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Gerson Nogueira analisa novo esquema do Remo: 'Sistema que traz esperança'

Foto: Samara Miranda/Ascom Remo
Foto: Samara Miranda/Ascom Remo

Um sistema que traz esperança

O crescimento do Remo na Série C deve-se, em boa medida, à mudança no sistema de jogo. Depois de iniciar com um 4-3-3 enganoso com Ricardo Catalá e passar para um 4-3-2-1 confuso com Gustavo Morínigo, o time finalmente ganhou feições objetivas e adaptadas às características dos jogadores. Como o elenco é limitado, escolhas corretas são fundamentais.

Durante um certo tempo, o maior problema do Remo era a escalação inadequada de jogadores. Isso inclui as três fatídicas rodadas perdidas no começo da competição, responsáveis pelo prejuízo que o time acumula até agora em relação aos adversários.

Destaque desde os primeiros jogos, o meia-atacante Jaderson se constitui no principal acerto da extensa lista de atletas contratados para a Série C. Cotado inicialmente para ser um atacante de lado, ele aos poucos foi ganhando espaço – e funções – sob o comando de Catalá.

Algo raro no Remo atual, Jaderson atuou bem em todas as posições para as quais foi designado. Até como lateral esquerdo ele se saiu bem, mas ganhou definitivamente o respeito da torcida com as atuações no meio-de-campo, como volante ou como meia-armador.

A dedicação, a boa técnica e a disciplina tática foram pontos determinantes para que se atribua a ele a condição de melhor jogador do Remo na temporada. O começo foi um pouco tumultuado por lesões que atrapalharam a sua efetivação.

Desde que se recuperou plenamente, Jaderson subiu de cotação, a ponto de despertar a cobiça de outros clubes, até de Série B. Comprometido com o Remo, o jovem meia-atacante tem hoje importância capital na organização do time, que há três rodadas utiliza um sistema inteiramente novo.

A adoção do esquema com três zagueiros impõe responsabilidades que se estendem por todo o time. Além da necessidade de aproximação constante entre a última linha de defesa e o meio, há a obrigatoriedade de um funcionamento eficiente das alas.

Em função da movimentação que Jaderson dá ao time, com saídas rápidas, lançamentos e inversões, os alas Diogo Batista e Raimar assumiram papéis decisivos sob o comando do técnico Rodrigo Santana.

Um exemplo disso é que o ala esquerdo Raimar chegou a frequentar lista de dispensas no clube, ao lado de jogadores que realmente eram descartáveis, como Renato Alves e Nathan.

É justo reconhecer que, mesmo quando o time vivia seu pior momento, entre o Campeonato Paraense e a fase inicial da Série C, Jaderson já era indiscutivelmente a melhor peça do time, com desempenho individual tão satisfatório quanto sua entrega ao esforço coletivo.

Após fazer 26 jogos, Jaderson tem quatro gols marcados, mesmo não tendo a obrigação de pisar na área. Em alguns jogos, ele se tornou arco e flecha. É o caso do confronto com o Sampaio Corrêa, quando deu assistência primorosa para o gol de Raimar e foi o autor da finalização no lance do segundo gol. É um dos poucos titulares absolutos no Leão atual.

 

O surpreendente ressurgimento de Jean Dias

Há algumas histórias envolvendo atletas que misturam mistérios e reviravoltas impressionantes, dentro de uma competição apenas. É o que se verifica com Jean Dias, ponta que brilhou no PSC durante o Parazão e a Copa Verde, mas que repentinamente caiu em desgraça e perdeu vez no time titular na disputa da Série B.

Sumido da relação de atletas nos últimos cinco jogos do Papão, Jean Dias só era lembrado pela participação nos treinos. Nenhuma explicação sobre o que de fato acontecia com o jogador. Do mesmo jeito como a ausência não foi explicada, a volta também dispensou informações.

Logo ficou patente que o retorno de Jean Dias contra o Ituano foi a melhor notícia para o Papão nas últimas semanas. Além de um golaço que abriu a goleada em Itu, Jean fez o cruzamento para o segundo gol e o passe magistral para Esli García fazer o quarto.

Uma atuação tão caprichada, absolutamente sem retoques, com envolvimento e ousadia, levanta questionamentos sobre os humores dos técnicos em relação a determinados atletas. Fica claro que problemas menores de vestiário devem ser contornados com sabedoria e habilidade, em nome do bem maior, que é o êxito do time.

 

Em má fase, Vasco encaminha dispensa de técnico português

Qualquer observador mais atento percebe que o problema do Vasco não está no comando técnico. Ramón Díaz, que foi afastado ainda no início do Brasileiro, não era o maior responsável pela fase pavorosa do time. O português Álvaro Pacheco, contratado há duas semanas, é menos culpado ainda.

Espantosamente, a diretoria do clube já estuda a demissão do treinador após três derrotas, como forma de dar uma resposta à torcida e, ao mesmo tempo, se esquivar das responsabilidades pelo fracasso do projeto.

Em meio aos tropeços do time em campo, o clube vive um clima de insegurança com a batalha judicial envolvendo a SAF da 777. A diretoria tem o ex-jogador Pedrinho como presidente, mas por ora pouco tem sido mostrado em termos de ações práticas.

O Vasco montou um elenco repleto de erros e apostas desastradas. Salvam-se apenas o francês Payet e o argentino Vegetti. Sem a contratação de reforços não há muito a fazer no sentido de salvar o time. Como é costumeiro no futebol brasileiro, a saída mais barata e prática é despachar o técnico, já que não é possível demitir todo o elenco.