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Gerson Nogueira avalia nova vitória do Paysandu: 'Prêmio à obsessão ofensiva'

Foto: Jorge Luís Rodrigues/Paysandu
Foto: Jorge Luís Rodrigues/Paysandu

Um prêmio à obsessão ofensiva 

Um jogo eletrizante em boa parte do tempo, repleto de gols e lances de muita emoção. Uma autêntica final. E o PSC saiu vencedor, com uma atitude de time campeão, buscando a vitória o tempo inteiro. Sofreu um gol logo de cara, mas não amofinou, obtendo o empate e a virada. Tomou novo empate, mas seguiu combativo e eficiente até o triunfo final.

Por 3 a 2, o PSC derrotou o Botafogo-PB, na tarde de sábado, no estádio Almeidão, em João Pessoa, pela 4ª rodada do Brasileiro da Série C. O resultado coloca o time paraense na liderança do grupo C com 10 pontos, dependendo de apenas um ponto em dois jogos para garantir o acesso à Série B 2024. Domingo, o Papão pode atingir seu objetivo até mesmo se perder – isto se o Volta Redonda não vencer o Botafogo.

Não se pode jamais dizer que a partida foi monótona ou arrastada. Logo aos 20 segundos, em lance rápido que surpreendeu a zaga do Papão, Renatinho lançou Pipico no centro da área. Este deu um leve toque e abriu o marcador. Aos 17 minutos, Mateus Anderson lançou Pipico, mas o atacante errou o chute.

Parecia o pior dos cenários para os bicolores, mas o desdobramento do jogo mostrou que o time de Hélio dos Anjos não desanima com facilidade. Aos 30 minutos, o árbitro assinalou um pênalti para o Papão, mas Mário Sérgio bateu fraco e Mota agarrou.

Aos 40’, em cruzamento rasteiro de Robinho na área, Edilson se atirou na bola para empatar. Logo em seguida, atacando sempre, veio a virada: Vinícius Leite pegou um rebote e mandou no canto direito do gol de Mota.

O 1º tempo sinalizava para um resultado favorável ao PSC. Ledo engano. Aos 49’, o Belo foi buscar o empate. Cruzamento na área, o incansável Pipico subiu entre os zagueiros e meteu de cabeça, fazendo a torcida botafoguense voltar a vibrar.

Sem abrir mão do ataque, o PSC voltou para a etapa final pressionando o setor defensivo do Belo. Logo aos 6 minutos, após cruzamento de Robinho, o volante João Vieira disparou um chute perigoso.

O gol estava amadurecendo. Aos 11’, Nicolas Careca cruzou na área, Vinícius Leite não conseguiu finalizar, mas a bola sobrou para Robinho estufar as redes. Um prêmio à obsessão ofensiva do time e à grande atuação de Robinho, o melhor em campo.

A emoção continuou viva. Aos 35’, o incansável Pipico aproveitou uma escaramuça na área e marcou seu terceiro gol, empatando a partida. O VAR, porém, revisou o lance e anulou tudo. O volante Wesley Dias ainda foi expulso antes da partida terminar tomando o segundo amarelo.

Além do jogador botafoguense, Hélio dos Anjos também foi excluído da partida. Voltou a reclamar e xingar o árbitro após o fim do primeiro tempo. Contra o Amazonas, na próxima rodada, será a quarta vez que o treinador desfalca o time à beira do campo.

Pipico, que marcou apenas um gol nas 12 partidas que fez pelo PSC no ano passado, apareceu surpreendentemente como titular do Botafogo e deu muito trabalho. Fez dois gols, podia ter marcado o terceiro e incomodou a zaga bicolor. Por pouco, não foi o herói ninja do confronto.

Dorival devolve ingratidão com charme e elegância

A vitória do São Paulo foi justa (2 a 1 no placar agregado), indiscutível e definidora de um momento especial do futebol no Brasil. O técnico campeão, aliás tricampeão, é um legítimo profissional nativo, forjado na experiência inicial de jogador, seguida da passagem pela comissão técnica em cargo subalterno até chegar à condição de treinador.

Dorival Júnior, que fez carreira nos campos como Junior, triunfou ontem, com a serenidade habitual, devolvendo a ingratidão sofrida no ano passado, quando treinou o Flamengo e conquistou de uma só tacada a Copa do Brasil e a Copa Libertadores da América.

Demitido sem razão lógica, ficou uns tempos em casa, de onde só saiu para atender o convite do São Paulo. Começou o trabalho à sua maneira, sem pressa ou espalhafato. O resultado se materializou de maneira triunfante e até irônica: com a conquista da Copa BR sobre o próprio Flamengo.

Na partida de ontem, o São Paulo foi inicialmente pressionado pelo visitante, que colocou Bruno Henrique, Gerson, Arrascaeta e Pedro adiantados. A pressão quase deu certo. Aos 30 segundos, Pedro teve grande chance, mas chutou em cima do goleiro Rafael.

O Tricolor melhorou o posicionamento a partir dos 30 minutos. Teve três chances seguidas, com Calleri, Rato e Lucas Moura. Quando estava mais à vontade no jogo, o São Paulo sofreu o gol. Aos 43’, Pedro passou para Pulgar, que bateu cruzado. O goleiro Rafael desviou, mas a bola tocou na trave e voltou para Bruno Henrique marcar.

Aos 50’, o empate: Wellington Rato cobrou falta na área, o goleiro Rossi rebateu de soco e Rodrigo Nestor aparou de primeira, de fora da área. Um golaço para reacender as esperanças são-paulinas.

Veio o segundo tempo e as emoções afloraram. O Flamengo, precisando do gol, foi à frente, mas custou a levar perigo. Quando conseguiu ameaçar, com Pulgar e Ayrton Lucas, a bola não achou o caminho do gol. O São Paulo também buscou o ataque, com Lucas e Luciano. O 1 a 1 permaneceu até o fim, para delírio dos 64 mil torcedores no Morumbi.

E, logicamente, para a consagração de Dorival Júnior, o principal personagem da decisão, cumprimentado por todos – flamenguistas, inclusive – e exibindo a humildade que faz dele ainda maior do que é.