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Marcelo Cabo dá recado na chegada ao Baenão: veio para subir de divisão

Texto: Matheus Miranda

O novo treinador do Clube do Remo, Marcelo Cabo, deu o recado de maneira categórica após assumir o comando técnico em seu primeiro desafio na carreira em uma equipe da região Norte: voltar à Série B do Campeonato Brasileiro com o Clube do Remo, com um planejamento de sucesso para ambos os lados. O foco, ao lado das ambições e mecanismos que serão montados para a próxima temporada, foram abordados pelo profissional de 55 anos em sua apresentação oficial na função, na tarde de ontem (26), no estádio Baenão, em Belém.

Pelo Leão Azul, o treinador fará a sua estreia pela terceira divisão, algo que o próprio classificou como um desafio profissional para comprovar o valor de um plano estrutural a médio prazo. Acostumado com as Séries A e B nacional, Cabo fechou contrato com o Mais Querido no começo da semana como um nome pesado para o carro-chefe em 2023. Com o negócio agora concretizado, cabe lembrar que Marcelo Cabo esteve próximo de comandar a equipe paraense pela Série B de 2021. O próprio explicou a não vinda anteriormente para o acordo, agora, em um nível abaixo em termos de competitividade.

“Contextualizando a minha não vinda antes, eu estava apalavrado com uma equipe da Série A, o Atlético-GO. E acho que a palavra do homem vale mais do que qualquer documento. Falei que em outra oportunidade iríamos trabalhar juntos. Treinei por duas vezes aqui, conheci as instalações, o trabalho que o presidente vem fazendo. A credibilidade da diretoria me fez olhar com bons olhos. E a força da torcida. Trabalhar em um clube de massa com a torcida do Remo sensibiliza. Essa junção de fatores me fez entender que, para 2023, a escolha do Remo foi a certa”, avaliou.

Com um currículo de expressão, entre acesso e taça conquistada pela Série B recente (2016) e uma experiência única com seleções em Copa do Mundo, Marcelo Cabo ponderou a sua vinda a Belém com uma missão transparente. “Eu vim para a Série C com o Remo para voltar pra Série B, com o Remo. Não vim aqui para passar três, quatro meses. Meu planejamento profissional é vir aqui trabalhar pela primeira vez em uma Série C para subir com o Remo. Isso é planejamento de carreira. É uma opção também porque eu gosto da cidade. A gente tem um planejamento muito sério. Quem não preencher o nosso perfil, está fora”, resumiu. Confira a seguir outros tópicos abordados pelo treinador azulino.

Técnico e diretoria, agora, vão trabalhar na montagem do elenco para a próxima temporada – Foto: Samara Miranda/Remo

GESTÃO DE ELENCO
“Hoje o treinador é um gestor de pessoas, de vestiário. Acho que tudo na vida é equilíbrio. Tudo na vida é disciplina. Você quando chega em um clube do tamanho do Remo, tem que ter o equilíbrio necessário para atingirmos os resultados necessários. A gente é gestor, disciplinador. Acho que com muito trabalho a gente atinge o sucesso. Sou um treinador de muito diálogo”.

FORMAÇÃO DO PLANTEL
“A gente vem trabalhando com uma visão de temporada. Até pelas competições que vamos ter, consigo trabalhar com um elenco enxuto. Número de 24 jogadores de linha e 4 goleiros. Nosso trabalho é multidisciplinar e tenho responsabilidade pela área técnica. Eu tenho a responsabilidade pela escolha técnica do atleta, mas a gente passa por um colegiado para contratações assertivas. Procurar minimizar os erros. Quero ter uma base de início para se prolongar na Série C. É um trabalho árduo até as conclusões. Eu garanto: me dispus a começar a trabalhar desde que cheguei, não é só apresentação em coletiva. Já entrei em reunião para iniciar o planejamento com excelência”.

ESTILO DE JOGO
“Você falar de metodologia é muito complexo. Mas gosto de um estilo propositivo, de manter a bola, que seja o senhor da bola. Quando eu tenho mais a bola, menos o adversário tem possibilidade de fazer o gol. Mas tem vários jogos em um jogo. É preciso estar treinado para ser reativo também. Costumo falar que uma equipe precisa estar preparada para tudo. O estilo de jogo que mais gosto de usar é o 4-3-2-1, porque ele cria uma variação que eu possa mudar o sistema com as mesmas peças para o 4-1-4-1 ou 4-3-3. Hoje o futebol se resume a ocupar espaços. Sem a bola marcar forte e com a bola propor para fazer o gol”.

DNA VENCEDOR
“Podem esperar o Marcelo Cabo vencedor. Um profissional que tem 22 anos de carreira não consegue ganhar tudo. Só lembrar que há um ano estava levando o Atlético-GO à 9ª colocação na Série A e só não fomos à Libertadores pelo saldo de gols. Nos últimos cinco anos, cinco títulos estaduais, levei o Atlético-GO à Sul-Americana. Voltei ao CRB-AL e fui semifinalista do Nordeste. Confesso que não tive o êxito esperado na Série B. Mas a vida do treinador oscila. Basta você estar preparado pra aprender com os resultados. Esse Campeonato Brasileiro não tive êxito, mas aprendi muito. O profissional precisa de reflexão para saber onde errou e acertou. Podem esperar um DNA vencedor. Tenho acesso, título da Série B, estadual. Não é pela oscilação que deixa de ser um profissional capacitado como sempre fui. Tenho certeza que o Remo vai me dar essa condição em 2023”.