Papão fica a um passo do título
A vantagem de 2 a 0, construída pelo PSC ontem, no primeiro clássico da decisão do Campeonato Paraense, deixa a disputa em aberto para o segundo confronto, domingo que vem. Em termos realistas, levando em conta o placar estabelecido e o equilíbrio que habitualmente prevalece em Re-Pa, o título está muito próximo dos bicolores.
Para reverter, o Remo precisará vencer por três gols de diferença, placar que há 11 anos não favorece os azulinos. O time de Gustavo Morínigo terá que fazer um jogo ofensivo e de superação, não podendo correr o risco de sofrer gols. Em suma, é possível, mas pouco provável.
Na tarde ensolarada de domingo, o PSC começou melhor e terminou absolutamente dominante. Dominou as ações e correu poucos riscos ao longo do confronto. O Remo pouco chutou a gol e, quando o fez, não levou perigo.
Ao contrário da partida de quarta-feira, válida pela Copa Verde, quando Morínigo aplicou um nó tático em Hélio dos Anjos nos primeiros 45 minutos, desta vez a partida não apresentou surpresas na distribuição das equipes. Escaldado pelo sufoco sofrido no jogo anterior, o Papão foi mais articulado e marcou melhor, principalmente pelos lados.
Com Edilson e Jean Dias na direita e Bryan Borges e Edinho na esquerda, Hélio deixou o meio mais livre para as manobras de João Vieira, Leandro Vilela e Robinho, sendo que este procurava cair pelo lado esquerdo para tabelas com Jean e Nicolas.
Essa configuração dava volume aos avanços do PSC sobre a defensiva remista. A primeira chegada, porém, foi do Remo. Paulinho Curuá tocou para Sillas, que lançou Thalys e este bateu por cima.
O PSC seguiu cercando a área, insistindo na troca de passes à espera de uma brecha para infiltrações. A bola aérea era o recurso mais utilizado, como é próprio do esquema de Hélio dos Anjos. Nicolas tentou duas vezes, mas a melhor oportunidade coube a Wanderson, que escorou à direita de Marcelo Rangel uma cobrança caprichada de Robinho.
Quando Nathan errou no domínio e entregou a bola para Edinho, aos 17 minutos, o primeiro grande momento do jogo se desenhou. O ponta foi à linha de fundo, cruzou e Jean Dias aproveitou quase na pequena área. Note-se que Jean saiu de sua posição na esquerda para ir ao centro finalizar.
O PSC continuou melhor depois do gol, mas segurou o ímpeto. Quase ao final, Nathan avançou pela esquerda e bateu em direção ao gol, mas Matheus Nogueira defendeu sem problemas.
Logo no começo da etapa final, o Remo ficou inferiorizado: Nathan, que já tinha o amarelo, cometeu falta sobre Edinho e foi expulso. Aliás, ninguém entendeu porque o técnico Gustavo Morínigo não tirou o lateral no intervalo, visto que havia falhado no gol e estava pendurado.
O Leão passou a se encolher, esperando o momento de explorar o contragolpe, mas o PSC não repetiu os erros do primeiro clássico e se fechava bem, com João Vieira fazendo o papel de terceiro zagueiro adiantado, posicionando-se de forma a evitar surpresas.
Kelvin teve uma boa chance, mas mandou para fora. Quando o time parecia disposto a uma última investida pelo empate, Paulinho Curuá foi expulso após entrada dura em Biel, revisada pelo VAR.
Aos 47 minutos, com a defesa aberta, Biel chutou forte, Marcelo Rangel defendeu parcialmente e Esli Garcia tocou para as redes.
Em seguida, veio o sururu generalizado, envolvendo mais de 10 jogadores. Tudo porque o árbitro não deu falta de Leandro Vilela sobre Raimar, provocando a revolta dos remistas e o início da briga. Avisado pelo VAR, o confuso apitador expulsou Vilela, mas não puniu nenhum dos brigões.
No instante final, ele também deixou de marcar uma falta de Wanderson em Ícaro quase na linha da grande área. O jogo terminou sob clima de
Célebre pelas trapalhadas, Braulio estragou o jogo
Muito conhecido pelas polêmicas que marcam sua carreira, Braulio Machado (SC-Fifa) deu todas as demonstrações de que não é mal avaliado por acaso. Parecia distraído, ausente de tudo e pouco atento às faltas que aconteciam à sua frente.
Sempre próximo aos lances, errava de forma primária na avaliação dos lances. Deixou passar pontapés e entradas violentas, dentro do velho estilo da arbitragem da Libertadores, deixando o jogo rolar. O problema é que as faltas devem ser marcadas e punidas.
Poderia ter expulsado João Vieira, que cometeu duas infrações pesadas. Como também podia ter mandado Nathan embora mais cedo, também por falta grave. O pior, porém, estava reservado para o final. Não deu o segundo cartão para Paulinho Curuá, embora estivesse bem perto. Foi preciso o VAR avisá-lo.
Depois, Bráulio não puniu o carrinho de Leandro Vilela, acabando por provocar briga feia entre os jogadores dos dois lados. Só puniu o volante depois que foi chamado pelo VAR. No último minuto, ignorou falta de Wanderson sobre Ícaro.
Arbitragens atrapalhadas e erráticas como a de ontem irritam os jogadores, prejudicam o jogo e frustram o torcedor.
Fantasma da violência volta a assombrar o clássico
O Re-Pa é a maior festa esportiva do Pará e, pela importância que tem, merece ser preservado e protegido. O que ocorreu ontem, após o jogo, mostra que continuamos falhos no esforço de evolução do futebol paraense. Segurança é um item fundamental no processo, exigindo um esforço de conscientização das torcidas.
Um torcedor foi morto a tiros no estacionamento do estádio. O controle do uso de armas deve ser repensado e reforçado. É inadmissível que alguém vá a uma partida de futebol portando armamento. É um local de celebração, jamais de agressão e morte. É preciso encontrar meios de frear essa irracionalidades.