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Gerson Nogueira: 'Meninos da base salvam o Leão'

Foto: Wagner Almeida/Diário do Pará
Foto: Wagner Almeida/Diário do Pará

Meninos da base salvam o Leão

O torcedor é contraditório: normalmente é tolerante com pernas-de-pau de fora, mas extremamente intransigente com os nativos. Ontem à noite, na estreia do paraguaio Gustavo Morínigo no comando técnico, os meninos da base brilharam. Mal das pernas, o Remo venceu graças aos gols de Felipinho e Kanu e à assistência do primeiro para o gol de Ribamar.

A partida contra o Trem-AP terminou com um placar folgado e enganoso, 3 a 1, mas o desempenho ficou aquém do esperado. Depois de uma atuação pífia diante do Bragantino, domingo, pelo Parazão, a expectativa era de uma atuação mais encaixada e minimamente convincente.

Nada disso aconteceu. E olha que o Remo começou balançando as redes. Aos 6 minutos, em boa jogada individual, Felipinho recebeu uma bola na entrada da área e bateu forte e rasteiro no canto direito da meta amapaense. Tudo parecia absolutamente tranquilo para os azulinos.

A partir daí, espantosamente, o Remo não conseguiu manter a pegada inicial e não soube administrar a partida. O Trem surpreendeu com uma postura ofensiva. Partiu com tudo para cima da zaga azulina, mas fracassava nas finalizações.

Mesmo hesitante, com nenhuma conexão entre meio e ataque, quase o marcador foi ampliado aos 31 minutos. Felipinho novamente apareceu bem, mandando um lançamento para Echaporã, que entrou na área e bateu na saída do goleiro Victor, que conseguiu evitar o gol.

A desorganização era a marca do comportamento do Remo, que se atrapalhava sempre que retomava a posse da bola. Pressionado pelo Trem, o meio-de-campo não conseguia se livrar do bloqueio e acabava perdendo bolas na zona mais perigosa do campo.

Para piorar, o zagueiro Ícaro saiu lesionado muito cedo, forçando a entrada de Reiniê. Aos 30’, o atacante Marco Antônio também saiu contundido. Aos 41’, um susto: Tácio disparou um chute forte da intermediária para grande defesa de Marcelo Rangel.

Logo em seguida, uma outra chegada aguda do Trem: a zaga vacilou e Aleilson entrou na área, driblou o goleiro e só não fez o gol porque demorou a finalizar. Lances que inquietavam o time e irritavam a torcida, novamente em pequeno número no Baenão.

O 2º tempo se iniciou e os pesadelos da galera se materializaram. Logo aos 10 minutos, pênalti para o Trem. Daniel Felipe cobrou e empatou. Para felicidade do Leão, no minuto seguinte Ribamar aproveitou cruzamento de Felipinho e desempatou. Foi o primeiro dele com a camisa azulina.

Nos minutos derradeiros surgiram oportunidades para os dois lados, a principal delas com Kelvin, que errou no arremate final. Cansado, o Remo arriou os meiões e o Trem impôs pressão. Felipe quase marcou em lance que Marcelo Rangel foi decisivo.

Aos 49’, finalmente, a torcida explodiu no Baenão. Lançado pela direita, Kanu (que substituiu Ribamar) entrou na área, driblou um zagueiro e fuzilou para o gol, fazendo 3 a 1. Uma vitória importante, conquistada aos trancos e barrancos, mas que comprovou a importância da base azulina.

Paraguaio terá uma missão árdua pela frente

A boa participação dos laterais Thalys e Raimar e a conduta segura de Pavani foram os destaques do Remo diante do Trem. A performance coletiva podia ter sido melhor, com maior aproximação entre os setores, mas por alguns minutos o torcedor viu um time com postura mais firme.

Ocorre que a intensidade deixou de novo a desejar, principalmente no segundo tempo, quando o Trem decidiu buscar o empate a qualquer custo e botou pressão. O Remo cansou muito cedo, o que expõe um dos pontos mais criticados da passagem de Ricardo Catalá.

Na entrevista pós-jogo, o técnico Gustavo Morínigo abordou essas questões e enfatizou o quanto considera valiosa a atitude mental dos jogadores. Mesmo com pouco tempo de contato com o elenco, ele revelou que buscou passar orientação tática nas conversas com os jogadores.

As ações pelos corredores laterais foram importantes, principalmente com Raimar no primeiro tempo, e podem ser entendidas como resultantes da entrada em cena de Morínigo. Consciente das dificuldades, o técnico terá que trabalhar muito para incutir força emocional ao grupo.

O Remo joga como se estivesse o tempo todo pilhado, temendo o pior – e o pior acaba ocorrendo. Do jeito como o time se comporta hoje, qualquer time se agiganta diante do Remo dentro de sua casa. Foi assim com o São Francisco e se repetiu, em vários momentos, com o Trem.

O medo e o nervosismo funcionam como gatilhos de inspiração para os visitantes, por mais limitados que sejam. O paraguaio terá que se dedicar com afinco para mudar esse cenário.

Junior Santos, sensação do Botafogo na Libertadores

O futebol tem suas ironias. Antes de a temporada começar, em meio às especulações sobre saídas e chegadas, o ponta Junior Santos foi cogitado para deixar o Botafogo. Interessava a vários clubes, entre os quais Grêmio e Corinthians. Corpulento, meio desengonçado, mas muito habilidoso e veloz, tinha deixado boa impressão na campanha na Série A 2023.

A SAF alvinegra manteve Junior Santos como prioridade para 2024, apesar das críticas de uma parte da torcida, que pregava tolerância zero com os remanescentes da pipocada histórica no Campeonato Brasileiro.

Junior Santos não negou fogo. Em três jogos, marcou sete gols e virou o recordista do clube em partidas pela competição continental. E gols nascidos de iniciativa individual e muita visão de jogo.

Marcou no empate com o Aurora, na Bolívia. Fez quatro gols contra o mesmo Aurora na volta, no estádio Nilton Santos. Brilhou ainda mais diante do RB Bragantino, anteontem, fazendo os golaços que garantiram o triunfo botafoguense.

Junior está voando e na plenitude da confiança, fator importantíssimo na vida de qualquer atacante. Com gols decisivos, ele se transformou na melhor notícia desse começo de temporada do Botafogo.