Onde os fracos não têm vez
O clássico mais jogado no mundo (770 vezes) volta a concentrar as atenções do público paraense. A semana só não foi dedicada inteiramente a debates sobre a partida porque a apresentação do Flamengo na quarta-feira deu um corte na programação natural. Nos outros dias, porém, o tema dominante foi o desafio marcado para hoje, às 17h, no Novo Mangueirão.
Como na maior parte das vezes, os rivais entram em campo sem favoritismo visível. Os times jogaram pouco até agora, não há um consenso nem quanto aos titulares. No Campeonato Paraense, o PSC disputou três jogos e venceu todos. O Remo atuou apenas duas vezes, saindo vitorioso em ambas.
A rigor, reina o equilíbrio absoluto. Os dois lados chegam reforçados ao confronto que pode ser o único de 2024. Fizeram 41 contratações no total e estão inteiramente modificados em relação à temporada passada. O investimento é vultoso, tanto dos bicolores visando a Série B quanto dos azulinos de olho na Série C.
Para quem for ao Mangueirão esperando um grande espetáculo, recomenda-se certa cautela justamente porque o entrosamento ainda não é o ideal, nem pode ser.
No PSC, o técnico Hélio dos Anjos pontifica como personagem do clássico, pois mantém longa invencibilidade – não perdeu o Re-Pa quando treinava o Remo e se manteve imbatível nas duas passagens pelo Paysandu. O comandante azulino Ricardo Catalá ainda não venceu.
Quanto aos destaques, o PSC tem Nicolas como grande trunfo. O centroavante voltou ao clube nesta temporada, após passagem apagada no Ceará em 2023, quando fez apenas três gols. Bastaram as três partidas no Parazão para que superasse essa marca, assinalando quatro gols.
É visível que Nicolas cresce tecnicamente quando veste a camisa alviceleste. Há o aspecto emocional e o carinho da torcida contribuindo para isso. Recuperou o protagonismo da passagem anterior e já é apontado como ídolo do atual elenco.
No Remo, as duas partidas disputadas no Estadual não foram suficientes para que a torcida elegesse um ídolo, mas Camilo e Echaporã chegaram perto disso. Com atuações elogiadas na estreia contra o Canaã, ambos ganharam a confiança do torcedor remista.
Contra o Castanhal, o time não funcionou tão bem ofensivamente e ganhou por 1 a 0. Placar magro, mas a arquitetura do gol deixou excelente impressão. Camilo recebeu cruzamento e desviou de peito para a finalização de Echaporã. Um golaço.
Outros nomes com potencial para abrilhantar a tarde-noite no Mangueirão: Robinho, Jean Dias e Bryan, no Papão; Ytalo, Pavani e Marco Antônio, no Leão.
Mesmo que a partida não seja um primor de técnica, pelas razões próprias de um começo de temporada, um ingrediente certamente não vai faltar: a emoção proporcionada por 50 mil torcedores, responsável por injetar espírito de competição e raça nos jogadores.
Troféu Camisa 13 marca presença no clássico
Com o objetivo de incentivar ainda mais o torcedor-eleitor, ações promocionais do Troféu Camisa 13 estão sendo programadas para o estádio Jornalista Edgar Proença, por ocasião do Re-Pa. A equipe do marketing e da coordenação preparam surpresas para o torcedor, que é o melhor técnico do Parazão.
O Troféu Camisa 13, criado pela RBAV há 32 anos, se consolidou como a maior, mais popular e democrática premiação do esporte paraense.
Bola na Torre
O programa começa às 22h, na RBATV, totalmente dedicado à cobertura e à análise do clássico Re-Pa 771. Guilherme Guerreiro comanda a atração, com participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. A edição é de Lourdes Cezar.
Inversão de mando descaracteriza o Parazão
O Congresso Técnico Extraordinário convocado pela Federação Paraense de Futebol (FPF), na terça-feira (30), tomou uma decisão que busca corrigir um problema que insiste em se repetir todos os anos: a necessidade de inversão de mando porque vários clubes não dispõem de estádios adequados para realizar seus jogos.
Em decisão unânime, os 12 clubes concordaram em mudar o regulamento do Campeonato Estadual para que a inversão seja permitida. Na prática, a iniciativa corrige a falta de estádios em condições de jogo, mas decreta uma importante perda de característica da competição.
Mais importante: prejudica os objetivos do principal patrocinador do campeonato, cujo interesse óbvio é levar sua marca a todas as regiões do Estado.
Há tempos, o Parazão pretende ser um torneio de amplitude estadual, reunindo times representativos de todas as regiões. A inversão de mando a partir da anuência dos dois clubes diretamente interessados podia ter incluído um adendo: “por motivo justificado” – falta de condições do gramado ou de segurança para o público.
Do jeito como ficou acordado, o mando será invertido sempre que um time do interior, por mero interesse financeiro, preferir jogar na capital contra um dos grandes, Remo ou PSC. Há quem pense que, desse modo, fica bom para todos os clubes. Para o campeonato, porém, não é o melhor caminho.
O que se deveria definir para os próximos anos é uma medida mais prática: times sem campo de jogo automaticamente perdem direito ao mando. Politicamente talvez não seja do agrado geral, mas é o que o bom senso recomenda.