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Gerson Nogueira: 'Belém resgata amor pela Seleção'

Belém resgata amor pela Seleção

Quando Fernando Diniz reconheceu, no pós-jogo, que a torcida paraense estava de parabéns por tudo que fez na acolhida à Seleção não foi um mero elogio protocolar. Estava oficializando a gratidão pela postura dos torcedores. O carinho de Belém significou muito para o selecionado e para alguns jogadores fundamentais, que vinham de momentos pouco brilhantes e sofrendo críticas desde a Copa do Mundo de 2022.

Talvez lá na frente a importância desta semana iluminada em Belém venha a ser melhor avaliada. Todos ganharam com a presença do escrete na capital paraense, embora não seja propriamente uma novidade que o nosso torcedor é um dos mais apaixonados do país.

Poucas torcidas no Brasil resistem tanto a anos seguidos de decepções com os clubes mais populares do Estado. Só a paixão incondicional explica a continuidade do apoio, que se traduz em estádios cheios em qualquer competição.

Esse amor, que muitas vezes parece dirigido exclusivamente às bandeiras da dupla Re-Pa, também se transfere em intensidade quando é o Brasil representado em campo. O jogo com a Bolívia fez a cidade inteira se mobilizar, seja indo até a frente do hotel da Seleção, seja apoiando freneticamente a exibição do time no Mangueirão.

Não é apenas pachequismo, é respeito pela história da Seleção. Quando ela entra em campo, carrega as icônicas sagas vitoriosas empreendidas por Pelé, Garrincha, Nilton Santos, Didi, Romário, Ronaldo e tantos outros.

O torcedor sabe disso, não precisa explicar o que sente. Fosse qualquer time em campo com a camisa da Seleção receberia o mesmo tratamento apaixonado e reverente.

Neymar centralizou as atenções e catalisou o afeto porque é, indiscutivelmente, o melhor jogador brasileiro em atividade, o que não escapa à percepção do fã de futebol. Polêmicas à parte, em campo e na vida, persiste um sentimento de afeição pela forma ímpar como trata a bola.

Na sexta-feira, contra os bolivianos, não apenas pelos dois gols marcados, o camisa 10 concentrou os olhares pela liderança natural que exerce em campo. Domina a bola, clareia as ações, dribla como poucos no mundo e faz com que o jogo pareça mais simples do que na realidade é.

Um lance incrível, aos 40 minutos do primeiro tempo, poderia ter entrado para a história do Mangueirão como um gol de placa. Ele driblou em espaço reduzido quatro marcadores e ficou frente a frente com o goleiro Viscarra, que conseguiu impedir o gol.

Neymar fez malabarismos com a bola que só os jogadores diferenciados são capazes de executar. A lamentar que um jogador tão brilhante não tenha ainda alcançado a glória plena de conquistar uma Copa do Mundo, mas ainda há tempo.

Ao mesmo tempo, o calor de Belém resgata a imagem da Seleção Brasileira. Há algum tempo, o escrete vinha se tornando previsível, com jogos tediosos e quase sempre chatos. O que se viu no Mangueirão sinaliza para uma mudança de rota. Torçamos para que se concretize.

Bola na Torre

Giuseppe Tommaso apresenta o programa, a partir das 22h, na RBATV. Participações de Valmir Rodrigues e deste escriba de Baião. Em pauta, o jogo PSC x Amazonas, pelo quadrangular da Série C, e a repercussão de Brasil x Bolívia pelas Eliminatórias Sul-Americanas. A edição é de Lourdes Cezar.

Um remanescente de 2023 com vaga garantida em 2024

Há um jogador do elenco que participou da Série C com presença certa no planejamento do futebol do Remo para a próxima temporada, independentemente de técnico ou diretoria que assuma o clube a partir de novembro. Pedro Vítor, o melhor atacante do time na temporada, será alvo de todos os esforços para continuar no Evandro Almeida.

Pertencente ao Fortaleza, o atacante deverá se reapresentar ao Tricolor cearense após ser liberado pelo departamento médico do Leão. Como se sabe, Pedro Vítor se lesionou gravemente na partida contra o PSC, desfalcando o Remo no clássico e nos jogos subsequentes.

Habilidoso e veloz, Pedro Vítor fez gols importantíssimos na campanha azulina. O mais bonito de todos foi contra o Figueirense, no Mangueirão. Apanhou a bola pelo lado direito do ataque, investiu pelo meio e mandou um chute no ângulo, encobrindo o goleiro.

Fez um outro gol de grande beleza plástica contra a Aparecidense. Mostrou desenvoltura e facilidade para surpreender a marcação adversária. Sua ausência na reta final da etapa classificatória foi uma das causas do insucesso do Leão.

A imagem que deixou justifica os elogios e o reconhecimento no clube. Vai depender, porém, do Fortaleza. Caso se confirme a permanência, será de grande utilidade para os azulinos na temporada 2024.

Ana Moser e a mudança no Ministério dos Esportes

Ana Moser, craque como jogadora e elogiada como gestora, acaba de ser substituída no Ministério dos Esportes por um político de direita, que até o ano passado era apoiador entusiasmado do ex-presidente, aquele que tratou esporte como quitanda.

Ao comentar sua substituição no governo do presidente Lula, Ana Moser lembrou que o projeto de determinados grupos encastelados no Congresso Nacional é alvejar mulheres que ocupam funções importantes no atual governo. Infelizmente, é o que parece.

“Esta gestão vê com tristeza e consternação a interrupção temporária de uma política pública de esporte inclusiva, democrática e igualitária no governo federal, mas entende que este caminho apenas começou a ser trilhado”, disse Ana, digna até o fim.