Tylon Maués
Ontem era para ter sido o primeiro dia de trabalho de Marquinhos Santos mais uma vez como técnico do Paysandu. Mas, ainda na quarta-feira, no dia de sua chegada a Belém, ele teve que intervir no intervalo do jogo contra a Aparecidense-GO, quando o time bicolor não apresentava um bom futebol. Nesta quinta-feira ele comandou o elenco pela primeira vez. Interino na estreia da Série C, Wilton Bezerra comentou sobre a ajuda do novo comandante. “Voltamos para o segundo tempo com o apoio do nosso torcedor e com a conversa muito vibrante do professor Marquinhos, que já dentro do intervalo conversou com o grupo. O mais interessante é que, mesmo não tendo feito um bom primeiro tempo, voltamos com a mesma equipe e mostrando um outro futebol”, disse Bezerra. Ontem, apresentado oficialmente, Santos garantiu que voltou porque tem uma relação diferenciada com o Paysandu, clube que dirigiu em partes de 2017 e 2018. Em entrevista coletiva, ele falou sobre o seu retorno, a relação com o clube e a torcida, os anos difíceis na carreira e um passado recente de conquistas pessoais. Confira.
RETORNO – “Em especial, em poder voltar a Belém, junto dessa torcida, e recolocar o Paysandu do qual trabalhei, que foi na Série B (2017). Aquele momento foi muito importante para me recolocar no mercado, onde poucos acreditavam no Marquinhos Santos. Eu passava por um momento muito difícil na minha vida profissional e financeira. O Paysandu foi quem me abriu as portas para que eu pudesse ter a trajetória na qual tive nos últimos anos, de muitos sucessos e conquistas. Trabalhei aqui antes em um momento delicado da minha vida, profissionalmente e até financeiramente. Vim através do André Mazzuco, que também foi muito criticado na época e hoje é o executivo do líder da Série A (Botafogo-RJ)”.
PROJEÇÕES – “Volto com o Paysandu buscando sua recolocação no cenário nacional. Foram cinco anos longe, de muito aprendizado, de conquistas e derrotas. Hoje estou mais maduro e melhor preparado. O torcedor bicolor tem meu respeito, sempre teve, independentemente do que ele pensa de mim. Time grande como o Paysandu tem que ter essa cobrança. O acesso é consequência. O Paysandu é grande e tem que mirar o título. Eu volto com esse pensamento. Quando o Paysandu pisar na Série B, com essa torcida e essa gestão, será para ir para a primeira divisão”.
PRIMEIRA IMPRESSÃO – “O que eu vi todos viram. O time começou nervoso, correndo a mais. No intervalo eu intercedi taticamente e deu certo, os atletas compraram a ideia. A reação dos atletas me deixou muito satisfeito após alguns resultados ruins recentes. O time soube se recuperar diante da cobrança da torcida e a torcida do Paysandu, que é enorme, cobra demais como tem que fazer mesmo (…) A equipe ainda não entregou os resultados que a torcida espera. Tudo acontece em seu tempo. Chego em um momento de pressão, com o time não tendo uma boa atuação tecnicamente e taticamente, mas a mentalidade do time foi muito boa, buscando a vitória de virada diante de um time muito bem treinado por um técnico que está há um bom tempo lá”.
CRESCIMENTO – “O Paysandu não tem tempo a perder, porque a Liga está sendo formada e deve ser estabelecida provavelmente em 2025. As equipes que não estiverem entre as 40 principais (Séries A e B), vão ficar muito atrás na questão orçamentária e a tendência é ter uma diferença cada vez maior. Temos esse tempo para recolocar o Paysandu onde é o seu lugar. O trabalho é árduo, é difícil. Precisamos que o Paysandu acredite e jogue conosco. Não vamos vencer todos os outros 18 jogos. Que o torcedor possa se manifestar contrário depois do jogo, mas durante os 90 minutos possa nos apoiar, porque tem que jogar junto. Sei da dificuldade que é jogar aqui”.
REFORÇOS – “As contratações são tratadas de maneira interna e já estamos conversando sobre isso. Vamos qualificar mais ainda o material humano que temos. Mas confio nesse elenco que está aqui. Acredito que com o decorrer dos treinos e vamos qualificar mais o time (…) No futebol brasileiro a gente tem que acelerar processos, pois quase não há tempo. Conheço alguns jogadores do elenco, mas não todos. Estamos acelerando processos para que os atletas entendam o quanto antes minha filosofia de jogo. O que posso garantir é que o Paysandu será de raça e coração, lutando por todas as bolas, com qualidade e organização do time”.
MANTRA – “As noites serão mais curtas e os dias mais longos: É um mantra que eu adotei na vida, profissionalmente falando, porque o futebol demanda muito tempo. Muitas vezes abdicamos de amigos e da família para entregarmos o melhor resultado para o clube que nos contrata. Eu sou apaixonado por futebol, por aquilo que faço. O trabalho é árduo aqui, por tudo que estamos acompanhando, mas com a certeza que Deus nos colocou na hora, acreditando nesse elenco e no torcedor. No próximo jogo já deve ser um Paysandu diferente, mas longe do que pretendo. Serão poucos dias de treinamentos até a partida”.