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Gerson Nogueira: 'A hora e a vez dos masters'

Muriqui não renovou com o Remo. Foto: Samara Miranda/Ascom Remo
Muriqui não renovou com o Remo. Foto: Samara Miranda/Ascom Remo

‘A hora e a vez dos masters

Os veteranos podem estar em baixa na Primeira Divisão e no futebol internacional, mas no Pará, que aprecia lançar modas, há espaço de sobra para a categoria sub-40. PSC e Remo têm feito um esforço descomunal para abrir o mercado de trabalho para atletas mais experientes.

Na contramão do que ocorre no futebol e na maioria dos esportes, onde a juventude tem prioridade absoluta, o Pará tem ido buscar ‘reforços’ cada vez mais rodados. Pode até ser uma vantagem, em determinadas circunstâncias, pois acrescenta conhecimento e rodagem aos times.

De maneira geral, porém, a tendência consagrada nesta temporada é um atestado da crise técnica (e de planejamento) vivida pelos nossos clubes. Não deixa também de significar um retrocesso, se compararmos com o que a dupla Re-Pa costumava fazer até o começo da década de 2000.

Naqueles tempos, o investimento era em jogadores regionais, quase todos abaixo da faixa dos 30 anos e com potencial para de fato reforçar as equipes. Quando saíam para contratar jogadores em outros Estados, os clubes não embarcavam nas armadilhas de empresários espertos.

Quando ocorriam aquelas contratações de baciada, como quando o saudoso Tata trouxe um time inteiro do Santo André para o PSC, era um acontecimento que suscitava críticas generalizadas. Exceções de um tempo que a política de contratações que se pautava por interesses bem diferentes.

Não se pode afirmar que a onda retrô seja o único fator determinante para as campanhas pífias que a dupla Re-Pa mostrou nas 13 primeiras rodadas da Série C – a 14ª já colocou o PSC na zona de classificação, posição mais digna diante dos investimentos do clube.

Sem criatividade para prospectar jogadores com a qualidade e o custo adequado para seus clubes, as diretorias terminam por ceder a qualquer oferta, sujeitando-se a contratações que outros clubes já não arriscam fazer. Desse modo, aporta por aqui uma legião de masters, a maioria já sem condições físicas de aguentar 90 minutos em campo.

Elton, Diego Ivo, Marcelo, Muriqui, Claudinei e Rodriguinho são alguns dos que integram a velha guarda azulina. O Papão não fica muito atrás: Robinho, Paulão, Eltinho, Fernando Gabriel, Bileu e o recém-chegado Nino Paraíba. Alguns com salários muito acima da média da competição.

Óbvio que o rendimento não é igual ao de atletas mais jovens, nem poderia ser e nem se espera isso. Alguns desses jogadores têm um histórico de comprometimento e dedicação aos treinos, fato que atenua o peso da idade para um esporte de força e intensidade, principalmente na Série C.

Agrava a situação o fato de que os clubes são permissivos com os treinadores, aceitando que priorizem veteranos em detrimento de garotos que poderiam suprir carências técnicas nas equipes, com a vantagem da contribuição mais efetiva, quanto às exigências físicas de um jogo.

Dentre as mudanças que o futebol deve sofrer nos próximos anos esta é uma das mais urgentes. Os maus resultados desta temporada impõem a necessidade de investimento nas novas gerações

 

Andrade, da base do Papão para o sucesso na Bahia

Por falar em valores da terra, o jogo Vitória x Chapecoense pela Série B mostrou ontem à noite o carinho e o respeito da torcida por Rodrigo Andrade, volante revelado nas divisões de base do Papão. Depois de um período no Guarani, Rodrigo retornou ao rubro-negro baiano no ano passado e a renovação de seu contrato tornou-se um assunto que mexeu com os torcedores.

Tudo, obviamente, em função do futebol de grande regularidade e eficiência, além da combatividade que demonstra sempre em qualquer jogo. Entrou no intervalo da partida de ontem, já com a braçadeira de capitão, e foi saudado pela galera. Prova insofismável de que o Pará, apesar das dificuldades e teimosias históricas, sempre revela bons jogadores.

Com Rodrigo, o Vitória derrotou a Chape por 1 a 0 (Léo Gamalho) e conquistou o simbólico título de campeão do 1º turno da Série B.

 

Brasil na Copa: estreia melhor que a encomenda

Ary Borges foi o grande nome da seleção. Foto: Thais Magalhães/CBF

A Seleção Brasileira feminina abriu sua participação na Copa do Mundo, ontem, com uma goleada irretocável sobre o Panamá. O time merece elogios não apenas pela beleza plástica dos gols e dos lances de aproximação, mas pela segurança no controle da partida.

O jogo bem coordenado a partir do meio-campo deu ao Brasil total predomínio em campo. Mesmo levando em conta que o Panamá é uma equipe debutante em Copas do Mundo e não está nas primeiras prateleiras da modalidade, a atuação foi de alto nível.

Jogadoras mais jovens, como Ari Borges e Tamires, apareceram com destaque pela movimentação em campo e a frieza na definição de jogadas, como se fossem veteranas. Essa desenvoltura faz crer que a Seleção não irá sentir tanto a ausência de Marta nos momentos decisivos.

A estrela da companhia entrou no segundo tempo, no lugar de Borges, e fez algumas boas jogadas e lançamentos, mas é cada vez mais evidente que a Seleção hoje está nas mãos de uma novíssima safra de atletas.