O futebol costuma gerar histórias tão absurdas que parecem inventadas — e muitos duvidam, até que as consequências surgem, principalmente no bolso dos clubes. Quando decisões mal planejadas causam prejuízos financeiros, o caso deixa de ser folclórico e se torna sério. Foi exatamente o que aconteceu recentemente com o Paysandu, que acabou proibido de contratar jogadores por conta de uma dívida envolvendo um atleta que ficou apenas 45 minutos em campo.
Trata-se do lateral-esquerdo Keffel, de 25 anos, que foi contratado pelo clube em 2024 e já se despediu. Ele assinou com o Sumqayit, do Azerbaijão, e deixou o Paysandu após rescindir o contrato. O clube chegou a informar que o jogador abriu mão dos valores rescisórios. No entanto, o imbróglio está longe de ser resolvido.
O problema é que o Paysandu precisa pagar uma dívida de cerca de R$ 800 mil ao Portimonense, de Portugal, clube que havia cedido o jogador. A transação, feita em julho de 2024, envolveu a compra de 50% dos direitos econômicos de Keffel, por 155 mil euros (cerca de R$ 990 mil). No entanto, o Papão pagou apenas parte do valor (75 mil euros, aproximadamente R$ 439 mil), o que levou o Portimonense a acionar a FIFA. Resultado: o clube paraense está temporariamente impedido de contratar.
A aposta no jogador se mostrou equivocada, mas ninguém foi responsabilizado ou punido pela negociação malsucedida — nem mesmo os envolvidos diretamente na transação. O caso escancarou uma gestão que parece carecer de critério e planejamento, algo que, infelizmente, não é novidade para o torcedor bicolor.
Outros casos de contratações problemáticas
Um exemplo semelhante aconteceu em 2004, quando o Paysandu contratou o atacante Arinelson, revelado pela Tuna Luso e com passagens por Santos e Flamengo. O jogador disputou apenas uma partida pelo clube antes de ter o contrato rescindido. Arinelson processou o clube e exigiu o pagamento de uma multa rescisória de R$ 1,8 milhão. O processo se arrastou por anos, e o ex-jogador venceu a causa. O clube teve que desembolsar nada menos que R$ 3,6 milhões. Com esse valor em mãos, Arinelson encerrou a carreira tranquilamente em 2010, também na Tuna.
Casos como esses mostram que, mais do que investir, é preciso saber investir — e, sobretudo, prestar contas à torcida.