SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Morreu José Aparecido de Oliveira, 71, árbitro marcante do futebol brasileiro entre os anos 1980 e 1990. A morte foi comunicada nesta terça-feira (20) pelo Safesp (Sindicato dos Árbitros de Futebol do Estado de São Paulo), que deu detalhes sobre velório e sepultamento, em Santo André, mas não divulgou a causa.
Nascido em Taquaritinga, o paulista chegou a ser membro do quadro da Fifa (Federação Internacional de Futebol). Apitou jogos da Copa Libertadores da América e das Eliminatórias da Copa do Mundo.
Aparecido ficou mesmo marcado, no entanto, por dois clássicos entre Corinthians e Palmeiras. O primeiro deles foi realizado em 1991, com vitória alviverde por 2 a 1. Expulso, o alvinegro Neto cuspiu em sua cara. Anos mais tarde, em reencontro, pediu desculpa.
O episódio foi recordado nesta terça pelo próprio Neto, hoje apresentador da Band, no programa “Os Donos da Bola”. “Fui covarde, vagabundo e racista. Que todos aqueles foram racistas hoje sejam antirracistas. Tudo de bom para a família”, afirmou.
Os pedidos de desculpa foram aceitos por José Aparecido. Para ele, o corintiano tinha mostrado “grandeza e humildade de reconhecer que errou”. O então ex-árbitro ainda elogiou seu trabalho como comentarista.
Em 1993, Neto estava em campo em outro jogo apitado pelo juiz de Taquaritinga. Era a final do Campeonato Paulista de 1993, até hoje muito festejada por palmeirenses e lamentada por corintianos.
Ainda no primeiro tempo, o juiz não expulsou Edmundo, do Palmeiras, por uma voadora em Paulo Sérgio. Ele, que já tinha mostrado cartão vermelho a Henrique, do Corinthians, por ter parado contra-ataque com falta em Edílson, preferiu exibir apenas o amarelo ao atacante.
A formação alviverde, que já vencia por 1 a 0, fez mais dois gols até o fim dos 90 minutos. Na prorrogação, marcou mais um. O time preto e branco terminou o clássico com oito jogadores, também foram expulsos Ronaldo e Ezequiel. O verde e branco, com dez, Tonhão levou vermelho.
Em entrevista ao UOL em 2016, José Aparecido reconheceu que Edmundo não poderia ter permanecido em campo. “Provavelmente, eu poderia ter expulsado se tivesse visto a falta em um outro ângulo, se estivesse no ângulo que me permitisse ver a expressão do Edmundo…”
Ele relatou ter sofrido várias ameaças após aquela partida e teve de deixar a cidade de São Paulo por um tempo. Nos últimos anos, vinha trabalhando como auditor no TJD (Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo) da FPF (Federação Paulista de Futebol).
“Uma coisa que alavancou minha carreira foi que eu nunca tive medo de nada.”