O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) anunciou nesta terça-feira, 25, a convocação de 124 atletas de 10 modalidades que representarão o Brasil nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, que acontecerão de 28 de agosto a 8 de setembro. A convocação de toda a delegação brasileira será realizada em três partes. Os demais nomes dos atletas que vão competir na capital francesa serão anunciados nos próximos dias 11 e 18 de julho.
“Representar um país em uma edição de Jogos Paralímpicos marca a vida de qualquer atleta. Por isso, hoje assinala uma jornada importante que trouxeram milhares de atletas rumo ao sonho da convocação para representar milhões de brasileiros. Temos certeza de que será uma das mais importantes participações do Brasil em Jogos Paralímpicos. Os nossos atletas, com certeza, farão história na cidade-luz”, afirmou Mizael Conrado, bicampeão paralímpico no futebol de cegos (Atenas 2004 e Pequim 2008) e presidente do CPB.
Ao todo, foram anunciados 122 atletas com deficiência e dois goleiros. Por modalidade, houve a convocação de 37 atletas da natação, 24 do vôlei sentado, 15 do tênis de mesa, 12 do goalball, 10 do futebol de cegos, oito da canoagem, sete da esgrima em cadeira de rodas, seis do taekwondo, três do badminton e dois do hipismo.
A natação é a segunda modalidade em que o Brasil mais conquistou medalhas na história dos Jogos Paralímpicos, com 125 medalhas (40 ouros, 39 pratas e 46 bronzes). Fica atrás apenas do atletismo, que soma 170 pódios. Como destaque deste ciclo paralímpico, os nadadores do país conseguiram uma campanha histórica no Mundial da Ilha da Madeira 2022 ao ficarem na terceira colocação do quadro de medalhas do evento, com 53 medalhas, sendo 19 de ouro, 10 de prata e 24 de bronze.
O Pará terá dois representantes: Lucilene da Silva Sousa na natação e Josemarcio da Silva Sousa, do goalball masculino. Ambos são irmãos.
Lucilene nasceu com atrofia no nervo ótico, o que resultou em baixa visão. Antes de ser nadadora, jogou goalball por influência do irmão mais velho, Josemarcio, e conquistou uma medalha de ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Jovens da modalidade, em 2017, em São Paulo. Depois disso, decidiu migrar para a natação paralímpica.
Josemarcio, conhecido também como “Parazinho”, nasceu com distrofia no nervo ótico. O atleta conheceu o goalball por meio do irmão, também jogador, e a treinadora o convidou a experimentar o esporte, se tornando sua paixão. Foi convocado pela primeira vez para a Seleção Brasileira em 2013.
Em 2023, os atletas da modalidade ainda subiram 46 vezes ao pódio (16 ouros, 11 pratas e 19 bronzes) no Mundial de Manchester (ING), quando ficaram na quarta colocação, e conquistaram 120 medalhas no Parapan de Santiago (CHI), sendo 67 ouros, 30 pratas e 23 bronzes.
Entre os convocados, está a nadadora pernambucana Carol Santiago, 38, da classe S12 (baixa visão), que subiu ao pódio cinco vezes nos Jogos de Tóquio 2020 e foi a maior medalhista brasileira na capital japonesa.
Pela natação, também foram anunciados o carioca Douglas Matera (S12), maior medalhista do Brasil no Parapan de Santiago 2023, com oito ouros, além das campeãs mundiais em Manchester 2023, a fluminense Mariana Gesteira (S9) e a potiguar Cecília Kethlen (S8).
A mesatenista catarinense Bruna Alexandre também teve seu nome confirmado na convocação desta terça-feira e se tornou a primeira atleta brasileira apta a defender o Brasil nos Jogos Paralímpicos e Olímpicos no mesmo ciclo.
A atleta, que foi submetida à amputação do braço direito por consequência de uma trombose, esteve presente em quatro dos oito pódios brasileiros na modalidade até o momento nos Jogos — três pratas e cinco bronzes.
Já o esgrimista gaúcho Jovane Guissone foi convocado pela quarta vez para os Jogos Paralímpicos. Ele foi ouro em Londres 2012 e prata em Tóquio 2020 na espada, sua arma favorita. Por outro lado, o também gaúcho Kevin Damasceno, bronze no Mundial sub-23 da Tailândia, é um dos convocados pela esgrima em cadeira de rodas que fará sua estreia em Jogos. O jovem de 20 anos tem o sabre como a sua especialidade.
O Brasil conseguiu ainda dobrar a quantidade de atletas representantes no taekwondo em relação a Tóquio 2020, quando a modalidade estreou no programa dos Jogos Paralímpicos. Foram seis lutadores brasileiros convocados para Paris 2024, sendo que três deles estarão presentes pela segunda vez na competição: os paulistas Nathan Torquato, atual campeão paralímpico, e Débora Menezes, além da paraibana Silvana Fernandes.
O dia também contou com a convocação dos 10 representantes do país para a Seleção Brasileira de futebol de cegos. Invicta e pentacampeã paralímpica, a equipe nacional teve um ciclo com o ouro no Parapan 2023 e o bronze no Mundial da modalidade, disputado em Birmingham, também no ano passado.
A Seleção Brasileira de futebol de cegos adotou o Instituto de Cegos da Paraíba Adalgisa Cunha como sua casa neste ano. O grupo seguirá na capital paraibana para a realização de treinamentos até os Jogos. Dos 10 atletas convocados, parte já reside na capital paraibana, assim como a maioria dos membros da comissão técnica.
Ainda serão realizadas as convocações de mais nove modalidades (atletismo, bocha, ciclismo, halterofilismo, judô, remo, tiro esportivo, tiro com arco e triatlo) no dia 11 de julho, também em live no Youtube. Já os atletas do tênis em cadeira de rodas serão anunciados sete dias depois.
Na última edição dos Jogos, em Tóquio 2020, foram 235 esportistas com deficiência na delegação. O recorde de participantes do país foi nos Jogos do Rio 2016, ocasião em que o Brasil sediou o megaevento e contou com 278 atletas em todas as 22 modalidades já classificadas automaticamente.
Na história dos Jogos Paralímpicos, o Brasil já conquistou 373 medalhas (109 de ouro, 132 de prata e 132 de bronze), ou seja, está a 27 do seu 400º pódio no evento. Na última edição, Tóquio 2020, o país fez a sua melhor campanha com 72 medalhas no total, a mesma quantidade obtida nos Jogos do Rio 2016. Destas, 22 foram de ouro, superando as 21 de Londres 2012. Ainda foram mais 20 pratas e 30 bronzes no Japão.