FOLHAPRESS
A Promotoria retirou, nesta sexta-feira (28), todas as acusações de corrupção e fraude contra Neymar e os demais réus no julgamento que investiga supostas irregularidades na transferência do então atleta do Santos para o Barcelona, em 2013. Segundo o promotor, as alegações contra o jogador não se sustentaram. Ele disse que as acusações se baseavam em “pressupostos” e não em provas, “nem mesmo circunstanciais”.
O julgamento no Tribunal Provincial de Barcelona é o mais recente capítulo de uma longa briga de Neymar e seu pai com o empresário Delcir Sonda, dono do Grupo DIS.
O empresário afirma que era o dono de parte dos direitos econômicos do atacante quando eles foram vendido pelo Santos para o Barcelona, em 2013. O DIS fez denúncia à Justiça espanhola de que teria havido fraude no valor declarado da negociação.
Neymar, seu pai (de mesmo nome), sua mãe Nadine e os ex-presidentes do Barcelona Sandro Rosell e Josep Maria Bartomeu foram incluídos na lista de acusados de crime de corrupção de particulares. Os dirigentes espanhóis também respondiam por fraude fiscal.
A Promotoria chegou a pedir dois anos de prisão para Neymar, capitão da seleção brasileira na Copa do Mundo do Qatar, que terá início em 20 de novembro.
O pedido inicial do DIS era que houvesse cinco anos de prisão e que o atleta ficasse impedido de atuar pelo mesmo período. A denúncia foi feita pela empresa em 2015, ano em que o jogador conquistou o título da Liga dos Campeões pelo Barcelona.
O DIS afirma que era proprietária de 40% dos direitos de Neymar quando ele era do Santos. Em entrevista dada em 2017, Delcir Sonda disse se considerar traído porque começou a investir no atleta em 2009, seu segundo ano como profissional. Chegou a dizer que Neymar “não pode ser exemplo para nossos filhos”.
O DIS informou ter pago US$ 2 milhões por 40% (R$ 10,5 milhões pela cotação atual) dos direitos do atleta. Ao alegar ter sido enganado por Neymar, seus pais e o Barcelona, a empresa pede a aplicação de multas que totalizariam cerca de 150 milhões de euros (R$ 778 milhões em valores de hoje).
A alegação do DIS é que em 2011 Neymar e seu pai assinaram dois contratos com o Barcelona que não mencionavam que os direitos de Neymar pertenciam ao Santos e ao Grupo DIS. Um desses contratos tinha o valor de 40 milhões de euros (R$ 207,80 milhões atualmente) e serviu, acredita a acusação, para que o Barcelona contratasse Neymar antes que ele estivesse livre no mercado.
A promotoria diz que isso alterou as normas da livre concorrência no mercado de transferências. A denúncia feita pelo DIS colocou também em dúvida o valor declarado pelo Barcelona para a compra de Neymar em 2013. O clube informou que teriam sido 57 milhões de euros (R$ 295,7 milhões). A promotoria suspeita que a negociação, na verdade, tenha sido de 83,3 milhões de euros (R$ 432,20 milhões).
Também foi convocado para depor Odílio Rodrigues Filho, presidente do Santos à época da venda do jogador. Em seu depoimento, Neymar disse que não tomou parte da negociação e que assinou tudo o que seu pai lhe pediu. “Sabia de rumores de outros clubes interessados em me contratar, mas meu sonho sempre foi jogar pelo Barcelona, o clube dos meus sonhos”, disse.