Tylon Maués
A expectativa de que na apresentação oficial do novo executivo de futebol do Clube do Remo, Sérgio Papellin, houvesse o anúncio dos primeiros contratados para 2024 foi frustrada. “Temos que ter cautela. O sigilo é a alma do negócio”, comentou. De acordo com Papellin, o clube está em negociações avançadas com alguns atletas, mas não assinou com ninguém ainda.
Ele comentou sobre o projeto que o atraiu a Belém, de levar o Leão Azul a patamares mais altos. “Gestão de futebol só se completa quando se tem um resultado em campo. Nós vamos trabalhar muito para conseguir elevar o Remo a divisões acima, que na pior das hipóteses era para estar numa Série B, e nós vamos fazer o possível e o impossível para que em 2024 a gente consiga nosso objetivo”.
Um dos principais fatores de convencimento para tirar Papellin de um clube de primeira divisão, o presidente Antônio Carlos Teixeira destacou os esforços para trazer de volta ao Baenão o executivo.
“Era um sonho antigo meu, de todos que amam esse clube. O Papelin representa um case de sucesso onde ele passou e ele vai representar isso aqui dentro do nosso clube. O nosso projeto de profissionalizar 100% o departamento de futebol e, acima de tudo, o nosso planejamento de conquistas, do acesso para a Série B e, futuramente, buscar o acesso para a Série A”.
Papellin lembrou que a relação com o Leão vem desde 2008, quando trabalhou no clube em sua primeira experiência fora de seu estado natal. Mesmo em uma época muito difícil, com o clube sem dinheiro, inclusive tendo que se desfazer de sua sede campestre para pagar dívidas, ele garante que teve uma experiência muito boa.
“Trabalhei aqui numa época difícil, mas foi muito prazeroso. Sempre falo que a minha segunda terra é Belém do Pará. Agora, encontrei o Remo numa situação muito melhor do que da outra vez que eu passei aqui, infinitamente melhor. Mais estruturado, um clube que conseguiu sanear suas dívidas e que hoje está preparado para alcançar um novo patamar dentro do futebol”.
Em entrevista coletiva, Papellin discorreu sobre a formação do elenco, de um trabalho que vai iniciar mais tarde por causa da busca de atletas que estavam na Série B, da dificuldade de se trazer jogadores de fora do país, das dificuldades dentro do Campeonato Brasileiro na busca pelo acesso, até sobre a pressão pelo fato de o maior rival ter chegado antes na Segundona.
TRABALHO EM CONJUNTO
“A gente trabalha muito em parceria com o treinador. Nós estamos buscando jogadores de qualidade para jogar aqui no Clube do Remo. Não é qualquer jogador que chega aqui e veste essa camisa. Já vi muito jogador chegar aqui e amarelar, então não pode ser alguém que venha roubar o Clube do Remo. Você tem que ter jogador que queira aproveitar a oportunidade para crescer. Nós estamos buscando jogadores mais experientes e também mais jovens, jogadores com qualidade. E a gente tem muito critério para escolher as peças certas para que a gente recomece a temporada montando uma boa equipe. E justamente porque é pelas competições que nós vamos ter. Tem a Copa do Brasil, que hoje é a competição talvez mais rentável do Brasil. Então, temos que ter equipe boa para ir passando de fase”.
ELENCO ENXUTO
“Sou do pensamento que temos que ter um elenco enxuto. Assim você tem mais condições de contratar jogadores com mais qualidade, entendeu? Acho que temos que dar oportunidade nesse começo de campeonato para alguns jogadores mais jovens daqui da região, mas a ideia é começar a temporada com o elenco montado já, com a estrutura montada para que esse elenco seja o elenco que vai disputar a Série C”.
JOGADORES ESTRANGEIROS
“Quando você traz um jogador argentino para o Rio Grande do Sul, a adaptação dele é bem mais fácil, fica próximo a sua terra natal, o clima ajuda. Então, aqui para a região, na minha visão, você tem que procurar trazer jogadores aqui da Venezuela, Bolívia, Peru. Eu acho que a adaptação seria mais fácil. Até essa semana eu procurei me informar sobre um estrangeiro que enfrentou Fortaleza esse ano, que é dessa região aqui, para saber como é que está a condição, para ver se tem possibilidade de trazer para Belém. É um jogador interessante, mas ainda não temos negociação nenhuma com nenhum estrangeiro”.
NEGOCIAÇÕES SIGILOSAS
“A gente procura trabalhar no maior sigilo possível. Às vezes, você vai buscar um jogador que ninguém lembra mais e quando vaza na imprensa, aí outros clubes vão atrás e terminam encarecendo a negociação, entendeu? Estamos buscando bons nomes e na hora que acertar o pré-contrato, chegar aqui, a gente vai divulgar. Estamos trabalhando muito, ontem (anteontem) eu cheguei aqui à tardinha, saí daqui quase às 11 horas da noite, a gente vai no contato com alguns amigos, alguns jogadores para ver se a gente consegue, já até o começo do mês que vem, estar com estrutura de time montada. Temos alguns jogadores que já estão bem encaminhados para fechar”.
COMEÇO MAIS TARDE
“Jogadores de qualidade ainda estavam na Série B do Brasileiro. Muitos deles não esperam terminar a competição para poder ver onde vai aparecer o contrato para eles, entendeu? A gente podia ter saído antes, né? Há alguns jogadores interessantes da Série C, que já estão de férias, mas nós estamos atrás de bons nomes”.
INÍCIO DOS TREINAMENTOS
“Nós conversamos e alguns jogadores que estão jogando Série B e até a Série A têm direito a 30 dias de férias. Não tem como eles terminarem uma Série B agora e se apresentarem dia 15 de dezembro. A não ser que o cara tenha essa disponibilidade, porque geralmente nesse período eles aproveitam para marcar casamento, viajar para o exterior, por exemplo. Estamos vendo os jogadores que já puderem estar aqui dia 15, já fazem exames médicos, já dá uma adiantada, começa a trabalhar, principalmente os da casa, para no dia 18 o (treinador) Ricardo Catalá já começar os treinos”.
DE OLHO NO RIVAL
“Se o Paysandu está na série B é porque tem os méritos dele. Nós vamos fazer a nossa parte, temos que trabalhar pensando no Remo. Lá no Ceará a preocupação também é muito assim, com o rival. Às vezes, você se preocupa com o outro e esquece do seu. O ideal é você pensar, focar no seu trabalho aqui e procurar subir de divisão para poder disputar no mesmo patamar”.
CAMPEONATO BRASILEIRO
“A Série C é uma competição difícil, mas mais difícil. Eu acho que a gente tem uma condição de trabalho melhor de conseguir o objetivo, o acesso. A gente vai contratar de acordo com o que o Remo pode pagar. A grande camisa pesada do Remo é o pagamento em dia, entendeu? Isso é o que nós queremos aqui, ter credibilidade no mercado. Quando você ligar para o jogador e ele dizer aos amigos que aqui o mês tem 30 dias. Isso é muito importante na hora de contratar”.
ATLETAS REGIONAIS
“Aqui na região tem jogadores de qualidade, jovens com potencial. Teremos quatro competições e é importante os jogadores que tiverem se destacando possam aparecer a fim de fazer ‘caixa’ para o clube numa venda futura. Temos que revelar novos jogadores como o Rony aqui no Remo. Tivemos o Welber que foi jogar no São Paulo, Rogerinho, Cicinho e Da Silva. São jogadores jovens que a necessidade do clube de não poder contratar acabou colocando um jogador para entrar em campo e que acabou revelando jogadores”.