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Paysandu e Hélio dos Anjos: Feitos um para o outro'

 Foto: Jorge Luiz/PSC
Foto: Jorge Luiz/PSC

Feitos um para o outro

Quando demitiu Márcio Fernandes após a eliminação na semifinal do Campeonato Paraense, a diretoria elegeu como prioridade contratar Hélio dos Anjos. Era o preferido da torcida, nome unânime do clube, apesar de ter saído atirando quando foi demitido há dois anos. As negociações, porém, não evoluíram. A pedida do treinador foi considerada alta e o clube acabou optando por Marquinhos Santos, que não era nem plano B.

Hélio também era sonho azulino. Quando Marcelo Cabo foi dispensado, no início de maio, os dirigentes do Leão procuraram o técnico. O acerto não vingou porque o veterano treinador pediu alto, como havia feito com o PSC, e alegou um pré-contrato com um clube árabe.

De repente, em pouco mais de um mês, o pré-contrato sumiu e ele acabou acertando seu retorno ao Papão, o que deixa no ar a certeza de que o clube abriu o cofre para convencer Hélio a encarar a Série C. Nos bastidores, especula-se que o pacote (incluindo a comissão técnica) não vai sair por menos de R$ 250 mil, maior salário do campeonato.

O esforço feito pelo PSC é compreensível. Hélio é um dos técnicos mais identificados com o clube nos últimos anos. Esta será sua terceira passagem pela Curuzu. Seu estilo sanguíneo, irritadiço e enérgico agrada a cartolagem, que se sente blindada com um comandante tão personalista.

A torcida adora técnicos que gesticulam e berram à beira do campo, mesmo que os jogadores raramente escutem a gritaria. O jeito marqueteiro é bem aceito, principalmente quando os resultados de campo ajudam. Na primeira entrevista, ainda longe de Belém, já emitiu sinais de que vai investir na fé religiosa, prometendo o acesso com as bênçãos de Nazaré.

Tudo isso é Hélio dos Anjos. Nos vestiários, fala grosso, bate na mesa e cobra muito. Nem sempre é um método que cativa os boleiros, mas, como no marketing, tudo se encaixa quando as vitórias acontecem. Quando o encanto acaba, o tiroteio começa. Foi assim na gestão Ricardo Gluck Paul, quando Hélio se indispôs com o executivo Felipe Albuquerque.

De toda sorte, é legítimo supor que não havia um nome melhor para dirigir o PSC a essa altura, em situação espinhosa na tabela de classificação da Série C. Como Marquinhos Santos, Hélio chega prometendo o acesso, do jeito que o torcedor gosta de ouvir. Se vai conseguir com o elenco atual, é outra história.

O importante é que a simples notícia de sua contratação fez a galera logo esquecer, como por encanto, as trapalhadas do goleiro Gabriel na sofrida derrota para o Botafogo-PB na véspera. Já é um bom começo.

Muriqui recuado diminui qualidade ofensiva do Leão

Um dos grandes reforços do Remo para a temporada, o atacante Muriqui não tem feito gols com a frequência esperada. E vai custar a fazer de novo se continuar a executar uma função mais recuada, quase um meia-armador, compondo o quadrado de meio-campo azulino, desde que Ricardo Catalá assumiu o comando técnico da equipe.

Pela idade e as limitações físicas naturais, Muriqui deveria ser posicionado na linha de frente, o mais próximo possível do gol. Atualmente, ele fica ao lado de Pablo Roberto, Rodriguinho e Uchoa, enquanto Pedro Vitor e Fabinho atuam de forma mais avançada.

É compreensível a preocupação de Catalá em ter um ataque mais fortalecido, com jogadores mais ágeis e fortes. Ocorre que, com isso, ele desperdiça o atacante mais cerebral do elenco. Muriqui pode não ter mais fôlego para piques de 30 metros, mas ainda é uma referência de qualidade com e sem a bola nos pés.

Por sinal, o posicionamento dele sem a bola é um dos trunfos do Remo, curiosamente pouco explorado nas últimas rodadas. O fato é que, não apenas pela falta dos gols, Muriqui parece subutilizado na equipe. Recebe no meio, toca para os lados, recua bola para os zagueiros, mas raramente aparece atuando na vertical.

Catalá talvez pudesse escalar o experiente atacante no segundo tempo das partidas, em sua função original, dentro da área, e com maior possibilidade de levar vantagem sobre zagueiros mais cansados. Do jeito como o Remo se distribui em campo, ele praticamente não participa do jogo, o que é um prejuízo tremendo para o time.

Contra o Figueirense, sábado passado, no estádio Jornalista Edgar Proença, Muriqui teve movimentação interessante no primeiro tempo, quando ficava mais à esquerda, aguardando a troca de passes com Pedro Vítor e Pablo. Quando o jogo ficou complicado, na etapa final, ele perdeu espaço e companhia para as articulações.

À frente de Muriqui estava o centroavante Rafael Silva, estreante de pouca mobilidade, de participação quase nula no jogo. Só quando Rafael foi substituído, a 20 minutos do fim, Muriqui entrou na área. Teve uma chance em jogada aérea, mas o cabeceio saiu desequilibrado. Seria mais proveitoso que estivesse ali desde os primeiros minutos.

Punição ao Papão pode deixar Re-Pa sem público

Os socos e pedradas entre torcedores no jogo Operário-PR x PSC, em Ponta Grossa, podem causar um tremendo prejuízo financeiro à dupla Re-Pa. O STJD anunciou ontem punição para os dois clubes, a ser cumprida em 10 dias. Tanto Operário quanto PSC irão cumprir duas partidas sem público pagante, embora seja permitida a presença de mulheres e crianças.

O problema é que, no caso do PSC, a sentença acaba atingindo diretamente o Remo. É que o clássico marcado para o dia 17 de julho, tem arrecadação dividida, apesar do mando bicolor. Esta talvez seja a única linha de argumentação junto ao STJD para que o prazo seja prorrogado. A outra alternativa é solicitar à CBF o adiamento do Re-Pa.