LADO B DA HISTÓRIA

Papão 111 anos: as origens do Paysandu como “time do povo”

Descubra a história e destaques do Paysandu, um dos clubes mais populares do futebol brasileiro, que completa 111 anos de fundação.

Neco lembra que o campo acaba sendo adquirido pelo Paysandu, em 1918, com o esforço de Leônidas Sodré de Castro e outros abnegados do clube, o que o torna hoje o estádio mais antigo de Belém, com a alcunha de “Vovô da Cidade”
Neco lembra que o campo acaba sendo adquirido pelo Paysandu, em 1918, com o esforço de Leônidas Sodré de Castro e outros abnegados do clube, o que o torna hoje o estádio mais antigo de Belém, com a alcunha de “Vovô da Cidade”

O Paysandu, um dos clubes mais populares do futebol brasileiro, está no “berço” neste domingo, dia 2 de fevereiro, comemorando 111 anos de fundação, ocorrida no ano de 1914. O Papão da Curuzu, alcunha que ganhou do jornalista Everardo Guilhon, do jornal A Vanguarda, na década de 1940, acompanhou “pari passu” o crescimento populacional da cidade de Belém, acabando por se transformar no chamado “Time do Povo”, conforme Márcio Neco, 46 anos, pesquisador da história da capital paraense e, declaradamente, torcedor do time bicolor.

O crescimento urbano de Belém, diz Neco, se deu a partir da concentração populacional da cidade nas áreas da Cidade Velha, Campina e extensões de Nazaré em direção a São Brás, onde a prática do esporte deixa de ser somente para as elites e passa a ser praticada pelos mais simples, sobretudo os operários que trabalhavam em pedrarias no entorno do bairro de São Brás. A prática do futebol se dava no que hoje é a praça Floriano Peixoto, localizada em frente ao Mercado que leva o nome do bairro.

Nesse contexto de popularização do futebol, ocorre o nascimento do Paysandu, surgido com bases mais populares que já o diferenciava de seu maior rival, o Clube do Remo, formado pela base aristocrática de Belém. “Esse processo histórico é fundamental para que mais tarde o Paysandu venha a se consolidar como o time do povo”, explica o pesquisador, lembrando que o fato de o Paysandu passar a jogar no campo da firma Ferreira & Comandita, local da prática do futebol por operários, ratificou a popularidade do clube bicolor.

Márcio Neco, 46 anos, pesquisador da história da capital paraense e, declaradamente, torcedor do time bicolor.
Márcio Neco, 46 anos, pesquisador da história da capital paraense e, declaradamente, torcedor do time bicolor.

Neco lembra que o campo acaba sendo adquirido pelo Paysandu, em 1918, com o esforço de Leônidas Sodré de Castro e outros abnegados do clube, o que o torna hoje o estádio mais antigo de Belém, com a alcunha de “Vovô da Cidade”. Posteriormente, na década de 1940, mais especificamente em 47, a diretoria do clube lança uma “campanha popular” de aquisição de tijolos para o erguimento do estádio. Isso acaba por gerar uma grande mobilização popular, fazendo com que a população mais humilde, apaixonada pelo clube, se mobilizasse na doação de tijolos em pequenas quantidades.

A construção do estádio da Curuzu, como costuma ser chamado hoje, acabou por ratificar a condição de clube do povo. O pesquisador ressalta que muitos torcedores pertencentes a famílias bicolores provavelmente possuem parentes que no passado ajudaram na construção do “Vovô da Cidade”, palco de grandes conquistas do clube, apoiado por sua fiel torcida, comprovadamente popular, mantendo a tradição iniciada já no nascimento do clube bicolor.

O rosário de títulos conquistados pelo Paysandu nas décadas de 1950 e 1960, época do ídolo Quarentinha, fez com que o clube ultrapassasse o seu maior rival em número de títulos e, ao mesmo tempo, o igualasse em número de torcedores, o que faz com que os dois clubes dividam a população paraense ao meio, fazendo com que não se possa afirmar com certeza qual deles possui a maior torcida.