Uma vitória sofrida e redentora
O Remo sofreu e fez seu torcedor sofrer, mas conseguiu finalmente vencer depois de cinco rodadas. Derrotou o Ypiranga-RS por 2 a 1 depois de um jogo duríssimo, difícil e recheado de erros de parte a parte. O empate persistiu até os 39 minutos do 2º tempo, mas um gol salvador de Richard Franco tirou o time do sufoco e da zona da degola.
A atuação do primeiro tempo foi confusa, cheia de tentativas erradas de chegar ao gol. Muriqui, cansado de brigar junto à área, precisou recuar até o meio-campo para iniciar jogadas. Lá, na área de criação, deveria estar Rodriguinho, que se posicionou no lado esquerdo.
Ronald era o atacante na direita, sofrendo o mesmo problema de outros jogos. Além de estar do lado errado, enfrentava sozinho dupla marcação, sem apoio de Lucas Marques, muito ocupado em vigiar Eric Farias, o artilheiro do Ipiranga.
Aliás, quando o jogo ainda estava 0 a 0, Marques deu um passe horizontal em direção à área do Remo e presenteou Eric, que disparou um chute perigoso à esquerda do gol de Vinícius. Foi o primeiro ataque de fato do Ipiranga, que se conformava em ficar tocando bola no setor defensivo.
A iniciativa tinha que partir do Remo, mas a lentidão e os passes errados comprometiam as tentativas. A primeira chance foi de Muriqui, complementando passe de Paulinho Curuá, mas a bola saiu alta. Aos 31 minutos, Evandro cruzou e a bola veio baixa. Claudinei se antecipou à zaga e mandou no canto esquerdo do gol de Caíque.
Nem era um placar condizente com o que se via em campo, mas o gol deu ânimo novo ao Remo e encantou a torcida – 8 mil azulinos presentes ao Mangueirão. O problema é que no 2º tempo o velho drama da desatenção voltou a castigar a defensiva azulina.
Com os laterais Lucas Marques e Lucas Mendes correndo pela direita, depois que Ronald foi substituído, o Remo tomou o gol justamente por aquele lado. Aos 6 minutos, MV foi lançado, entrou livre na área e só precisou tocar na saída de Vinícius. O que era alegria se tornou angústia.
Ricardo Catalá partiu para novas mudanças. Colocou Jean Silva no lugar de Lucas Marques, corrigindo o equívoco inicial. Em seguida, substituiu Fabinho e Curuá por Elton e Richard Franco. E foi justamente o paraguaio que conseguiu o gol da vitória, já aos 39’, após um bate-rebate na área. Gol de raça e força, como o momento da competição exige.
Golaço salva Papão de derrota nas dunas de Natal
O PSC foi superior ao América-RN em boa parte do jogo de ontem, na Arena das Dunas, em Natal. O Alvirrubro saiu na frente nos acréscimos do primeiro tempo, com Álvaro, mas o Papão empatou com um golaço de Mário Sérgio aos 43 minutos do 2º tempo.
Apesar de ter batalhado em busca da vitória, o PSC conquistou um ponto precioso, que garante sua permanência temporária no G8 – só perde essa posição se o São Bernardo vencer a partida de hoje contra o Brusque.
Em partida muito truncada pela marcação forte, PSC e América buscavam chegar ao gol com disparos de fora da área, sem efeito prático. Curiosamente, no momento em que atuava melhor, o Papão tomou o gol. Aos 47 minutos, Matheuzinho cruzou, Nicolas Careca errou no desarme e a bola se ofereceu para Álvaro abrir o marcador.
Disposto a empatar, o PSC trouxe Gustavo Custódio no ataque e Mário Sérgio deslocado para atacar pelos lados. Os ataques se repetiam, o América se encolhia, mas nada de sair o gol, que só veio no fim e de forma brilhante: Mário Sérgio, após passe de Paulão e corta-luz de Leandrinho, disparou um foguete no ângulo, sem chances de defesa. Um golaço.
Resultado satisfatório para o PSC, mas com protestos de Hélio dos Anjos e dos jogadores por um pênalti não marcado sobre Mário Sérgio.
Com organização e bolas aéreas, França vence Brasil
Perder para a França é um resultado normal e aceitável. Afinal, trata-se de um clássico e as francesas têm histórico melhor em Copas do Mundo. A expectativa era que a evolução brasileira sob o comando de Pia Sundhage fosse suficiente para proporcionar um jogo mais equilibrado. O placar (2 a 1) foi apertado, mas a seleção francesa foi superior no desenvolvimento das jogadas e na ocupação inteligente de espaços.
O futebol feminino ainda exibe, em alguns times, certa desorganização tática que se transforma em deficiência fatal quando bem explorada por um adversário mais competitivo. Foi basicamente o que ocorreu no confronto de sábado. O Brasil tinha grande dificuldade para trocar passes, o que limitou suas ações a tentativas de cruzamento e chutes tortos.
A França demonstrava saber o que fazer em todos os momentos. O Brasil passava por tensão e insegurança. A eficiência no desarme fez com que o adversário tivesse sempre a posse de bola no meio-campo. Chegou ao gol ainda no 1º tempo com bola alta, casquinha no primeiro e cabeceio no centro da área. Fácil, muito fácil.
No reinício do jogo, o Brasil mostrou mais velocidade nas saídas. Em dois lances, Tamires e Debinha levaram perigo. Até que veio o lance perfeito. Debinha recebeu na área e bateu com categoria, fora do alcance da goleira. Um belo gol.
Nem isso fez a equipe ir em busca da vitória. Ao contrário, a França seguiu jogando do mesmo jeito, marcando intensamente e saindo rápido para o ataque. O segundo gol veio, de novo, numa bola pelo alto. Lance manjado para a zagueira Renard, que o Brasil esqueceu de marcar.
Mesmo com óbvios avanços na maneira de jogar, a Seleção tem problemas sérios num fundamento básico: o passe. Difícil ir longe com tantos equívocos coletivos e individuais. Algumas jogadoras também se mostraram aquém do esperado e Marta poderia ter entrado mais cedo.
Devido à derrota, o Brasil parte para um jogo decisivo contra a Jamaica na quarta-feira. Com obrigação de vencer, a expectativa é que o time esteja mais conectado e evitando sempre que possível as jogadas aleatórias.