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Gerson Nogueira: 'A chance do recomeço'

Foto: Samara Miranda/Remo
Foto: Samara Miranda/Remo

A chance do recomeço

O Remo decepcionou sua torcida ao estrear com derrota para o São Bernardo, na quinta-feira, em São Paulo. Mais que o resultado, chamou atenção a atitude do time, lento e pouco agudo nas jogadas de ataque. Foi, de fato, uma apresentação muito abaixo das expectativas, sem a pegada que o Brasileiro da Série C exige.

Depois da empolgação pela performance diante do Cametá, na semifinal do Parazão, o torcedor passou a olhar novamente com desconfiança para o time de Marcelo Cabo. O Remo foi atropelado pelo São Bernardo nos primeiros minutos e sofreu gols no início de cada tempo.

Em função disso, cresce a sensação de que a equipe flerta muito com a instabilidade. A boa jornada no Parazão começou a dar lugar a resultados ruins contra equipes tecnicamente mais preparadas. Até mesmo no duelo com o rival PSC na Copa Verde, o time mostrou fragilidades defensivas.

As partidas com o Corinthians não deveriam entrar nesse pacote, em função do nível maior do adversário, mas o jogo da volta em São Paulo revelou um time pouco concentrado, permitindo um gol logo a um minuto, o que trouxe sérias consequências ao longo do confronto.

O embate com o Botafogo da Paraíba, hoje à noite, no estádio Jornalista Edgar Proença, se apresenta como excelente oportunidade para um recomeço dentro da Série C. Uma vitória pode recolocar o time nos eixos, afastando a má impressão deixada na estreia.

Para isso, o Remo precisa ter a mesma atitude vencedora mostrada contra Corinthians (no Mangueirão) e Cametá (no Baenão). Não cabe mais desenvolver um jogo cadenciado, excessivamente voltado para a troca de passes laterais. Objetividade foi o que faltou em São Bernardo do Campo.

De pouco adianta ficar valorizando posse de bola se os movimentos de campo são pouco efetivos e não visam prioritariamente o ataque. Os tempos de Paulo Bonamigo e Felipe Conceição voltaram a ser lembrados nos últimos dias, justamente por essa baixa contundência ofensiva.

A Série C exige entrega e transpiração, não perdoa times hesitantes e pouco aplicados na busca pela vitória. Depois de jogar com o Botafogo, o Remo terá o Amazonas pela frente, em Belém. Em duas partidas seguidas, o time pode deixar as últimas colocações e entrar no pelotão de cima.

O meio-campo, que funcionou mal na quinta-feira, terá que ser mais ágil e propositivo. É provável que Matheus Galdezani ceda lugar a Álvaro ou mesmo Gustavo Bochecha, que ainda não estreou. Jean Silva e Muriqui dependem da aproximação dos meio-campistas, principalmente Pablo Roberto, para que tenham utilidade na frente.

Meia-atacante desafia histórico ruim na Curuzu  

De maneira até surpreendente, a torcida do PSC se manifestou durante o jogo com a Aparecidense, pedindo a entrada de um jogador recém-chegado ao clube, o meia-atacante Juninho, ex-Tuna. Mais espantoso é ver apelos por um jogador nativo e ainda em formação.

Apesar de pouca experiência, Juninho mostra qualidades na condução da bola e na criação de jogadas. Fez isso em alguns jogos do Parazão, inclusive contra o PSC, o que explica a aprovação da torcida. A dúvida é se o novo técnico, Marquinhos Santos, vai de fato aproveitar o jogador.

Márcio Fernandes, o ex-técnico do time, cultivava o discurso de incentivo aos jogadores da base. Na prática, porém, sempre foi extremamente econômico nas chances concedidas aos jovens atletas.

No ano passado, mesmo em situações de aperto na Série C, Márcio deixou de lado os jogadores caseiros. Dioguinho, por exemplo, só foi lembrado na penúltima rodada, quando o PSC já não tinha chances.

Até mesmo o atacante Danrlei, que fazia muitos gols, só entrava por poucos minutos. Só jogou partidas inteiras no fim do campeonato.

Juninho não veio da base alviceleste – foi revelado na Desportiva –, mas é como se fosse. Jovem (24 anos) e sem padrinhos/empresários fortes, terá que jogar muito para superar toda a legião de jogadores importados.

Que a sorte de Juninho seja maior e ele consiga convencer Marquinhos da qualidade de seu futebol e da utilidade para o time do Papão. A conferir.

Bola na Torre

O programa deste domingo vai ao ar às 23h30, com apresentação de Giuseppe Tommaso e participações de Valmir Rodrigues e deste escriba de Baião. Em pauta, os jogos das Séries C e D e as projeções para a decisão do Campeonato Paraense. A edição é de Lourdes Cezar.

Proposta dos sonhos: substituições sem parar o jogo

Ao longo da semana, ressurgiu no noticiário esportivo a discussão sobre o tempo de bola em jogo no futebol brasileiro. Nem mesmo a norma da Fifa que impõe um tempo mais generoso de acréscimo, em vigência desde a última Copa, consegue que o tempo seja respeitado de fato.

Um fator agravou a situação: o volume de substituições, 10 por jogo desde a pandemia, contribui para que as equipes se refaçam fisicamente e alterem a forma de atuar, causando a quebra de ritmo dos jogos, com suas seis janelas de trocas.

Em alguns casos, as substituições buscam apenas conter o ímpeto do adversário ou esfriar o clima de uma partida acirrada. Um antigo estudo em análise na Fifa aponta para a possibilidade de trocas de atletas sem paralisação de jogo, como ocorre no basquete, por exemplo.

Como a Fifa costuma levar décadas discutindo propostas de mudança de regras – a última e mais importante foi a que restringiu o recuo de bola para os goleiros, há cerca de 30 anos – é de prever que as substituições com jogo correndo só venha a ocorrer, se ocorrer, daqui a uns 50 anos.