
A Champions League é conhecida por eternizar jogos entre os principais times do futebol europeu. Confrontos do nível de Real Madrid-ESP e Atlético de Madrid-ESP, que protagonizam mais um clássico, nesta terça-eira, às 17h (de Brasília), no Santiago Bernabéu, pelas oitavas de final, seguem como grandes destaques na fase eliminatória. Mas também há o ressurgimento de forças, até então, esquecidas no cenário do Velho Continente, a partir de um novo formato da competição nesta temporada. Além da surpresa do duelo entre os competentes Club Brugge-BEL e Aston Villa-ING, às 14h45, Lille-FRA, PSV-HOL e Feyenoord-HOL mostram que o trabalho coletivo pode medir forças com o individual.
Com 36 clubes – mais quatro em relação ao antigo modelo – divididos em quatro potes e enfrentando dois adversários de cada um deles em quatro partidas como mandante e visitante, os times grandes passaram a fazer mais jogos entre si nas primeiras rodadas. Por outro lado, os de menor expressão não deixaram de ter “pedras no sapato” na fase classificatória, só que, agora, se livraram de cair em um “grupo da morte” e tiveram enfrentamentos mais parelhos em busca de vagas no mata-mata.
No duelo mais aguardado do dia, a rivalidade do clássico de Madri está longe de ser novidade no torneio. Com duas finais no século XXI (2014 e 2016), a equipe merengue carrega o poder da freguesia ao levar a melhor em ambas, enquanto a colchonera tem a oportunidade de amenizar a dor do passado com a vingança do presente. Ao lado do líder Barcelona, elas disputam ponto a ponto pela La Liga, sendo que empataram em 1 a 1 nas duas partidas de 2024/25.
Em busca do 16º título, o Real terminou a fase classificatória na 11ª posição e quis o destino que superasse o Manchester City nos playoffs. O técnico italiano Carlo Ancelotti terá um desfalque de peso pelo jogo de ida das oitavas: o meia inglês Jude Bellingham está suspenso por cartão amarelo. Já sob o comando do argentino Diego Simeone, o Atlético folgou na repescagem como quinto cabeça de chave. Os experientes Azpilicueta e Koke estão fora do confronto por lesão.
Quem aproveitou o novo formato da Champions para voltar a fazer jus à sua tradição foi o Aston Villa, que conquistou a Europa em 1981/82, mas não chegava às quartas de final há 42 anos. Depois de sofrer com rebaixamentos na década passada, o torcedor retomou a esperança quando o magnata egípcio Nassef Sawiris adquiriu, ao lado do americano Wes Edens, 100% da equipe de Birmingham, a partir de agosto de 2019. Desde então, ela marcou território na elite do futebol inglês.
A organização fora de campo se reflete no desempenho dentro dele. Um dos pilares na transformação do Villa é o comando do espanhol Unai Emery, que chegou em final de 2022 e já fez o time alcançar a quarta colocação da Premier League na temporada passada com um futebol ao seu estilo: ofensivo e frenético. Sinal dessa evolução é que o time derrotou o Bayern de Munique por 1 a 0 nesta Champions e garantiu a última vaga direta às oitavas com o oitavo lugar.
– O Aston Villa é um clube melhor, está mais organizado, tem estratégia no mercado. Isso faz com que o time cresça em campo. É uma campanha de um time jogar bem e ter muita conexão com a arquibancada, comunidade do clube, cidade de Birmingham. Aquele sentimento de voltar a viver um amor incrível. Vejo até que o time jogava melhor do que na última temporada. Me parece que cai no problema de não ser um elenco tão grande. A vantagem é que teve a janela para corrigir com as chegadas de (Marco) Asensio, ex-Real Madrid, e (Marcus) Rashford, ex-United – opina Mário Marra, comentarista da ESPN Brasil.
Além de reforçar o ataque, os Lions contam com a segurança do goleiro Emiliano Martinez, que lidera o quesito de gols evitados na Champions (4.36), segundo a plataforma Sofascore. Marra ressalta justamente que o time poderia marcar mais em cima para roubar logo a bola do adversário, já que “se manda muitas vezes e acaba dando espaço defensivamente”, o que também explica a importância do argentino embaixo da trave
Em uma prévia do que pode acontecer nas oitavas de final, Aston Villa e Club Brugge se encontraram na fase classificatória. A equipe belga, que está acostumada a disputar a competição continental e conquistou o campeonato nacional pela 19ª vez na temporada passada, venceu a inglesa por 1 a 0, em Bruges. Finalista contra o Liverpool em 1978, o Brugge garantiu a última vaga nos playoffs e bateu a Atalanta nos dois jogos (2 a 1 e 3 a 1) e já repetiu a campanha de 2022/23.
Outro clube de menor expressão que já desbancou favoritos nesta edição é o Lille, que virou um pesadelo da capital espanhola ao superar Real (1 a 0) e Atlético de Madrid (3 a 1). Ao avançar diretamente às oitavas de final, o time francês tenta fazer mais uma vítima, nesta terça-feira, às 17h, diante do Borussia Dortmund, que foi vice na última temporada.
O território holandês também já deu o “ar da graça” na competição. Campeão da Champions em 1987/88, o PSV eliminou a Juventus-ITA na repescagem e chega com ainda mais moral às oitavas, uma vez que já havia vencido o Liverpool-ING durante a campanha. O adversário inglês desta terça-feira, às 17h, é o Arsenal-ING, que se classificou em terceiro lugar. Com menos experiência na competição, o Feyenoord, que foi finalista em 1969/70, também já cometeu estragos ao não tomar conhecimento do Bayern com um 3 a 0, além de ter empatado com o City, na Inglaterra. Nos playoffs, tirou o Milan-ITA e, agora, busca a “dobradinha” italiana ao enfrentar a Inter, nesta quarta-feira, às 14h45.
Texto de: Lucas Ribeiro (AG)