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Gerson Nogueira analisa Remo x Amazonas: 'A primeira prova de fogo'

Foto: Samara Miranda/Ascom Remo
Foto: Samara Miranda/Ascom Remo

A primeira prova de fogo

Gustavo Morínigo completou três jogos no comando do Remo, com três vitórias tranquilas sobre o Trem-AP e o Santa Rosa (2), mas terá hoje à noite a primeira prova de fogo na função. Encara o Amazonas pela segunda fase da Copa Verde, no estádio Baenão. O primeiro de dois jogos eliminatórios.

O Amazonas vai disputar a Série B deste ano, tem um time que sofreu poucas mudanças em relação à ótima campanha no Brasileiro da Série C 2023 e acaba de passar para a terceira fase da Copa do Brasil, derrotando o Maringá fora de casa (1 a 0).

Por tudo isso, é um dos favoritos ao título da Copa Verde e representa uma ameaça real a um Remo ainda em fase de reconstrução. Os três últimos jogos com Gustavo Morínigo mostraram um time menos vulnerável defensivamente, mas com limitações no setor de criação.

Diante do Santa Rosa, no sábado, o time funcionou bem enquanto marcava, mas falhava seguidamente nas jogadas de aproximação entre meio e ataque. Piora ainda mais a situação com as ausências de Marco Antônio e Felipinho, jogadores que têm iniciativa própria e qualidade para partir com a bola dominada.

Morínigo teve pouquíssimo tempo para trabalhar, enfrentou o natural desconhecimento sobre as peças do elenco e não é responsável pelos muitos problemas e vícios acumulados desde a passagem de Ricardo Catalá.

Por essa razão, não é possível julgá-lo por acreditar em Renato Alves como solução para a marcação, ao lado de Henrique. Bem como não pode ser criticado por ignorar a presença de Paulinho Curuá, um volante de mais qualidade.

É aceitável, até certo ponto, manter Matheus Anjos na suplência e insistir em escalar Jaderson improvisado como armador, quando a verdadeira vocação dele é o jogo pelos lados. Do mesmo modo, Sillas seria muito melhor aproveitado na criação.

São problemas que somente a passagem do tempo pode sanar. Morínigo tem o mérito de fazer o time azulino se tornar mais brigador, persistente e intenso, na medida do possível. São atributos importantes, que podem propiciar um triunfo sobre a Onça amazonense.

 

 

Um estranho preconceito ronda o legado de Garrincha

Há 62 anos, Mané Garrincha conduziu a Seleção Brasileira ao bicampeonato mundial na Copa do Chile. Sem Pelé, lesionado logo no início do Mundial, o Anjo de Pernas Tortas assumiu a imensa responsabilidade de liderar em campo o escrete canarinho.

Com dribles, chutes de fora da área (até em cobrança de falta), Mané foi o craque daquele Mundial e encantou definitivamente o planeta futebol. Além dele, a Seleção tinha mais quatro botafoguenses como titulares, daí a merecido reconhecimento de que aquela Copa foi ganha pelo Botafogo.

Se havia alguma dúvida sobre o gênio tortuoso da ponta-direita, a Copa disputada no Chile deixou tudo muito claro para todos. Foi um show solo de Mané. Caçado pelos adversários, ele foi impávido, destemido e forte para garantir mais uma taça para o Brasil.

Estranhamente, nos últimos anos, as seguidas listas de melhores de todos os tempos omitem Garrincha, que chegou a ser preterido em algumas escolhas por Cristiano Ronaldo e até (pasme!) Ribery e Raúl Madrid (??).

Que os europeus tenham seus gostos estranhos quanto a craques, tudo bem. O problema é quando a lista é de um astro brasileiro. Ronaldo Fenômeno disse a uma publicação inglesa na semana passada que o seu ataque tinha Romário, Ronaldo e CR7. Com Pelé e Messi no meio-campo.

Nenhum problema quanto a preferir jogadores contemporâneos, mas ignorar um dos maiores artistas da bola em todos os tempos é pecado de lesa-futebol, além de lesa-pátria também. É como se houvesse um odioso constrangimento em citar Garrincha.

O fato é que nossos jogadores, até os gigantes, como Ronaldo, têm pouquíssima informação sobre a história do futebol no país. O nível de formação é baixo, o que afeta também a percepção sobre os gênios que abriram caminho para que o Brasil se tornasse potência futebolística.

Garrincha, a Alegria do Povo, reinou absoluto naquela faixa direita dos gramados por duas décadas, sempre com o mesmo drible e as arrancadas fenomenais. Sorte nossa que o gênio nasceu aqui.

 

Rio Negro perde de 7 a 0 e apela para o cai-cai 

Quando a coluna era finalizada, chegou a notícia de que o Rio Negro tomava uma taca de 7 a 0 diante do Parintins, pelo campeonato amazonense. Inconformado com o tamanho da peia, os jogadores começaram a cair em campo, a fim de interromper a partida.

Um papel vergonhoso, indigno da prática desportiva. Até o fechamento, o jogo seguia paralisado, sob críticas duríssimas e justas da crônica esportiva do Amazonas. Além do tapa na cara do torcedor, há o desrespeito óbvio aos patrocinadores e aos demais clubes envolvidos na competição.

A Federação Amazonense terá que agir com rigor contra o Rio Negro, a fim de evitar a desmoralização completa de sua principal competição. Além disso, terá que averiguar as suspeitas de que o placar teria sido arranjado, por interferência da máfia das apostas.

Esse episódio típico de várzea remete a um outro, envolvendo um dos gigantes do futebol nacional. Foi em 1944, pelo Campeonato Carioca, e ficou conhecido como o jogo do “Senta pra não perder de mais”.

O Botafogo aplicava um sacode de 5 a 2 sobre o Flamengo quando os atletas rubro-negros decidiram sentar no gramado, impedindo que o jogo prosseguisse. Eram tempos de futebol semi-amador e de baixa visibilidade em termos de exposição jornalística.

Ainda assim, a vergonha até hoje é lembrada com evidente satisfação pela torcida botafoguense, com direito a tirar onda como chororô rubro-negro pela marcação do quinto gol da tarde, por Geninho.

À época, o Flamengo era bicampeão do Rio e tinha um grande time. Não esperava tomar de 5 a 2 para o Botafogo. O caso foi parar no tribunal da Federação Carioca e o Botafogo ficou com a vitória.