou melhorando, creio que eu tenho que pegar uma sequência de jogo. Acho que para você melhorar, tem que ter uma sequência de jogo. Mas acho que isso é com o professor. Então, vou continuar fazendo o meu trabalho, independentemente de estar entrando, de ser titular, tenho que entrar, fazer o meu melhor, para poder estar buscando os três pontos a cada jogo”, completou Adaílton.
O ataque do Remo em números e a briga por posição
A confirmação que o ataque remista vem dando conta do recado está nos números. Dos 15 gols marcados, dez foram de atacantes. Adailton e Maxwell balançaram as redes três vezes, Felipe Vizeu duas, e Pedro Rocha e Ytalo uma vez cada. Titular na maior parte dos jogos, Ytalo vem tendo uma atuação mais voltada para o time, com uma disciplina tática que o deixa um pouco longe do gol. Domingo, ao ser substituído, mostrou um nítido descontentamento, o que foi relevado pelo treinador.
“O Ytalo saiu bravo, mas isso é bom, é uma raiva boa, pois transmite uma energia boa e a gente consegue ver que ele quer mais. Ele é um cara competitivo e sabe o quanto é importante pra gente. Hoje ele se doou demais para marcar”, afirmou Santana, justificando a mudança como uma decisão estratégica. “Mantivemos o Vizeu na partida por causa da estatura, da mobilidade. Ficamos mais agudos. Mas o Ytalo me ajuda muito na marcação, me ajudou muito no acesso para a Série B, é um cara de extrema confiança minha”, finalizou o comandante do Remo.