Bola

Paredões reverenciam a história de Vinícius no Remo

Tylon Maués

A chegada do adeus de Vinícius traz à memória outros jogadores que vestiram a camisa 1 do Clube do Remo e com ela fizeram história. Do alto de seu 1m75, Frederico Chimiti Neto, o Dico, 74 anos, é apontado até hoje como o maior arqueiro da história azulina. Ele afirma que, a despeito da altura e das diferenças de longevidade nas carreiras – Vinícius tem 1m90 -, vê muitas similaridades nas trajetórias.

“O Vinicius teve um período muito bom com a camisa do Remo, um excelente jogador, um grande caráter. Vejo ele tecnicamente como um dos melhores dos últimos tempos no Remo. Inclusive me identifico muito com ele porque é um jogador humilde, dedicado, muito disciplinado fora de campo, um profissional de grupo, assim como eu fui quando jogador. Mas a idade chega para todo mundo. Eu tive outro tempo, com algumas lesões e parei aos 29 anos. Felizmente ele pôde jogar até mais tempo, ele está com quase 40 anos, o que realmente dificulta um pouco. Mas ele tem essa história no Clube do Remo”.

Dico destaca que as exigências das duas atividades que o goleiro vinha exercendo talvez tenha o atrapalhado nos últimos tempos. “Nos últimos tempos ele teve que se dividir entre jogador profissional e político, né? Como vereador. Não sei se isso atrapalhou a ele um pouco, porque para quem é goleiro de um clube de massa a exigência é muito grande, a atenção tem que ser total. Não sei se já atrapalhou, mas são duas (profissões). Exigem muito foco, muita dedicação das pessoas”.

Entre idas e vindas, Adriano “Paredão” Andrade, hoje com 48 anos, exalta a carreira e a história de Vinícius no Remo, a quem chegou a enfrentar no final da carreira. “O Vinicius tem uma história muito bonita no Clube do Remo, fez parte de momentos importantíssimos, mas a vida é feita de ciclos. Infelizmente, é assim que funciona na nossa carreira. Eu tive meu tempo, ele teve o dele. Então, acredito que é uma coisa normal do futebol, uns vem, outros vão, mas a história dele, linda, vai ficar para sempre”.

Ivair do Rosário, o Nego Gato, foi o último goleiro paraense a ser titular e ter uma sequência significativa com a camisa do Leão Azul, em especial na campanha na Copa João Havelange, em 2000. Foram nove anos no Baenão. Aos 55 anos, ele ressaltou também o lado profissional do ídolo azulino.

“A carreira do Vinícius é brilhante, como goleiro e como pessoa. Tive alguns contatos com ele e conversamos algumas vezes, sei que ele era um cara dedicado, alguém que gostava do clube, parecia que ele era paraense, talvez por isso essa dedicação toda que ele teve com o Clube do Remo, jogando tanto tempo aqui, em tão alto nível. Ele foi um dos melhores goleiros que eu vi jogar aqui no futebol paraense nos últimos anos. Estava na hora, acontece, todo mundo chega em um momento em que vai ter que parar, mas a história dele ninguém vai tirar. O futebol funciona assim, a nossa carreira funciona assim. Uma hora você tem que parar, você tem que dar espaço para os mais jovens, e chegou o momento dele parar com uma carreira maravilhosa”.