Os bastidores do Clube do Remo ainda vivem uma ebulição, com parte da diretoria querendo a permanência do técnico António Oliveira e outra não, o que foi a principal pauta da reunião de ontem à noite do Conselho Deliberativo do clube. Mas, o fato é que o treinador está mantido e vai comandar o Leão Azul na sexta, contra o Amazonas-AM, em Manaus (AM). Alheio a isso, o elenco continua seu dia a dia de treinos e reforços. Ontem, o atacante português João Pedro, que terá sua primeira experiência no futebol brasileiro, foi apresentado. Segundo ele, a proposta do Remo foi aceita de pronto.
Nascido em Portugal, o jogador de 28 anos, também com nacionalidade de Guiné-Bissau, já tendo defendido a seleção africana, vem do Hà Nôi, do Vietnã, depois de passar por clubes portugueses, gregos e turcos. Pelo clube vietnamita foram nove gols em 23 jogos na última edição do campeonato nacional. Abaixo, algumas das questões respondidas por João Pedro em sua apresentação.
P – Como foi a decisão de vir para o Remo?
R – “Foi fácil, é o projeto. Claro que eu procurei me informar e com as informações que obtive, não tinha como dizer que não. Claro que pesou o (Marcos) Braz estar incluído no projeto, porque é uma pessoa do futebol. Também acompanho já há muito tempo o trabalho do mister (António Oliveira). Vejo que havia as condições todas possíveis para que corresse tudo bem e foi fácil a decisão (…) Para mim é um privilégio muito grande estar aqui para vestir a camisa do Remo. Tenho um grande amigo meu, que a família é toda de cá, daqui da cidade, em que eu senti logo como é que era o clube e que me agrada, porque sou um jogador que gosta de emoção, sou uma pessoa intensa. E sei que aqui a torcida é muito intensa e é bom, porque a pressão é sempre boa, um jogador tem que sentir pressão”.
P – Como surgiu a possibilidade de vir ao Brasil, mais uma mudança de continente para você?
R – “Já tinha surgido uma hipótese de eu vir para o Brasil e que recusei, mas quando recebi a proposta do Remo não teve como dizer que não. Vir jogar para o Brasil é um privilégio porque a qualidade dos jogadores brasileiros é muito, muito boa. Tenho muitos amigos brasileiros que são jogadores, Lucas Evangelista, Davison, que tive o privilégio de jogar”.
P – Como você está fisicamente para estrear pelo Remo?
R – “Já fiz os primeiros treinos com a equipe, estou me sentindo bem e preparado para o jogo, mas não para 90 minutos ainda. Estou bem fisicamente porque vinha a fazer trabalho de pré-temporada, por isso estou pronto. Eu sou um avançado que gosta de estar centralizado, de sentir a bola. Gosto de fazer combinações com os meus companheiros, de criar espaços e, claro, gosto de fazer gols. Teria aqui a mentir se dissesse que não gostasse de fazer gols, pois sou um atacante, eu vivo de gols. Nem sempre é possível, outras vezes é possível, mas o mais importante é o objetivo coletivo da equipe”.
P – E sua adaptação ao futebol local?
R – “A minha adaptação está boa. Claro que é um pouco diferente de Portugal, de onde eu estava, mas não é muito diferente de onde eu estava a jogar na época passada. A adaptação está a ser super boa. Todos me receberam super bem, tanto o staff como os meus colegas, o que tornou as coisas muito mais fáceis, e só tenho a agradecer por isso”.
P – Pesou a presença no Remo do técnico português António Oliveira?
R – “Pesa um pouco porque eu conheço o trabalho do professor. Não o conheço, nunca tinha trabalhado com ele antes, mas já vejo o trabalho dele durante a sua carreira e sei que é um trabalho bom e que me agradou, ou seja, foi um aspecto positivo, não foi o mais importante, para lhe ser sincero, mas pesou muito”.
P – O Remo tem tido problemas para marcar gols. Você se vê como parte dessa solução?
R – “No último jogo a equipe foi muito bem. Eu acho que era mais preocupante se a equipa não criasse, se não jogasse bem, se não houvesse evolução. Eu vejo a equipe toda comprometida e isso é muito importante. O futebol é feito de fases. Nesse momento, o Remo passa por uma fase em que não está conseguindo concretizar. Eu acredito que a bola vai entrar, porque todos os jogadores trabalham muito desde que estou cá. Vejo o esforço de todos e o último jogo foi a prova disso. E a bola com certeza vai entrar e vamos dar a volta por cima”.
P – Como tem sido os primeiros dias de adaptação em Belém?
R – “Minhas experiências em Belém? Primeiro de tudo agradecer a toda a gente em volta do Clube Remo, que me recebeu muito bem, tanto os atletas quanto o staff. Em relação à cidade, tem sido muito boa, a comida é muito boa, tenho vivido uma nova experiência em que gosto muito do nível de gastronomia. Mas, o mais importante é isso, sentir o carinho dos meus colegas, do staff, a forma como me receberam de braços abertos e estou muito contente por isso”.