APOSTAS ERRADAS

Keffel e Arinelson: 45 minutos em campo, milhões em prejuízo ao Paysandu

Jogador Keffel atuou por apenas 45 minutos, mas deixou dívida de quase R$ 1 milhão ao clube; caso lembra a contratação de Arinelson, que também custou milhões aos cofres bicolores.

Keffel foi contratado como aposta do Papão em 2024- Foto: Jorge Luis Totti-PSC
Keffel foi contratado como aposta do Papão em 2024- Foto: Jorge Luis Totti-PSC

O futebol costuma gerar histórias tão absurdas que parecem inventadas — e muitos duvidam, até que as consequências surgem, principalmente no bolso dos clubes. Quando decisões mal planejadas causam prejuízos financeiros, o caso deixa de ser folclórico e se torna sério. Foi exatamente o que aconteceu recentemente com o Paysandu, que acabou proibido de contratar jogadores por conta de uma dívida envolvendo um atleta que ficou apenas 45 minutos em campo.

Trata-se do lateral-esquerdo Keffel, de 25 anos, que foi contratado pelo clube em 2024 e já se despediu. Ele assinou com o Sumqayit, do Azerbaijão, e deixou o Paysandu após rescindir o contrato. O clube chegou a informar que o jogador abriu mão dos valores rescisórios. No entanto, o imbróglio está longe de ser resolvido.

O problema é que o Paysandu precisa pagar uma dívida de cerca de R$ 800 mil ao Portimonense, de Portugal, clube que havia cedido o jogador. A transação, feita em julho de 2024, envolveu a compra de 50% dos direitos econômicos de Keffel, por 155 mil euros (cerca de R$ 990 mil). No entanto, o Papão pagou apenas parte do valor (75 mil euros, aproximadamente R$ 439 mil), o que levou o Portimonense a acionar a FIFA. Resultado: o clube paraense está temporariamente impedido de contratar.

A aposta no jogador se mostrou equivocada, mas ninguém foi responsabilizado ou punido pela negociação malsucedida — nem mesmo os envolvidos diretamente na transação. O caso escancarou uma gestão que parece carecer de critério e planejamento, algo que, infelizmente, não é novidade para o torcedor bicolor.

Outros casos de contratações problemáticas

Um exemplo semelhante aconteceu em 2004, quando o Paysandu contratou o atacante Arinelson, revelado pela Tuna Luso e com passagens por Santos e Flamengo. O jogador disputou apenas uma partida pelo clube antes de ter o contrato rescindido. Arinelson processou o clube e exigiu o pagamento de uma multa rescisória de R$ 1,8 milhão. O processo se arrastou por anos, e o ex-jogador venceu a causa. O clube teve que desembolsar nada menos que R$ 3,6 milhões. Com esse valor em mãos, Arinelson encerrou a carreira tranquilamente em 2010, também na Tuna.

 Arinelson processou o clube e exigiu o pagamento de uma multa rescisória de R$ 1,8 milhão
Arinelson processou o clube e exigiu o pagamento de uma multa rescisória de R$ 1,8 milhão

Casos como esses mostram que, mais do que investir, é preciso saber investir — e, sobretudo, prestar contas à torcida.

Clayton Matos

Diretor de Redação

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.