Bola

Gerson Nogueira: 'A dura missão do interino'

Foto: Samara Miranda (Clube do Remo) .
Foto: Samara Miranda (Clube do Remo) .

Quase ninguém havia ouvido falar sobre Fábio Cortez até que ele foi anunciado como o comandante (interino) do Remo para o jogo de amanhã contra o Águia, na decisão do Campeonato Paraense. Sem técnico desde que Marcelo Cabo foi demitido, na segunda-feira (22), o Leão terá que conviver com os reflexos da falta de planejamento adequado.

Com um título estadual em disputa, a opção de ficar sem técnico foi a mais desastrosa possível por parte da diretoria do Remo, célebre pelas dificuldades quanto ao tempo certo para contratar ou demitir. O bom senso diz que Marcelo Cabo deveria ter saído dois jogos antes, depois da vexatória derrota para o Amazonas no Baenão.

Diante da emergência, caiu no colo de Cortez a missão de dirigir o time azulino contra o Águia. Um tremendo abacaxi em qualquer circunstância, mas, como é uma partida final, a encrenca redobra de tamanho. Pior ainda porque o legado de Cabo é um Remo desarvorado, que não sabe para onde ir quando tem a bola e que se apequena quando está sem ela.

Cortez terá que ser a antítese de Cabo, corrigindo falhas que o time repete exaustivamente desde a estreia na Série C. A principal delas é a passividade diante da pressão que todos os adversários impõem dentro ou fora de Belém. Foi dessa forma que todos conseguiram derrotar o Leão.

O interino terá ainda que injetar ânimo, alma e sangue num grupo de jogadores que parece exageradamente desgastado, tanto física quanto mentalmente. Será necessário extirpar a terrível mania de ficar tocando bola para os lados, como se o campo estivesse invertido.

De tanto ver o Remo jogar horizontalmente fica-se com a impressão de que a ideia é correr para não chegar, cultuando o devagar, devagarinho como estratégia. O fato é que a equipe de Cabo não atacava e nem contra-atacava, salvo em raríssimas ocasiões.

Em cenários de desarrumação, a defesa é a principal vítima. Quando nada funciona no meio e na frente, a bomba estoura sempre na última linha. Diego Ivo e Ícaro, que jogaram contra Águia e São José, não podem fazer muita coisa se a bola volta a todo instante.

Ah, Cortez entra ainda com a incumbência adicional de fazer Pablo Roberto botar os pés no chão e entender que futebol não é firula. Caso consiga operar essa façanha, o Remo terá um meio-campista ágil e talentoso, sem preocupações individuais e focado no coletivo.

Quanto aos volantes, depende inteiramente de Uchoa porque não pode esperar muito de Claudinei, Bochecha ou Galdezani. No ataque, Muriqui só joga se a bola chegar. Pedro Vítor, bem, aí é caso perdido, mas Jean Silva pode voltar a jogar em bom nível. Ronald deve ter chances, desde que jogue mais do que os 10 minutos que Cabo lhe concedia.

Papão conquista um 3º lugar importante e valioso

O Papão venceu o Cametá e conquistou o tão sonhado terceiro lugar do Campeonato Paraense de 2023. Não é nada, não é nada, mas estava em jogo uma vaga na Copa do Brasil 2024. Nem esse detalhe impediu que a partida fosse uma das piores da competição.

Um futebol tedioso, de poucas chances de gol, erros de parte a parte e desânimo quase geral dentro e fora do gramado. Em torno da Curuzu, muito tumulto e pancadaria entre seguranças e torcedores que protestavam contra a gestão caótica do clube neste começo de temporada.

As faixas expunham o tamanho da mágoa do torcedor com a pífia campanha no Parazão, e por isso eram violentamente arrancadas pelos seguranças do clube. “Diretoria fraca, elenco de várzea”, dizia a mais amena de todas.

Em campo, um jogo mascado e feio, com chutões determinando as iniciativas. Aos trancos e barrancos, o PSC marcou no final do primeiro tempo, com Dalberto, assim meio sem querer. A bola veio de um escanteio, o goleiro saiu errado e a bola bateu na perna do atacante.

O Cametá, mesmo aguerrido, pouco ameaçou. Corria muito, mas não chegava. Na etapa final, o PSC continuou com problemas na transição, mas teve uma boa chance logo de cara, com Fernando Gabriel. Em seguida, Bruno Alves sofreu pênalti. Ele mesmo cobrou e fez 2 a 0.

Depois disso, um festival de bolas mal distribuídas. Bruno Alves ainda mandou uma bola no travessão. E o jogo terminou assim, sem novidades, mas com o resultado buscado pelos bicolores: o 3º lugar significa a chance de uma boa receita na disputa da Copa do Brasil.

Mas o torcedor não esqueceu o que o time fez no inverno passado. A eliminação da final do Parazão segue atravessada na garganta.

Sobre a máfia da manipulação de apostas

“Os envolvidos, direta ou indiretamente em esquema de apostas esportivas devem ser presos e banidos do futebol, considerando a prática de manipulação em forma de associação criminosa referente a de resultados de jogos independentes das séries em disputa dos certames nacionais, incluindo os de natureza regional. O crime praticado reprimido na esfera penal se agasalha no artigo 288 do CP, antes tratado como formação de quadrilha, contudo, a partir do advento da lei 12.850/2013 passou a ser denominado como associação criminosa, prevendo a pena reclusiva de 1 a 3 anos de reclusão. Vislumbra-se, também flagrante violação ao que estabelece o artigo 41-C do Estatuto do Torcedor, que reprime a conduta de solicitar ou aceitar, para si ou para outrem qualquer tipo de vantagem, patrimonial ou não, para qualquer ato ou omissão que tenha como objetivo alterar ou falsear o resultado de uma competição esportiva. Sob essa ótica a pena prevista é de 2 a 6 seis anos de reclusão, além de multa correspondente, identifica sanção prevista para o delito do artigo 41-D do mesmo diploma legal, atribuído na denúncia aos apostadores que deram ou prometeram vantagens aos atletas para manipular resultados. A pena agrava-se sobremaneira caso o apostador ou jogador seja condenado por mais de um ato de manipulação”.

Armando Mourão, delegado de polícia, desportista e escritor