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Média de idade alta do elenco requer cuidados extras no Paysandu

Tylon Maués

Na véspera do jogo contra o Bragantino, na última terça-feira, o preparador físico do Paysandu, Jayme Ferreira, comentou sobre as peculiaridades do elenco atual e o do ano passado, em especial quanto às diferenças de idades entre eles. “A média de idade é maior que no ano passado. (No amistoso) Contra a Tuna, por exemplo. A média era de mais de 30 anos e isso requer cuidados”, explicou Ferreira. Uma comparação entre os elencos, apenas com jogadores de linha, aponta que em 2022 a média de idade era de 28,7 anos e a atual é de 31 anos. É uma conta ligeira, não totalmente correta pois do ano passado contou-se todos os jogadores que passaram por toda a temporada.

A duração da carreira de um jogador profissional continua sendo curta quando comparada às outras profissões, com média de 15 a 20 anos, no máximo. De acordo com o instituto Universidade do Futebol, referência brasileira e mundial em estudos, pesquisas e práticas de qualificação profissional e excelência no futebol, no Campeonato Brasileiro da Série A de 2018 foi identificado um aumento de 33% no número de jogadores com 35 anos, ou mais, que atuaram em pelo menos quatro jogos da competição. A comparação foi feita com dados obtidos no ano de 2011 do mesmo campeonato, quando apenas 24 atletas competiam com 35 anos ou mais contra 32 atletas presentes no levantamento realizado em 2018.

O aprimoramento de todos os procedimentos de preparação física e mudança dos hábitos cotidianos dos jogadores influenciaram nesse prolongamento da “vida útil” dos atletas. O auxiliar-técnico do elenco profissional do Papão, Marcinho, considera pequeno esse aumento, por isso foram mantidos os princípios, a preparação e o estilo de jogo. “É claro que precisamos ter um controle de volume, um controle de treino, mas hoje o Paysandu conta com profissionais capacitados e com equipamentos que fazem a gente ter êxito na preparação”, disse.

A reformulação do elenco de um ano para o outro mudou um pouco a forma de jogar. Marcinho conta que a busca nas contratações um perfil de atleta para que fosse mantido o perfil agressivo, ofensivo, o que é um padrão histórico do Paysandu. “Hoje temos um pouco de mais de posse de bola, mas continuamos sendo um time ofensivo”.

Em 2023, o Paysandu está utilizando mais jogadores da base. O lateral-esquerdo Juan Pitbull, o zagueiro Iarley e o atacante Roger foram os que tiveram mais oportunidades. Para Marcinho, filho de Márcio Fernandes, isso deve ser uma constante. “Esse é um perfil do nosso treinador, ele tem esse DNA de trabalhar com jogadores da base. Até por isso temos essa busca por jogadores com idades mais baixas e jogadores que foram formados nos clubes por onde passamos”.

Atual elenco bicolor tem média de idade superior ao da temporada passada e Jayme Ferreira trabalha com isso em mente – Foto: Jorge Luis Totti/PSC

Jayme Ferreira: “O Paraense é uma grande escola para os preparadores físicos”

O preparador físico do Paysandu, Jayme Ferreira, falou sobre o trabalho em conjunto de todos os setores que envolvem o futebol profissional para melhorar a condição atlética dos jogadores, o que tem como uma das consequências uma maior longevidade em alto rendimento. Confira:

P – O fato de o elenco atual ter uma média de idade maior em relação ao do ano passado mudou muito a forma de preparação?

R – “Toda forma de preparação tem que ser mais individualizada, com um controle maior dos treinamentos e na recuperação. Por isso são feitas várias análises, testes e exames para manter todos os atletas aparentemente no mesmo nível”.

P – O que muda na preparação para o Parazão, com campos pesados e pouco tempo de descanso, com a da Série C, com campos melhores, mas viagens longas entre os jogos?

R – “O Paraense é uma grande escola para os preparadores físicos. As condições dos campos, o clima, a umidade, tudo nos exige uma atenção e preocupação diferenciadas. Na Série C as preocupações maiores são as viagens, que são longas. Os gramados são melhores. O clima também muda diante de cada região e quanto a isso temos que nos adaptar”.

P – Antes dizia-se que com 32 anos o atleta já era veterano. Com os avanços na preparação física, principalmente, essa “vida útil” do atleta de futebol se estendeu?

R – “Não só a preparação física, como a fisiologia, a nutrição, a fisioterapia e a medicina esportiva nos dá um embasamento diferenciado de algumas coisas nos treinamentos desses atletas acima de 32 anos. A prova é que vários jogadores continuam mantendo a mesma boa performance. O Naylhor, por exemplo, tem 35 anos e desde que chegou fez todas as partidas e continuou assim esse ano”.