A campanha que o Remo faz desde a chegada do técnico Ricardo Catalá, com 13 pontos ganhos em sete jogos e 66% de aproveitamento, equipara-se à do campeão do ano passado, o Mirassol – que era dirigido pelo atual comandante azulino. O time está invicto desde a quinta rodada. Seguramente estaria melhor posicionado se não tivesse jogado fora as quatro primeiras partidas, ainda com Marcelo Cabo.
O próximo adversário do Remo é o Operário-PR, nesta segunda-feira (10), às 20h30, no estádio Baenão. Um confronto decisivo para as aspirações azulinas de brigar pela classificação. O problema é que, apesar da excelente trajetória sob o comando de Catalá, a equipe ainda não conseguiu entrar no G8.
Com apenas dois gols sofridos em sete rodadas, o sistema defensivo do Leão é um dos melhores da competição, apesar das várias mudanças que Catalá foi obrigado a fazer, em função de contusões e cartões. A torcida sempre desconfiou do duo central – Diego Ivo e Diego Guerra –, mas o desempenho de ambos tem sido satisfatório.
O que não vem funcionando a contento é a pontaria da equipe. Nos jogos diante de Figueirense e Floresta, foram criadas pelo menos oito grandes oportunidades de gol, mas o time só conseguiu balançar as redes uma única vez. Foi contra o time catarinense, no Mangueirão, ocasião em que a arbitragem anulou erradamente um gol de Diego Ivo.
Contra o Floresta, em Fortaleza, o Remo mandou três bolas na trave – duas com Fabinho – e não conseguiu marcar. Perdeu um gol do tipo inacreditável, quando o meia Marcelo teve a bola à sua frente na linha do gol e acabou não conseguindo chutar.
Para Catalá, a receita não mudou. O Remo faz uma campanha de recuperação e precisa acumular pontos. Mesmo quando o resultado foge aos planos, ele faz questão de valorizar a consistência tática e o modelo praticado, que se estrutura no 4-1-4-1 com variações para o 4-4-2 e o 4-4-3.
O desafio de superar o Operário, terceiro colocado (19 pontos) e dono da melhor defesa (6 gols) da competição, vai exigir algumas adaptações na linha ofensiva. Sem poder contar com Pedro Vitor, seu principal atacante, o Remo terá Muriqui e Fabinho na frente.
Com essa formação, cresce a importância das jogadas de lado. Na direita, Lucas Marques deve atuar como um ala ofensivo, auxiliado provavelmente por Richard Franco, que volta a ter chance como titular. Pelo corredor esquerdo, o recém-contratado Evandro pode estrear. Kevin é a outra opção.
O certo é que, com dois ou três atacantes de ofício, o Remo não pode mais correr o risco de tropeçar em casa, como ocorreu contra Botafogo-PB, Amazonas, América-RN e Figueirense. Um erro, por mínimo que seja, pode comprometer ainda mais a difícil caminhada até o G8.
Além de Pedro Vitor, o Remo não terá o capitão Vinícius, suspenso pelo terceiro amarelo. Zé Carlos entra no gol, mas os problemas envolvem principalmente a funcionalidade do meio-de-campo, onde Pablo Roberto reaparece. Criatividade e ocupação de espaços podem decidir a parada contra um adversário que pode (e vai) jogar inteiramente fechado.
Bola na Torre
Guilherme Guerreiro apresenta o programa, a partir das 22h30, na RBATV, com participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em análise, as campanhas dos times paraenses nas Séries C e D. A edição é de Lourdes Cezar.
Futebol como campo de guerra e ódio sem limites
Os incidentes violentos envolvendo um grupo de torcedores e o atacante corintiano Luan reacenderam o alerta sobre os rumos brutos que o futebol está tomando no Brasil. Há algum tempo que as atenções estão focadas exclusivamente no que ocorre dentro das quatro linhas. Facções organizadas agem antes, durante e depois dos jogos, sem freio.
Não basta ao atleta profissional cuidar de suas responsabilidades com o clube empregador. Agora, é necessário que tenha vida de monge ou eunuco. Farras, passeios ou idas ao motel podem representar risco à integridade física. Agredido pelos baderneiros, que se identificaram como sendo da organizada Gaviões da Fiel, Luan levou um mata-leão e ficou ferido, mas o ataque podia ter terminado de forma trágica.
A emboscada sofrida por ele dentro de um motel da capital paulista revela requintes de uma ação violenta cuidadosamente levada a cabo. A polícia investiga o caso, mas ainda não chegou a nenhum dos agressores. Talvez fosse interessante lançar um olhar sobre figuras ligadas ao próprio clube, a essa altura a parte mais interessada em se livrar de um jogador caro (R$ 800 mil mensais) e improdutivo.
Outro lusitano a caminho do líder Botafogo
Bruno Lage, técnico da mesma geração de Luís Castro, está praticamente acertado com o Botafogo. Vem assumir o time que lidera o Campeonato Brasileiro. Não é tarefa simples. Terá que manter o incrível desempenho apresentado sob a direção de Castro.
Lage fez fama ao conquistar o título português de 2018/2019 com o Benfica. Foi treinar o Wolverhampton, da Inglaterra, na última temporada, mas acabou demitido. Segundo a imprensa de Portugal, o estilo dele lembra o de Castro, principalmente quanto à obsessão pela posse de bola.
No Botafogo, ele vai precisar de muita firmeza para suportar a pressão normal num time que não conquista o título brasileiro desde 1995.