Não há Botafogo sem drama
O jogo mais emocionante do ano no Brasil infelizmente foi também o mais traumático para os botafoguenses. Foi uma verdadeira montanha russa de emoções. Depois de um primeiro tempo de altíssimo nível técnico, o time afundou no período final, capitulando em poucos minutos, reduzido a um bando desorganizado, sem rumo e sem juízo.
Quem viu o time cravar 3 a 0 nos primeiros 45 minutos, de maneira impecável, imaginou que a partida estava liquidada. Ocorre que o melhor do Botafogo foi mostrado naquela metade do confronto. Faltava o melhor do Palmeiras, que ocupou parte da outra metade.
Se Tiquinho Soares, Eduardo, Tchê Tchê, Junior Santos e Marçal comeram a bola e deixaram no ar a quase certeza de um título muito bem encaminhado, do outro lado Endrick, Rony e Weverton mostraram que definitivamente não há jogo perdido – principalmente quando se fala do aguerrido Palmeiras de Abel Ferreira.
Quanto ao Botafogo, a tradição de conquistas e glórias é generosa também em dramas, traumas e reveses. Lembrei disso tudo em meio à derrocada daqueles 20 minutos finais (contando com os 9 minutos que o árbitro concedeu), com direito a Adryelson injustamente expulso e a pênalti desperdiçado pelo ídolo Tiquinho.
Os tempos lendários de Heleno de Freitas, Mané Garrincha, Manguinha, Paulo Valentim e Quarentinha também vieram à mente num filme imaginário, junto com figuras imortais como Carlito Rocha e João Saldanha, titulares da galeria de gigantes da saga botafoguenses.
Todos esses caras vivenciaram momentos fantásticos e outros tão brutos como aquele cruel fim de noite. Donde se conclui que o botafoguense é, acima de tudo, um forte. Tão forjado nas sofrências da bola que, instantes depois do tropeço épico, já se perfilava na ala dos otimistas, bradando que o sonho não acabou, ao contrário do que previu Lennon.
A verdade é que os três pontinhos que mantêm a esperança viva constituem nosso último alento, depois da fartura dos 15 pontos de vantagem que duraram até o começo do returno. A estreita diferença permite liderar até quando a linha da pontuação cruzar com o término da competição.
Antes, porém, há o Vasco no caminho. Um Almirante desesperado, à beira do despenhadeiro, diante da Estrela Solitária quase desacreditada, mas ainda brilhante. Será uma jornada épica nesta segunda-feira de incertezas. Que o Botafogo cumpra sua missão, nobre e altiva, de alegrar corações cansados que já não esperavam por tanta alegria e orgulho.
Bola na Torre
Guilherme Guerreiro comanda o programa a partir das 22h, com participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em debate, a eleição do Clube do Remo e os planos do PSC para formação de um novo elenco. A edição é de Lourdes Cezar.
Volantes puxam a fila dos possíveis reforços do Papão
É cedo ainda e não há nenhuma sinalização oficial quanto a nomes para a montagem do novo elenco do PSC. A diretoria tem tempo suficiente para sair dos planos e iniciar a parte prática das contratações. A ideia inicial é a de buscar pelo menos 20 novos jogadores.
Além de goleiro, zagueiros, laterais, meias e atacantes, serão trazidos quatro volantes, segundo declarações recentes do vice-presidente Roger Aguillera. De fato, a Série B exige marcação forte e qualificada. O meio-campo, setor que não foi dos mais fortes na Série C, precisa ser turbinado.
João Vieira, volante de bons recursos, deve ser um dos poucos remanescentes, ao lado do meia-armador Robinho. Ambos serão peças alternativas no time da Série B, mas terão muito a fazer no Campeonato Estadual, a primeira competição oficial da temporada.
Na sexta-feira, foi confirmada a saída de dois jogadores do setor: Giovanni e Ronaldo Mendes. Ambos pediram para deixar o clube, atraídos por propostas de outros clubes. Seguem a rota de Lucas Paranhos, Artur e Alencar, que já tinham sido liberados anteriormente.
Uma historinha sobre a paixão futebolística do Rei
Nos últimos dias, dediquei atenção às páginas derradeiras do monumental “Outra Vez”, livro biográfico de Roberto Carlos, escrito por Paulo Cesar de Araújo. Algumas revelações sobre o Rei são surpreendentes, capturadas na exaustiva pesquisa do professor, jornalista e historiador.
Descobre-se, por exemplo, que RC não se deixou abater pelo trágico acidente na linha do trem. Superou as dores da alma com muita alegria e estofo. Foi um moleque alegre, vivaz e namorador.
Seguiu assim pela adolescência e a juventude, dedicando-se como um mouro à empreitada de alcançar o sucesso no mundo da música. Levou muita porta pela cara, colecionou nãos e desculpas esfarrapadas, mas jamais pensou em desistir.
O livro é tão edificante quanto a exemplos que podia facilmente ser inserido na espaçosa prateleira da autoajuda. Daí a surpresa com a implicância de Roberto com a obra de Araújo, seu fã declarado.
Extraí da parte introdutória a curiosa evolução do amor de RC por clubes de futebol. Influenciado pelas narrações esportivas de jogos pelas emissoras do Rio de Janeiro, o menino de Cachoeiro de Itapemirim primeiro gostou do Flamengo antes de fazer 4 anos. Em seguida, virou botafoguense.
Aos 8 anos, assumiu a paixão definitiva pelo Vasco, que naquele tempo encantava o Rio de Janeiro e o Brasil com o Expresso da Vitória, de Ademir Queixada, Danilo, Ipojucan e Chico. Amor que dura até hoje.