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Gerson Nogueira: 'Onça estraga a festa do Papão'

Foto: Irene Almeida/Diário do Pará
Foto: Irene Almeida/Diário do Pará

Onça estraga a festa do Papão

A festa foi apoteótica no Mangueirão. Cinquenta mil pessoas torcendo pelo PSC e empurrando a equipe para o almejado acesso à Série B. Basta um empate para assegurar a classificação. Para decepção geral, o time perdeu por 2 a 1 para um valente Amazonas e teve que adiar a conquista da vaga. As chances ainda são boas, mas a decisão passa a ser dramática, no próximo sábado, em Volta Redonda (RJ).

Como se previa, o jogo foi equilibrado, principalmente no primeiro tempo, com troca de ataques e tentativas de lado a lado. Não faltava emoção, mas a técnica passou distante das jogadas. Muitos erros de passe, faltas em excesso. O PSC demonstrava certa insegurança quando sofria pressão, aliás um estado de espírito que prevaleceu na maior parte do tempo.

Quem perdeu a primeira oportunidade foi Mário Sérgio, sozinho na área, errando cabeceio diante do goleiro, logo aos 8 minutos. Aos 14 minutos, a primeira polêmica do clássico nortista. O árbitro apontou pênalti, mas o VAR corrigiu e assinalou falta junto à grande área.

Minutos depois, a bola balançou, para delírio da Fiel. Robinho, aos 24 minutos, caprichou no cruzamento para Mário Sérgio subir mais que os zagueiros e desviar no ângulo esquerdo do gol amazonense.

O Papão era ligeiramente melhor e abria espaços na defensiva adversária. Aos 39, Robinho descolou um passe sob medida para Mário Sérgio, que perdeu a grande chance de ampliar o marcador. Logo em seguida, o centroavante Sassá balançou as redes, mas a arbitragem anotou impedimento do artilheiro da Série C.

A partida seguiu tensa e vibrante. Aos 44’, a Onça-Pintada chegou ao empate. Em contra-ataque que pegou a zaga bicolor desarrumada, Igor Bolt disparou pelo lado direito e bateu cruzado, de longe. A bola entrou no canto direito da meta de Matheus Nogueira.

O placar de 1 a 1 retratou bem a luta das equipes e as alternâncias no controle da partida. O Papão, com a torcida entusiasmada nas arquibancadas, saiu satisfeito de campo, com o acesso ao alcance da mão.

Veio a etapa final e o Amazonas mostrou-se mais incisivo. Logo de cara, aos 5 minutos, um susto: Sassá surgiu entre os zagueiros e cabeceou com perigo. Aos 11’, o lateral-esquerdo Renan Castro cruzou na área, Igor Bolt dividiu a bola com Wanderson e a bola sobrou limpa para Sassá. O goleador não hesitou. Bateu firme para virar o jogo.

O Papão buscou reagir rápido e o lateral Edilson mandou a bola na área. Mário Sérgio chegou ligeiramente atrasado. No desespero, diante de um placar que não lhe interessava, o Paysandu partiu com tudo para o ataque, mas confundiu pressa com afobação.

Mais tranquilo e bem organizado na defesa, o Amazonas conseguiu conter as investidas bicolores e chegou a organizar contra-ataques perigosos. Nos instantes finais, esteve perto de marcar o terceiro, com Xavier.

O resultado não é uma tragédia absoluta para o Papão, que agora vai a Volta Redonda no próximo sábado, com a vantagem de poder perder por um gol de diferença para garantir o acesso. Pode se classificar também em caso de triunfo do Botafogo-PB sobre o Amazonas, em Manaus.

Só não pode atuar com a letargia e a ausência de apetite demonstrada nos dois tempos do confronto. O certo é que os dados ainda estão rolando.

Ausência de Hélio teve impacto sobre a equipe

A falta de objetividade e eficiência do PSC na partida pode ser explicada pela dificuldade de superar a marcação e a estratégia ofensiva do Amazonas, mas ninguém pode alegar ignorância sobre o que o adversário iria tentar fazer em campo.

Os amazonenses precisavam do resultado. Não podiam se conformar com um empate e nem sair do Mangueirão com uma derrota. Toda a postura da equipe foi centrada em conquistar os três pontos.

Do lado alviceleste, que teve o auxiliar Guilherme dos Anjos novamente no comando – Hélio cumpriu suspensão, pela quarta vez nesta Série C –, a postura foi errática, muito presa à troca desnecessária de passes na intermediária.

Em franca desvantagem à velocidade do time baré, que tinha nos laterais Patrick e Renan Castro válvulas de escape para municiar o ataque. Além disso, o Amazonas conta com Igor Bolt, um velocista que o PSC não tem.

É claro que a derrota podia ocorrer com Hélio ao lado do campo, mas é inegável que a ausência do comandante foi sentida pela equipe. Sua presença agitada e participativa é uma referência para os jogadores.

Para Robinho, time não entendeu que era uma decisão

Ao final da partida, o meia Robinho, um dos mais experientes do elenco alviceleste, foi bem sincero ao analisar o frustrante resultado dentro de casa. Capitão do Papão, o meia admitiu que a equipe não estava conectada com o ambiente da partida, o que a enfraqueceu perante o adversário.

“Talvez nosso time não entendeu que era uma decisão. Decisão tem que ter mais, dividir mais, brigar mais. Não pode deixar o tempo passar para que as coisas aconteçam sozinhas, você tem que fazer acontecer. Hoje deixamos a desejar na nossa intensidade. Deixamos o Amazonas gostar do jogo, tomar a posse de bola, que o nosso time tem de forte. Boa parte da equipe sentiu a decisão. Não tínhamos sentido nenhum jogo ainda”, comentou.

Acertou na mosca. O PSC foi pouco ousado e, quando teve chances reais para fazer gol, acabou desperdiçando. Mário Sérgio perdeu três excelentes oportunidades, logo ele que é um dos atacantes mais importantes do time.

Sobre as perspectivas para o confronto com o Voltaço, Robinho mostrou esperança de que a equipe retome a pegada forte de outros jogos e saia do Rio de Janeiro com o acesso.

O Papão segue na liderança do grupo, com 10 pontos, e não depende de outros resultados para conquistar a vaga. Até com uma derrota (por um gol de diferença) é suficiente para fazer a festa.