Diniz finalmente mostra a cara
Com discretas, mas certeiras mudanças, o técnico interino Fernando Diniz finalmente disse a que veio no escrete – ou, pelo menos, ensaia dizer. A convocação do garoto Endrick, fenômeno formado nas divisões de base do Palmeiras, e do atacante atleticano Paulinho soa como atitude de ousadia do treinador na convocação anunciada na segunda-feira (6) para os jogos contra Colômbia e Argentina.
Na condição de técnico temporário, Diniz talvez trabalhe de mãos atadas, seguindo a orientação da CBF e talvez do próprio Carlo Ancelotti, que teria um pré-contrato para assumir a Seleção Brasileira em 2024.
Ocorre que o título da Conmebol Libertadores pode ter influenciado Diniz a finalmente alçar voos mais independentes na Seleção. Afinal, é o nome dele que está em jogo. A conquista histórica com o Fluminense pode ter dado a ele mais confiança para impor suas escolhas.
Endrick, que até a metade do ano não era sequer escalado pelo técnico palmeirense Abel Ferreira, vem se destacando na reta final do Campeonato Brasileiro. Mereceu ser lembrado por Diniz, desde que possa jogar. Espaço há. Sem Richarlyson, barrado, e Neymar, lesionado, Endrick pode muito bem entrar no time.
Paulinho, outro destaque do Brasileiro, é um atacante agudo. Mostra mais presença de ataque – e na preparação de jogadas – que Richarlyson e o próprio Vinícius Júnior, que atuou muito mal nos dois últimos jogos.
Além dessas novidades, Diniz chamou Gabriel Martinelli, do Arsenal, que já merecia uma nova chance depois de ter sido muito mal aproveitado por Tite na Copa do Mundo de 2022. Para não perder contato com Tite, convocou de novo o inoperante Gabriel Jesus, mas isso já é caso perdido.
Alisson, goleiro do Liverpool, também retorna à Seleção. É um nome indiscutível, embora Ederson viva um melhor momento no Manchester City. A questão é que o problema do Brasil não está no gol, mas na falta de gols. Diante de colombianos e argentinos, Diniz tem a missão de mudar o modelo e extrair mais qualidade dos jogadores convocados.
Estiagem de notícias é mais danosa que o El Niño
A pior época para a imprensa esportiva paraense é o final da temporada. A partir de outubro, o noticiário começa a rarear. É necessário reaquecer assuntos, fazer balanços, acompanhar os jogos da Segundinha do Parazão e torcer por alguma novidade que venha da dupla Re-Pa.
Neste ano, mesmo com o incremento representado pelo acesso do PSC à Série B, continua o drama dos setoristas e editores. Até que sejam confirmadas as primeiras contratações, o que se verá é um festival de especulações e chutes.
Os adeptos das estatísticas deitam e rolam na tabulação de números, porcentagens e análises que, no fundo, têm pouca ou nenhuma importância prática.
Ao mesmo tempo, personagens menores – como os expoentes da cartolagem sem juízo – fazem a festa. São os que primam pela inconsequência de falar mais que o necessário, quase sempre em prejuízo dos próprios clubes.
Como o torcedor é sempre uma presa fácil das lorotas plantadas sobre reforços, vários se aproveitam disso para ocupar espaço midiático. E haja projeção de aquisições, cálculos de gastos, promessas mirabolantes e outras informações que deveriam ser mantidas no âmbito interno.
O Remo, por enquanto, está livre disso, pois seus dirigentes não têm como agir. É obrigatório esperar a definição do pleito, no próximo dia 12 de novembro. Mesmo assim, há quem especule e solte balões de ensaio sobre prováveis contratações.
A bem da sanidade, recomenda-se que por uns tempos, talvez até a metade de dezembro, o torcedor se acautele quanto ao canto de sereia de alguns personagens envolvidos no chamado circo do futebol.
Onze ideal da Libertadores confirma domínio brasileiro
Encerrada a Conmebol Libertadores, o monitoramento técnico de todas as partidas resultou na escolha do time ideal da competição, formado num esquema 1-3-4-3. O campeão Fluminense foi quem mais contribui para a equipe, com cinco jogadores, incluindo Germán Cano, artilheiro do torneio com 13 gols.
O Boca Juniors, vice-campeão, teve dois jogadores escolhidos, assim como o Internacional. Palmeiras e Atlético-MG contribuíram com um jogador cada. O onze ideal conta com cinco jogadores brasileiros, dois argentinos, um peruano, um uruguaio, um colombiano e um equatoriano.
O predomínio de jogadores brasileiros na seleção do torneio sul-americano confirma a hegemonia dos clubes nacionais na competição.
O goleiro é Sergio Romero, do Boca Juniors (ARG). A zaga é formada por Luis Advíncula (Peru), também do Boca; Nino, do Fluminense; e Joaquín Piquerez (Uruguai), do Palmeiras.
No meio-campo, Jhon Arias (Colômbia), do Fluminense; André, do Flu; Alan Patrick, do Internacional; e Paulo Henrique Ganso, também do Flu.
No ataque, Enner Valencia (Equador), do Inter; Paulinho, do Atlético-MG; Germán Cano (Argentina), do Fluminense.
Pode-se questionar a escalação de Valencia, que foi bem em apenas dois jogos do Inter, mas escolhas desse tipo não costumam primar por justiça. Samuel Xavier, por exemplo, merecia ser titular nesse.