O volante Jaderson completa hoje uma semana internado desde que teve uma concussão cerebral com traumatismo craniano. O fato aconteceu após um choque de cabeça com o bicolor Joaquín Novillo, no primeiro Re-Pa decisivo do Campeonato Paraense. Ontem, o Clube do Remo e representantes do Hospital Porto Dias, onde o atleta está, concederam entrevista coletiva. O que ficou claro é que o jogador azulino não deve voltar aos gramados por pelo menos um mês desde o ocorrido.
O neurologista Amilton Araújo Jr concedeu entrevista junto aos médicos azulinos Antônio Jorge Ferreira da Silva Jr e Jean Klay Machado. Também estavam presentes o presidente Antônio Carlos Teixeira e o médico Ítalo Costa, responsável pela UTI do hospital. Amilton deixou claro que é preciso ter paciência e esperar o tempo que cada indivíduo tem para se recuperar, mesmo que seja um atleta de alto rendimento.
“Temos que estar preocupados primeiramente com a vida. A gente está num período ainda de instabilidade. Então, fica difícil a gente prever o que vai acontecer, quando ele vai retornar à sua atividade. Mas, esses atletas são diferentes de pessoas comuns”, disse. “Então, às vezes a gente pega um atleta que tem previsão de 90 dias de recuperação e em 30 dias já está bom. Mas, com o Jaderson, eu não acredito que com menos de 30 dias, a partir do início do trauma, ele possa retornar a fazer alguma atividade. Não estou falando de jogar, estou falando retornar a alguma atividade. No entanto, não posso estabelecer isso 100%”, completou Amilton Araújo Jr.
Médico crê em recuperação de Jaderson sem sequelas
Diretor do departamento médico do Leão Azul, o ortopedista Jean Klay também prega cautela, mas mostra otimismo com a situação. Em especial, pela recuperação que Jaderson vem tendo, que vem sendo progressiva e dentro do esperado, segundo os médicos, a ponto de acreditar que a recuperação será plena e sem sequelas. “A gente acredita muito que ele sairá muito bem nessa história toda. Sem sequelas, apenas com aprendizados muito grandes para todos nós, o que não vai interferir absolutamente em nada na carreira dele nos próximos meses. Sei que é precoce para falar, mas a gente acredita muito que vai ficar tudo bem, sem nenhum tipo de problema para poder voltar a praticar o esporte”.
Iniciativa local
O protocolo de concussão da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que é o mesmo da FIFA, estipula um mínimo de dez dias de afastamento de um jogador que utilizá-lo para sair de uma partida. Obviamente, a partir disso, os departamentos médicos dos clubes é que vão determinar quando ele poderá voltar aos treinamentos. A partir do momento que os médicos concluírem que o jogador já está apto, há de ser enviado um relatório ao Departamento Médico da FPF, que repassará para a confederação.
De acordo com Flávio Freire, diretor médico da FPF, a entidade estuda um jeito de reunir médicos e membros das comissões técnicas dos quatro clubes que disputam o Campeonato Brasileiro – Paysandu, Remo, Tuna Luso e Águia – para uma espécie de treinamento. A meta é um melhor entendimento do protocolo, inclusive das atitudes a serem tomadas nos dias de jogos e nos treinos. “O protocolo ainda é muito recente. Embora todos os clubes do Brasil já tenham recebido todos os documentos, é importante que haja esse melhor entendimento, inclusive na parte prática”, confirmou Freire.
Jean Klay comentou sobre essa possibilidade. Ele, inclusive, aponta que o grande legado dessa questão envolvendo Jaderson é a possibilidade de abordar um tema importante, como a concussão cerebral. “Conhecimento é algo que sempre tem que ser valorizado. Estamos tendo um holofote maior. Eu entendo que chegou a hora de a gente discutir de uma forma mais profunda e localmente. Isso já é muito discutido nacionalmente, mas localmente a gente precisa envolver mais colegas que atuam no futebol, para que a gente possa entregar cada vez mais segurança aos nossos atletas”.