Bola

Gerson Nogueira: 'Os méritos do comandante'

Foto: Jorge Luís Totti/Paysandu
Foto: Jorge Luís Totti/Paysandu

Os méritos do comandante

A tranquilidade que reina na Curuzu é o sintoma mais evidente de que o time finalmente entrou naquele astral que conduz ao sucesso. Não se pode afirmar a essa altura que o acesso virá, mas é notório que o PSC respira outros ares desde a entrada em cena de um personagem especial: o técnico Hélio dos Anjos, com seu estilo peculiar de comandar, por meio de um discurso que vai do enérgico ao paternal.

Além da rápida transformação que operou no time, que antes capengava na competição ostentando marcas constrangedoras (foi a pior defesa até a 11ª rodada), Hélio fez um movimento fundamental em direção à torcida. Assumiu pessoalmente a missão de conduzir o Papão à classificação e ao acesso, sem medo de se comprometer.

Esse carisma é parte do arsenal de positivismo que torna o ambiente interno mais leve e prazeroso. É visível nas imagens dos treinos a alegria dos jogadores, o clima de alto astral e os sinais de confiança próprios de quem sabe que está no caminho certo.

Foram três vitórias (Amazonas, Remo e CSA), por escores apertados e sem grandes performances. Os resultados fizeram o Papão saltar da 14ª posição para a sétima, entrando em definitivo na lista de times cotados para a classificação. O que era dívida com o torcedor se torna, a cada jogo, um passo importante no sentido de alcançar a meta maior.

Acima de tudo, Hélio conseguiu resgatar no elenco o foco nas vitórias e o comprometimento com o resultado. Para isso, constatou que a equipe precisava de força e intensidade. Chegou a dizer que, para isso, seria necessário sangrar e sentir dor.

Se o processo foi de fato doloroso, ninguém sabe dizer, mas é certo que a recompensa está aí, aos olhos de todos.

 

Quando a notícia briga com as imagens

É comum que países promotores de Copas turbinem artificialmente números relacionados à presença de público nos estádios. Isso ocorre principalmente em locais sem maior tradição no futebol e onde prevalece o apego a outras modalidades. Austrália e Nova Zelândia, sedes do mundial feminino de futebol, estão às voltas com a necessidade de mostrar avanço em relação à Copa do Mundo anterior, disputada na França.

Por mais que a Fifa fique alardeando que as vendas de tíquetes estão acima do esperado, a paisagem nos estádios desmente essa informação. As câmeras até fogem de registros das áreas vazias das arenas, mas a imensa maioria dos jogos foi disputada com estádios com baixa presença de torcedores.

A Austrália tem no rúgbi e no beisebol seus esportes preferidos. A Nova Zelândia vai na mesma direção. Não é surpreendente, portanto, a baixa adesão de público. A presença de torcedores de outros estádios é inexpressiva, pois o futebol feminino ainda não arrasta multidões.

Na África do Sul, em 2010, presenciei inúmeras partidas com casa meio vazia, principalmente em Pretória e Porto Elizabeth. Lá, como ocorre atualmente na Austrália, o rúgbi é o esporte mais praticado, o que afasta boa parte do interesse dos torcedores.

Para complicar ainda mais os sonhos de grandeza da Fifa, os preços cobrados pelos ingressos são proibitivos para a imensa maioria da população. Na Copa do Qatar, no ano passado, ingressos para as fases de mata-mata eram vendidos por até R$ 2.500,00.

As informações que chegam da Copa feminina indicam que os preços de ingressos continuam salgadíssimos, tornando mais do que previsível a contradição entre notícias de recordes de públicos e as imagens de arenas semi vazias.

É provável que, a partir das quartas de final, o público cresça e prestigie as fases mais emocionantes da competição. Ao mesmo tempo, é preciso notar que o faturamento com ingressos é apenas uma pequena parte dos lucros que a Fifa terá com o torneio. Patrocínios e direitos de transmissão garantem receitas estratosféricas, para alegria de Mr. Infantino.

 

Luan no Grêmio: a volta emocionante do filho pródigo

O Reizinho do Olímpico está voltando para casa. Luan, garoto ainda, recebeu ontem à tarde em Porto Alegre todo o carinho e aclamação da torcida gremista. Depois de ser humilhado e agredido por bandidos com camisas do Corinthians em São Paulo, há duas semanas, o meia-atacante retorna seis anos depois ao clube que o projetou.

Méritos de Renato Gaúcho, que defendeu publicamente a contratação no momento mais difícil da vida do jogador. Os aplausos entusiasmados da torcida – mais de 100 pessoas foram recepcioná-lo no aeroporto Salgado Filho – emocionaram Luan e reafirmam uma verdade do futebol: quem conquista o respeito de uma torcida jamais será esquecido ou deixado pelo caminho.

É bonito e comovente ver um reencontro feliz. Um gesto de imensa gratidão pelos gols e dribles que Luan deu ao Grêmio. Que o talento dele volte a brilhar nos gramados.

Enquanto isso, o inquérito sobre a covarde agressão no motel de São Paulo continua inconclusivo. Uma emboscada que deixou no ar muitas desconfianças, inclusive quanto ao esquisito papel da diretoria corintiana na história. É como se o salário de Luan (em torno de R$ 800 mil) fosse o verdadeiro motivo da pancadaria.