Bola

Rei do futebol e da lambada: Pelé gravou música com Carlos Santos

Nildo Lima

O empresário, ex-governador do Pará, radialista e cantor, Carlos Santos, de 71 anos, no ano de 1988, com a lambada estourando no Brasil inteiro, mais especialmente no Pará, colocou Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, para “dançar” o ritmo musical. Ambos compuseram e gravaram a música “Dois Amigos” para o LP “Isto é Lambada”, o 10º da carreira do paraense nascido na cidade de Soure. A parceria surgiu a convite do empresário e, segundo ele, imediatamente abraçada pelo Atleta do Século, que também era chegado ao mundo das artes, como amplamente já noticiado.

“Depois que terminamos de fazer a música, cheguei com o Pelé e perguntei: ‘Pelé, você toparia gravar comigo esta música?’”, revela Carlos Santos. “A resposta veio direta: ‘Claro, Carlos’. Fomos para o estúdio lá em São Paulo mesmo e gravamos a música, após eu ter consultado o produtor musical, que sempre foi o Pinduca”, detalha o ex-governador, que teve outros encontros com o Rei do Futebol, chegando inclusive a frequentar a casa do ídolo do futebol mundial, no Guarujá, em São Paulo.

Parceria musical aconteceu no ano de 1988 – Foto: Arquivo Pessoal

“Em um dos muitos encontros que tivemos, eu e o Pelé, ele me convidou para ir junto com o Jassa (cabeleireiro famoso na época) e a esposa, Elides Jassa, à casa dele. Eu já havia gravado com ele. Acompanhei o Pelé à alameda Santos e chegando lá o Pelé se virou pra mim e disse: ‘Quem vai cozinhar para você hoje sou eu, Carlos”, recorda Carlos Santos. “Ele fez uma peixada lembrando que eu era amazônida e como todo amazônida gostava de peixe”, diz o empresário. “Esse gesto do Pelé, me convidando para ir a casa dele e ainda se dando ao trabalho de cozinhar para a sua visita, ficou muito marcado na minha vida”, garante ele.

Carlos Santos chegou, conforme conta, a assistir filmes no cinema instalado na casa do Rei e não foi só. Ele também assistiu, in loco, a jogos da seleção brasileira ao lado de Pelé, atendendo a convite do Atleta do Século.

Apesar do prestígio que tinha no mundo inteiro, o agora saudoso gênio da bola foi uma pessoa de uma imensa humildade, de acordo com o depoimento de Carlos Santos. “Ele realmente era uma pessoa simples, um ser humano fantástico, que me faz até ficar emocionado ao falar dele”, ratifica.

O ex-governador recorda que esteve no Baenão, em 1965, acompanhando o pai, Ari Santos, já falecido, quando assistiu pela primeira vez Pelé jogar, com o Santos-SP goleando o Clube do Remo por 9 a 4, no dia 29 de abril. “A partir daquela data, eu, que já era Clube do Remo e Fluminense-RJ, passei a torcer, em São Paulo, onde eu até então não tinha time do coração, pelo Santos”, informa o empresário, claro, consternado, como todo o mundo, com a morte do Rei.