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Gerson Nogueira analisa o Re-Pa: 'Vitória de quem errou menos'

Mário Sérgio foi decisivo no acesso bicolor. Foto: Mauro Ângelo/Diário do Pará
Mário Sérgio foi decisivo no acesso bicolor. Foto: Mauro Ângelo/Diário do Pará

O PSC foi aguerrido, soube conter o ímpeto inicial do adversário e chegou ao gol através de um pênalti inexistente – o Remo também teria um penal fantasioso em seu favor. O lance, aos 34 minutos, foi o primeiro ataque da equipe de Hélio dos Anjos no jogo, o que dá bem a medida de seu encolhimento ao longo do 1º tempo. Apesar dos muitos erros, alguns do próprio técnico, a vitória sorriu para o Papão, que chega à 10ª posição.

Justiça em futebol é item inexistente e irrelevante. O Remo começou melhor, arriscando mais e buscando o ataque, aparentemente tentando resolver o jogo nos primeiros minutos. Algo surpreendente, visto que Ricardo Catalá lançou um meio-campo lento e pouco criativo, com Claudinei, Marcelo e Rodriguinho. No 2º tempo, o Leão foi superior e botou pressão até o fim, mas a zaga bicolor foi bem e o goleiro Matheus Nogueira, não por acaso escolhido o melhor em campo.

Apesar dessa limitação natural, o Remo ocupou com mais consistência os espaços e teve ímpeto para ir à frente, embora se atrapalhando nos erros de passe. Algumas tomadas de decisão, principalmente do lateral Lucas Marques, também atrapalhavam, mas os homens de frente – Elton, Muriqui e Pedro Vítor – tiveram aproximação e chances para finalizar.

Já o PSC se mantinha atrás, pouco agressivo e dependendo muito de uma meia-cancha com um a menos. Robinho voltou a ser peça nula e João Vieira se desdobrava para fazer o time sair do campo defensivo, mas a lentidão prevalecia.

Na frente, as bolas chegavam com extrema dificuldade a Nicolas Careca e Mário Sérgio. Vinícius Leite apareceu no lance do penal. Sofreu um leve toque de Claudinei e desabou. O árbitro foi no embalo e assinalou a infração.

Mário Sérgio cobrou e abriu o placar. Abalado, o Remo saiu jogando de maneira atabalhoada e quase entregou a rapadura no minuto seguinte. Nicolas Careca quase fez o segundo, a defesa afastou e no rebote o PSC teve nova oportunidade de ampliar.

Depois do intervalo, como era de prever, Catalá mexeu na equipe, substituindo Marcelo e Rodriguinho. Com isso, lançou o Remo todo ao ataque, abrindo deliberadamente o meio e a defesa. Terminou com cinco atacantes – Vítor Leque, Fabinho, Elton e Ronald.

Aos 8 minutos, um lance de bate-rebate na área, resultou em pênalti marcado sobre Elton. Outra interpretação equivocada do árbitro, pois a falta não existiu. Muriqui cobrou, “telegrafando” onde iria mandar a bola e Matheus saltou no canto certo, evitando o gol.

Foi possivelmente a bola do jogo para o Remo, que, no caso de empate, partiria em busca da vitória, até pela formação que teve na etapa final. O volume imposto à partida também foi superior, que parecia excessivamente preocupado em segurar o placar. Sem Pedro Vitor, lesionado, o Remo passou a depender das subidas de Evandro pela esquerda. E o lateral foi novamente um dos melhores do time.

A partir dos 15 minutos, o Remo partiu para tentar o empate de qualquer maneira, com os problemas que esse tipo de estratégia carrega. Ronald, que demorou a entrar, partiu para as jogadas pelos lados e Richard Franco tomou conta da saída de bola, com bom desempenho.

Pablo Roberto teve duas boas chances, a melhor delas quando teve a bola nos pés e poderia encobrir o goleiro, que saiu do gol para cortar o lance. O meia, porém, mandou pela linha de fundo. Do lado bicolor, em jogada quase parecida, Mário Sérgio também desperdiçou.

O clássico terminou em ritmo eletrizante, mas não o suficiente para apagar a impressão de um confronto entre equipes limitadas, com problemas que começam no comando e se estendem à performance dos jogadores.

Um clássico rico em falhas de técnicos e jogadores

Hélio dos Anjos, invicto nos clássicos (11 jogos, 8 vitórias e 3 empates), comemorou intensamente o resultado na entrevista pós-jogo. Tem méritos e motivos para isso. O PSC atual é melhor do que o de três rodadas atrás. É mais confiante e organizado, mas segue com problemas. Ele e Ricardo Catalá cometeram deslizes que deixaram o jogo menos qualificado.

No Papão, espanta o posicionamento de Mário Sérgio, que fica a maior parte do jogo longe da área. Atacante de boa técnica e em fase positiva, ele não pode ser utilizado pelos lados. É um pecado que Marquinhos começou e Hélio tem mantido teimosamente.

Na meia-cancha, outra teimosia só encontra explicação pela pressão natural dos gastos com o jogador. Robinho, que passou por vários clubes da Série A, maior salário do PSC, cumpre tabela. Não corre, não marca, pouco participa das jogadas e deixa o time mais frágil no meio-campo.

Do lado remista, Catalá ficou quase 60 minutos com o improdutivo Marcelo em campo, contribuindo para as dificuldades de fluência e velocidade que o Remo tinha no meio. Claudinei jogou por ele e pelo companheiro. No banco, esquecidos, Richard Franco e Curuá.

Vitor Leque até entrou bem, jogando mais que os 25 minutos habituais, mas Ronald demorou a ser lançado. Muriqui, mesmo perdendo o penal, deveria ter sido preservado até o final, pois jogava bem.

Mestre Kfouri se rende à esplêndida campanha do Fogão

Sob o título “A fenomenal campanha do Botafogo”, Juca Kfouri escreve coluna tecendo loas à campanha botafoguense na Série A. “Jamais, em 15 rodadas, na história do Campeonato Brasileiro, um time atingiu 39 pontos como o Botafogo, aproveitamento de espantosos 86%. Se o Glorioso fizer os mesmos 39 pontos, não em 15, mas nas 23 rodadas restantes, vai fazer 78 pontos, o que praticamente garante o título”.

É mais um nome de respeito e credibilidade, conseguindo enxergar o que os céticos ainda sustentam que é pura sorte ou mero acaso.