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'O Re-Pa não é para amadores', afirma Gerson Nogueira

A reclamação azulina é referente ao primeiro Re-Pa decisivo, vencido por 2 a 0 pelo Papão. A alegação é de interferência do árbitro de vídeo (VAR)
Além do gramado, o Re-Pa decisivo do Parazão deste domingo, 13, também está sendo disputado no tapetão Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

Por Gerson Nogueira

A sorte socorre os valentes

 

O Re-Pa não é para amadores. É um jogo especial, diferente de tudo. A história mostra isso. Em função da alta emoção, alguns jogadores sentem o impacto e não rendem o que deles se espera. Outros se inflamam e jogam muito mais do que poderiam. Na semifinal da Copa Verde, ontem, no Mangueirão, essas reações se mostraram mais vivas e expostas do que nunca. E o Papão mostrou-se forte e preparado mentalmente para superar duas expulsões e garantir classificação nas penalidades.

No tempo normal, em partida eletrizante e com dois expulsos (ambos do PSC), o placar terminou 1 a 1. Na série extra de penalidades, o Papão triunfou (4 a 3) porque teve mais gana. Se os 90 minutos já são calibrados pelo lado anímico, a cobrança de tiros livres da marca do pênalti potencializa mais essa combustão emocional. Nos tiros livres, ficou claro que os bicolores estavam mais preparados, inclusive mentalmente.

Mas, primeiro vamos falar do jogo, que foi bonito de ver ao longo dos 90 minutos. Depois de muito equilíbrio nos minutos iniciais, sem chances claras de gol, as redes balançaram quase em sequência, aos 33 e 35 minutos. Bryan Borges aproveitou o sururu na área e marcou para o Papão. Dois minutos depois, Paulinho Curuá tocou para Bruno Bispo empatar.

A primeira parte terminou com a promessa de fortes emoções no período final. E foi o que aconteceu. Os times retornaram jogando em alta velocidade. Ronald entrou no lugar de Marco Antônio e o Remo se tornou mais agudo pela esquerda.

O PSC trocou Robinho e Leandro Vilela por Biel e Val Soares. E foi o primeiro a ameaçar de verdade. Aos 2 minutos, em escanteio cobrado por Jean Dias, Nicolas errou o cabeceio embaixo da trave. A bola saiu por cima.

Aos 4’, resposta azulina: Ronald chutou, a bola desviou e o goleiro Diogo Silva espalmou. Kelvin pegou o rebote de cabeça e o goleiro salvou outra vez. Aos 8’, foi a vez de Matheus Anjos bater forte para nova defesa de Diogo.

Depois dessa volúpia inicial, o clássico esfriou um pouco e a marcação passou a prevalecer, com Paulinho Curuá de um lado e João Vieira do outro. Novas emoções apenas depois dos 30 minutos. Felipinho entrou no lugar de Kelvin e Sillas substituiu Ribamar, dando mais mobilidade ao ataque.

Aos 37’, Felipinho lançou Sillas, que deu um passe na medida para Ronald, que estava livre na área. O ponta se precipitou e bateu rasteiro à esquerda da trave, desperdiçando a melhor chance remista no jogo. Poderia ter dominado a bola e escolhido o canto.

Aos 38’, Wanderson foi expulso por falta violenta em Ronald. O PSC perderia ainda Biel, que atingiu Nathan com um pontapé. Apesar de inferiorizado, o Papão foi mais aguerrido e conseguiu criar mais chances de gol, inclusive com uma bola na trave, salva milagrosamente por Nathan.

Sem iniciativa, o Remo teve oito minutos para aproveitar a vantagem numérica e não deu um chute a gol. Nos penais, onde sorte e competência andam de mãos dadas, deu PSC por 4 a 3. Classificação merecida.

 

 

Mentalidade vitoriosa fez toda a diferença no fim

 

Dois momentos evidenciaram a diferença entre um time mentalmente preparado e outro ainda em fase de arrumação. O PSC tinha tudo para sair do Mangueirão ontem com uma derrota: perdeu dois jogadores na reta final da partida. O Remo teve oito minutos para conseguir a vitória, mas se perdeu em passes improdutivos na meia-cancha e indecisão na hora de arriscar tudo em busca do segundo gol.

Ao contrário, mesmo com dois jogadores a menos, o Papão não se acomodou naquela velha e surrada prática de recuar todo mundo para se resguardar. Com valentia, brigou pela bola no meio e saiu em vantagem, conseguindo duas faltas e ainda criar um ataque que quase resultou em gol.

Aos 49 minutos, com três jogadores na área do Remo, o PSC quase chegou ao gol. Marcelo Rangel soltou a bola e Ruan Ribeiro chutou na trave esquerda. Quando ia entrar no gol, Nathan conseguiu afastar.

Na cobrança dos tiros livres da marca do pênalti, o Papão começou mal. O artilheiro Nicolas perdeu a primeira. Só que o Remo falhou também logo em seguida, com Sillas. Quando a contagem poderia ser empatada de novo, Jaderson cobrou, o goleiro Diogo Silva tocou na bola, que bateu caprichosamente no travessão e saiu.

Sorte? Os simplistas diriam que sim, mas o futebol tem outros fatores capazes de influir numa disputa. As chances que o Remo teve para definir, no tempo normal e nos pênaltis, não poderiam ser desperdiçadas. O PSC teve frieza e confiança na dose certa para reverter e sair vencedor.

 

 

Enfim, um Re-Pa com arbitragem decente e impecável

 

Arthur Gomes Rebelo, árbitro do Espírito Santo, deu um show à parte. Apitou sobriamente, sem espalhafato e com presença sempre próxima aos lances. Não deu brecha para reclamações, expulsou quando foi preciso, amarelou na medida certa, inclusive o técnico Hélio dos Anjos (PSC).

Ficou claro que, ao contrário de Bráulio da Silva Machado, o desastrado apitador catarinense do clássico de domingo (7), que as coisas seriam bem diferentes. Sem pestanejar, Arthur Rebelo deu logo cartão amarelo para Robinho, Leandro Vilela e Paulinho Curuá.

Controlou o jogo, afastou os reclamantes e tratou de deixar o clássico fluir, como deveriam fazer todos os árbitros. Quando a partida terminou no tempo normal, só os mais afoitos ousariam protestar contra a atuação irretocável do capixaba. E ele não teve o VAR para servir de escudo e desculpa.