A prioridade máxima do Leão
Uma coincidência importante vai marcar 2024 na vida do Remo: o início de uma nova gestão e a necessidade premente de conquistar o acesso à Série B. Ninguém dentro do clube tem dúvida de que a prioridade máxima para a próxima temporada é voltar à Segunda Divisão. O time até conseguiu o feito em 2021, mas caiu no mesmo ano.
A queda é um dos pontos mais criticados da administração de Fábio Bentes, que está terminando mandato agora em novembro. Seu sucessor, seja de oposição ou situação, terá que abraçar de imediato a causa mais cara ao torcedor, depois que o maior rival obteve o passaporte para a Série B.
A partir de agora, a poucos dias da eleição (marcada para o dia 12 de novembro), os candidatos devem enfatizar suas propostas com um espaço maior para a busca do acesso. É claro que os planos incluem o fortalecimento da base, melhorias na estrutura do CT de Outeiro e acenos para os associados, mas a Série B é a principal obsessão.
Para isso, é obrigatório montar um grande elenco, capaz de brigar pelos primeiros lugares na Série C. Neste ano, com alto investimento, o time até chegou perto de classificar para o quadrangular, mas pagou um preço e tanto pelo mau começo de campanha, quando desperdiçou quatro rodadas sob o comando de Marcelo Cabo.
Desta vez, a gestão tem que se preocupar com a condução do departamento de futebol. Erros primários, como a contratação de jogador que nem sequer entrou em campo, não podem mais se repetir. Os critérios de contratação precisam mudar radicalmente. Esquecer jogadores formados na base é outro pecado imperdoável.
Antes de apressar a busca por reforços, o novo presidente terá que se cercar de auxiliares capazes, gente com experiência profissional para discutir e opinar sobre contratações com o executivo e a comissão técnica.
Um acordo informal entre os candidatos dá a opção de recontratar o técnico Ricardo Catalá, cujo trabalho na Série C foi bem avaliado. É um nome quase de consenso, embora outras alternativas possam ser analisadas.
O certo é que, quanto mais cedo a gestão começar a trabalhar, melhor para o futebol, setor fundamental num clube popular e por isso mesmo alvo direto dos acertos e erros da diretoria.
Sem Neymar, Diniz tem a chance da reinvenção
Neymar saiu contundido no 1º tempo do jogo contra o Uruguai, terça-feira à noite, em Montevidéu. Horas depois, os médicos confirmaram a gravidade da lesão. Ele terá que ficar longe dos gramados até a metade do próximo ano. Será um desafio para a nova Seleção Brasileira, de Fernando Diniz.
Ao mesmo tempo, a perda de seu jogador mais importante concede ao técnico interino a oportunidade de remodelar o time, buscar alternativas e até mesmo encontrar uma nova referência em campo.
É natural que a presença de Neymar torne mais difícil qualquer mudança de ordem tática e até mesmo de aproveitamento de novas peças. Depois de quatro rodadas das Eliminatórias Sul-Americanas, Diniz ainda não conseguiu impor sua marca.
O time segue jogando mais ou menos como nos tempos de Tite, no que isso tinha de pior. Sem personalidade, pouco afeito à troca de passes e excessivamente dependente de seus astros. Para azar do interino, os craques da equipe não conseguem acertar o pé.
Poucas vezes na história recente do futebol brasileiro foi possível uma Seleção tão desconjuntada e inofensiva, refém dos mais feios hábitos de times retranqueiros. A coisa é tão preocupante que, depois do jogo, Diniz teve a pachorra de falar em “saber sofrer”.
Inimaginável em outros tempos ver um técnico de Seleção Brasileira falando em retranca e sofrimento, principalmente depois de jogar contra um renovado time do Uruguai. A história do país pentacampeão do mundo não comporta medo ou hesitação, jogando dentro ou fora de casa.
O Brasil é admirado e até hoje temido no mundo justamente pelo desassombro. Mesmo quando os times não eram brilhantes, a tradição ofensiva se impôs. Em Montevidéu, anteontem, a mística foi desrespeitada. Agora, sem Neymar, Diniz tem mais uma chance de entender o que a Seleção representa.
Série B 2024 pode ter a presença de pesos pesados
Entre os rebaixados da Série A para a Série B estarão quase certamente Coritiba e América-MG, últimos colocados na classificação. Mas é possível que os outros rebaixados podem ser grandes clubes do futebol nacional. Vasco, Santos e Goiás têm 30 pontos e estão muito ameaçados. Com 31 pontos, aparecem Corinthians, Cruzeiro e Bahia. Logo à frente, com 32, está o Internacional. O São Paulo tem 35 pontos.
A luta é renhida, envolve times poderosos e tradicionais, que buscam a todo custo reagir a 11 rodadas do final do campeonato. Vasco, Bahia e Santos são os que mostram mais disposição e qualidade para resistir. O complicador da história é o Cuiabá, que cumpre trajetória surpreendente e com isso empurra um grande para a zona da confusão.
De qualquer maneira, são expressivas as possibilidades de uma Série B em 2024 com times medalhados, o que sempre é ruim para os chamados azarões – entre os quais estará o PSC.
No sentido oposto, alguns times de tradição irão permanecer. Criciúma, Vila Nova-GO, Ceará, CRB, Ponte Preta, Ituano e Botafogo-PB estão mais para o bloco dos que ficam do que da barca que avança. Todos têm longo tempo de participação na Segunda Divisão e ajudam a tornar a competição ainda mais acirrada.