No retorno do elenco azulino aos treinos após o acesso para a Série B, os dois jogadores escolhidos para as entrevistas coletivas são bem emblemáticos do que foi a campanha de superação do Clube do Remo no Campeonato Brasileiro. Não faltam personagens com histórias interessantes, mas o goleiro Marcelo Rangel e o centroavante Ytalo são exemplos bem acabados de quem conseguiu passar por cima da desconfiança até chegar em alta na reta final da temporada. Rangel veio com a missão espinhosa de substituir o goleiro Vinícius, maior ídolo do Leão Azul neste século, ao passo que o camisa 9 veio credenciado com a artilharia da Segundona do ano passado, mas não teve o mesmo desempenho em 2024, embora no final tenha se saído muito bem.
O arqueiro azulino destacou a experiência, a religiosidade e a presença da família durante todo o processo de adaptação, dos momentos de dificuldades e desconfiança até chegar à recompensa no fim. “Acho que a resiliência, primeiramente, tem muito a ver com a fé que a gente tem, que a gente carrega, que é fé em Deus, e juntamente com o nosso trabalho, acreditar naquilo que a gente é capaz de fazer”, disse. “Minha família esteve aqui durante todo esse ano comigo nesse processo, muitas das vezes doloroso, mas valeu a pena no final. A alegria que eu senti no domingo depois que o juiz apitou o final da partida, valeu a pena tudo aquilo que eu sofri”, completou Marcelo.
Ytalo lembrou do começo difícil na temporada, com as decepções no Campeonato Paraense, na Copa do Brasil e na Copa Verde. Mas, segundo ele, o trabalho continuou mesmo com as críticas e isso foi premiado no fim. “A gente vive com críticas e sabe lidar com elas, a gente conseguiu fazer dela um instrumento para que a gente pudesse conseguir esse acesso”. O centroavante teve começo irregular, em especial por causa de lesões e problemas físicos, o que fez com que chegasse a contratar um personal trainer para se recuperar mais rapidamente.
“Tive uma lesão na panturrilha, que é muito difícil para recuperar e eu voltei ainda sentindo um pouco. Acabou acarretando a outra panturrilha em um clássico. Machuquei a panturrilha e o posterior, foi grau 1 e grau 2 eu acho, se não me engano. Então a recuperação foi mais difícil, você volta ainda com um pouco de receio depois de tudo”, afirmou. “Ao longo do campeonato eu fui tentando melhorar, sempre trabalhei calado, ouvindo as críticas e sabendo lidar com elas. E eu acho que isso daí foi recompensado agora. Desde que o Rodrigo chegou vim tentando melhorar cada vez mais, até porque a gente mudou o jeito de jogar. Taticamente a gente começou a melhorar bastante, então nisso daí a gente conseguiu uma química que deu certo”, finalizou Ytalo.