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Gerson Nogueira: 'Morínigo (de novo) faz a diferença'

Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.
Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

Morínigo (de novo) faz a diferença

Foi praticamente o mesmo cenário visto no jogo com o Amazonas, quando o Remo saiu de um 1º tempo pavoroso para um resultado consagrador na segunda etapa. Ontem à noite, no estádio Jornalista Edgar Proença, na semifinal contra a Tuna, o time azulino foi dispersivo na parte inicial. Sofreu um gol e só foi reverter depois do intervalo por interferência direta do técnico Gustavo Morínigo.

Logo nos primeiros minutos, a Lusa surpreendeu com uma postura mais ofensiva. Chegou a rondar a área remista e levou perigo em tentativas contra o arco defendido por Marcelo Rangel. O Remo trocava passes improdutivos no seu próprio campo, deixando o torcedor irritado e abrindo espaço para as investidas do adversário.

Aos 16 minutos, no primeiro ataque mais organizado e agudo, a Águia Guerreira chegou ao gol. Em contra-ataque rápido, o meia Germano recebeu a bola na esquerda e cruzou rasteiro para a finalização de Jayme, que apareceu entre os zagueiros do Remo.

Em vantagem, a Tuna passou a tocar a bola com rapidez, não permitindo ao Remo se recompor. Atenta à desarrumação defensiva do adversário, o ataque tunante seguiu buscando o segundo gol. Gabriel Furtado aparecia constantemente junto à área azulina tentando finalizar. Um dos momentos de maior perigo foi quando cruzou recuado para Chula. O centroavante pegou de primeira, mas Marcelo Rangel defendeu bem.

Echaporã mandou um chute forte, que gerou um rebote do goleiro Iago Hass, mas Sillas não conseguiu aproveitar. Aos 34’, Matheus Anjos cobrou escanteio e Ligger cabeceou com muito perigo. Na reta final, Sillas entrou driblando na área cruzmaltina e foi parado com falta pelo zagueiro Dedé. Pênalti não assinalado pelo árbitro.

No intervalo, Gustavo Morínigo alterou a configuração do meio, com a entrada de Pavani no lugar de Henrique e de Kelvin na vaga de Echaporã, que teve atuação discreta. A mudança surtiu efeito imediato, o Remo passou a marcar no campo de defesa tunante e a adotar uma postura mais agressiva nos avanços pelas laterais.

Aos 6 minutos, em arrancada pela direita do ataque, Kelvin se livrou da marcação e cruzou da risca da linha de fundo para Ytalo cabecear e empatar a partida. Aos 12’, o atacante entrou de novo na área e desviou cruzamento de cabeça, mas Iago Hass defendeu.

A partir daí, o Remo passou a controlar a partida, sempre ocupando a intermediária cruzmaltina. Aos 21, Kelvin disputou bola com a zaga e caiu na área. O árbitro entendeu como simulação e recebeu cartão amarelo. Aos 33 minutos, Sillas foi até a linha de fundo e cruzou em direção à área. A bola resvalou no braço do volante Renan e o pênalti foi marcado. O próprio Sillas cobrou e virou o placar: Remo 2 a 1.

O Leão continuou melhor, principalmente com Marco Antonio e Paulinho Curuá em campo, dando mais segurança ao setor de meio-campo. Em busca do empate, a Tuna tentou pressionar, mas o desgaste físico falou mais alto. A defesa do Remo, já com Bruno Bispo substituindo Ligger (lesionado), resistiu bem, não dando nenhuma chance.

O confronto de volta será no próximo domingo, às 17h, no Mangueirão. O Remo joga por um empate para se garantir na final do Parazão.

Mbappé, um astro sob fogo cruzado na França

A nova geração de astros da bola não atravessa um bom momento. No Brasil, Neymar é quase uma unanimidade negativa, pelo comportamento dentro e fora de campo. Vinha atuando tão mal que sua ausência, causada por lesão, significou até um reforço para o time.

Na França, o problema envolve Kylian Mbappé, craque da seleção e um dos melhores jogadores da atualidade. Desde que ganhou a braçadeira de capitão, passou a sofrer críticas pelas atitudes em campo em relação às arbitragens e aos próprios colegas de equipe.

Um campeão de 1998, Christophe Dugarry, considerou “deplorável” o comportamento de Mbappé como capitão. Na opinião dele, o camisa 10 parece não ter entendido o real significado da função.

Dugarry também atacou o jovem astro por supostamente “andar em campo” em certas partidas, procurando escolher alguns grandes jogos para mostrar seu talento.

“Mostrar uma atitude tão deplorável em duas partidas, acho anormal. Não tira em nada suas imensas qualidades, mas quando você é capitão, você tem que ser irrepreensível”, afirma Dugarry.

No plano tático, Dugarry questiona o posicionamento do craque. “Estamos habituados a um Mbappé que anda, que não quer voltar, que não se preocupa com a parte defensiva. Aqui temos absolutamente um Mbappé que não liga. Obviamente ele escolhe seus jogos”.

Na opinião dele, capitães não podem se dar ao luxo de relaxar, precisam dar exemplo de comprometimento. Apontou os dois amistosos recentes da França como exemplo da postura de Mbappé. Foi mal contra a Alemanha, que venceu por 2 a 0, e passou em branco na vitória por 3 a 2 sobre o Chile.

Apesar de compreensível o desapontamento de Dugarry, entendo que Mbappé é um dos melhores jogadores de todos os tempos na França. Não vejo também a braçadeira de capitão como uma imposição para jogar sempre bem. Astros como ele podem, de vez em quando, relaxar. É saudável e humano.

Da cobertura da Copa do Qatar, guardo como recordação mais forte a estupenda participação de Mbappé em quase todos os jogos e, acima de tudo, na brilhante atuação diante da Argentina na decisão. Fez três gols e faria o quarto – e do título – caso o árbitro não tivesse impedido o ataque fulminante no minuto final da prorrogação.

Mbappé, campeão em 2018 na Copa da Rússia, é um jovem craque. Tem muito a amadurecer, mas é valioso demais para ser cornetado, até mesmo por um outro campeão.