BARRIL DE PÓLVORA

Paysandu vive tensão dentro e fora de campo na reta final

Problemas internos, com questões financeiras como pano de fundo, prejudicam ainda mais a situação do Paysandu na Série B.

Situação bicolor é delicada e os nervos estão à flor da pele - Foto: Jorge Luis Totti/PSC
Situação bicolor é delicada e os nervos estão à flor da pele - Foto: Jorge Luis Totti/PSC

Não bastassem as dificuldades enfrentadas pelo Paysandu dentro de campo, o técnico Márcio Fernandes, também está tendo de agir fora das quatro linhas para tentar colocar as coisas nos trilhos na Curuzu. No último sábado, o goleiro Matheus Nogueira, sem entrar em detalhes, declarou que o elenco bicolor enfrenta problemas internos. O arqueiro declarou: “Temos nossos problemas extracampo em relação a tudo. Mas o grupo é unido, focado, determinado e essa determinação, com certeza, vai nos tirar dessa situação”, afirmou Nogueira. A fala do jogador chegou ao conhecimento de Fernandes, que não ficou nada satisfeito com o posicionamento do atleta. Segundo ele, foi em momento inoportuno.

“Trataremos isso internamente. Não é o momento de discutir publicamente esses assuntos, pois isso não nos trará benefícios”, declarou Fernandes. “Vamos focar no próximo jogo, manter a calma. Em momentos de frustração, é comum que os jogadores digam coisas que não representam seus verdadeiros sentimentos. Conversaremos para resolver a situação”, prometeu o treinador. Não se sabe ao certo quais seriam as questões levantadas por Nogueira. Contudo, especula-se que uma delas seria de ordem financeira, com o não pagamento aos atletas do direito de imagem.

Declarações polêmicas têm sido comuns no Paysandu

O fato do time conviver com o fantasma do rebaixamento à Série C de 2026 de forma cada vez mais próxima estaria transformando a Curuzu em um barril de pólvora, prestes a explodir. Antes das declarações de Nogueira, o lateral Bryan Borges, antes da saída do ex-treinador do clube, Claudinei Oliveira, chegou a criticar, de forma indireta, o trabalho de Oliveira, dizendo que o time precisava de “estratégia de jogo”. O posicionamento de Borges foi rebatido pelo executivo do clube, Carlos Frontini, durante a coletiva que prestou à imprensa para comunicar a saída de Oliveira do clube. A questão, aparentemente, parece ter sido resolvida de forma interna.

“Tem sido assim. Fazemos o gol e paramos de jogar. Difícil de jogar. Temos qualidade no elenco, temos jogadores bons, mas não adianta coragem sem estratégia”, declarou Borges após a derrota, por 2 a 1, diante do Volta Redonda-RJ, resultado que culminou com a troca de treinador. Na coletiva, Frontini disparou: “Tinha que ser um pouco mais inteligente e saber o momento de falar”, rebateu o funcionário do clube. A derrota frente ao Goiás-GO, fora de casa, fez com que a insatisfação do torcedor bicolor ganhasse ainda mais força. Para piorar, o elenco, também, como revelou Nogueira, tem problemas extracampo, que podem dificultar ainda mais a luta do time para fugir da queda à Série C.

Zagueiro diz que atraso no pagamento não interfere na má fase

O zagueiro Maurício Antônio, de maneira bastante serena, comentou, ontem, na Curuzu, o problema financeiro que tem ajudado a aumentar a “dor de cabeça” dos jogadores do Papão. O defensor descartou a possibilidade do atraso no pagamento dos direitos de imagens ao elenco estar interferindo na atuação da equipe na Série B do Brasileiro.  “A gente não está nessa situação por causa de salário, de dinheiro. A gente já vem no Z4 desde o começo do campeonato. Então não é por causa do dinheiro que estamos aqui”, declarou o zagueiro, se referindo, claro, à lanterna do campeonato.

O jogador, por outro lado, admitiu que a questão acaba trazendo dificuldades aos jogadores. “É uma situação chata, complicada né, porque todo mundo tem em casa boleto para pagar, mas o que vejo nos treinos é a dedicação de todo mundo, inclusive até de quem não vem sendo convocado (para os jogos). Não vejo corpo mole, não vejo distração por causa da questão do salário”, garantiu. Em seguida, Maurício Antônio revelou que o presidente Roger Aguilera tem procurado passar tranquilidade ao elenco.

“Ele tem conversado conosco passando a informação de que o mais rápido possível o débito será pago. Então, é pensar no próximo jogo e esquecer o dinheiro um pouco”, declarou o zagueiro, afirmando que ainda confia na permanência do Paysandu na Série B em 2026. “Qualidade não nos falta. Conseguimos mostrar contra o 1º (Goiás-GO) e o 2º (Coritiba-PR) que a gente consegue ganhar e jogar de igual para igual em qualquer terreno. Mas estamos com um problema mental e emocional que nos afeta dentro das partidas pelo momento que nos afeta”, arrematou.